Pesquisa e difusão de tecnologia na cultura da batata


 


Sidney Hideo Fujivara – Engenheiro Agrônomo
formado pela Universidade Federal de Viçosa (MG)
e-mail:
sfujivara@uol.com.br


 


 


Somos produtores de batata e cereais em Capão Bonito na região sudoeste de São Paulo. Eu e meu irmão Sergio, dedicamos uma atenção especial a esta atividade que os nossos pais iniciaram na década de 60. Nesta matéria, tentarei relatar alguns assuntos sobre o ponto de vista de um produtor que a todo o momento está em busca de novas tecnologias para conseguir melhorar a sua produtividade e qualidade para se manter competitivo na bataticultura.


É necessário maior investimento em pesquisas e desenvolvimento na cultura da batata. As pessoas envolvidas sabem das difi culdades que os pesquisadores passam para obter apoio e recursos para desenvolver trabalhos com a batata. Apesar de ser um número pequeno de profissionais com conhecimento em batata, estes têm demonstrado muito empenho e dedicação, embora com pouco apoio e reconhecimento.


Além de buscar mais recursos para pesquisa com batata, é necessário melhorar a integração entre os pesquisadores, produtores e as empresas envolvidas no setor.


Todos precisam trabalhar em sintonia.
Saber quais são os principais problemas que ocorrem no campo, para poder atender as necessidades do produtor. O produtor é carente de informações e de pesquisas com aplicabilidade prática com isenção de interesses comerciais.


Algumas pessoas podem achar que cada produtor tem que se virar para buscar as suas tecnologias e informações, mas a verdade é que na cultura da batata ainda prevalece como maioria, produtores de pequeno e médio porte que necessitam de apoio e informações técnicas para conduzir a sua atividade. Hoje estes produtores sentem muita difi culdade em onde, como e com quem obter informações com credibilidade.


A assistência técnica presente no campo vem de alguns produtores que são agrônomos, ou contratados particularmente por grandes produtores, e a grande maioria são representantes de alguma empresa comercial.


Sabemos que para desenvolver a pesquisa é necessário altos investimentos, e hoje quem tem mais capital para investir, são as empresas. Por isso é tão importante incentivar e aumentar o investimento em pesquisa pelo governo e pelas universidades, para poder atender os interesses dos produtores independente de qualquer coisa.


Pelo lado do produtor é fundamental ter consciência de que é necessário buscar novas tecnologias, investir, incentivar e dar abertura para a pesquisa e desenvolvimento No lado da pesquisa pública, apesar do pouco recurso disponível, tentar ultilizar as verbas para gerar mais trabalhos que venham a benefi ciar também aos agricultores.


Adubação
É necessário estudo atualizado sobre a nutrição na cultura da batata, pois houve uma mudança grande em relação as principais variedades cultivadas, o potencial produtivo é muito maior e as características agronômicas também são diferentes.



Foto 1A e 1B – Início da infeccção


Hoje grande parte dos bataticultores ainda usa 3,0 a 4,0 toneladas/ha da fórmula 04-14-08 no plantio, como há 20 ou 30 anos. Isso ocorre talvez porque os produtores não têm à sua disposição informações
sobre trabalhos de adubação em batata.Também muitos produtores estão acomodados ou tem receio de mudanças.
Sobre nutrição foliar, a maiorias das informações disponíveis são de empresas que tem interesses comerciais. Seria necessário mais estudo e trabalhos de órgãos de pesquisa e universidades sem vínculos comerciais com os produtos testados.


Controle de doenças e pragas
Novas doenças e pragas surgem a cada ano na cultura da batata, os produtores fi cam cada vez mais dependentes de defensivos químicos para proteger as Foto 2A e 2B – Evolução após dois dias suas lavouras. Os cultivares são cada vez mais produtivos, mas, ao mesmo tempo parecem ser mais suscetíveis às pragas e doenças.
Hoje os produtores são “bombardeados” com dados de um grande número de produtos comerciais, de várias empresas diferentes, que fazem com que muitas vezes os produtores se sintam inseguros diante de tantas informações. Muitos produtores ainda usam vários produtos tradicionais, ou por receio das inovações ou por não sentirem segurança nos dados e informações sobre os produtos modernos. Para isso é importante desenvolver mais trabalhos para gerar dados sufi cientes para convencer os produtores que por sua vez precisam dar abertura para as novas tecnologias.



Foto 2A e 2B – Evolução após dois dias


Alerta fitossanitário: Pythium ou Podridão Aquosa


Pythium ou Podridão Aquosa é causada por vários fungos que vivem no solo (Pythium debarianum, P.ultimum, P. Splendens). A incidência desta doença tem sido cada vez mais relatada. A dúvida é se realmente a doença está acontecendo com mais frequência ou se somente agora ela está sendo identifi cada no campo, e anteriormente estaria sendo confundida com a Podridão Rosada (Phytophthora erythroseptica) e a Podridão Mole Bacteriana (Erwinia spp.).



Foto 3A e 3B – evolução após três dias


Sintomas
Nos tubérculos, inicialmente aparece um pequeno escurecimento sob a pele (foto 1a e 1b), em poucos dias a lesão evolui penetrando profundamente no tubérculo (2a, 2b, 3a, 3b ), mostrando externamente uma coloração castanha escura ou enegrecida (foto 4a). A evolução da doença é muito rápida, tomando o tubérculo inteiro (foto 5a). Nesta fase apertando o tubérculo, ocorre um vazamento de um liquido aquoso (foto 6a), o que diferencia da Podridão Mole Bacteriana que tem uma consistência pegajosa (foto 7a)e da Podridão Rosada que tem uma consistência oleosa (foto 7b).
Os tubérculos com Podridão Aquosa quando cortados e expostos ao ar, têm seus tecidos enegrecidos (foto 8a e 8b). Em algumas variedades, a coloração dos tecidos afetados do tubérculo, inicialmente ficam rosados, resultando numa frequentemente confusão com a Podridão Rosada, mas posteriormente enegrecem e se diferenciam.



Foto 4A



Foto 5A – tubérculo totalmente afetado


A Podridão Aquosa, a princípio, não apresenta odores desagradáveis, mas a infecção por outras bactérias pode provocar odores desagradáveis e característicos que pode ser confundido com a Podridão Mole.
Ocasionalmente, pode acontecer à murcha da planta no campo, se o tubérculo- semente estiver deteriorando por causa da Podridão Aquosa. Isto pode acontecer quando lotes de sementes infectados no campo, forem secados, armazenados e resfriados tão rapidamente que a doença fique latente e só venha a se desenvolver no momento do plantio. Na região Sudoeste de São Paulo, os sintomas da doença tem sido observado com maior frequência no fi nal do ciclo da cultura, principalmente em épocas de alta temperatura, na fase próxima da dessecação até a colheita.


Medidas de controle
Na colheita, deve-se evitar que os tubérculos fi quem expostos ao sol, evitar qualquer tipo de dano mecânico durante a colheita, transporte e benefi ciamento, pois é uma das principais “portas de entrada” para a infecção da doença. Uma outra explicação para que a infecção ocorra com maior frequência na fase da maturação ou senescência, pode ser em função das lenticelas perderem a capacidade de abrir e fechar após a morte das ramas.


Em solos com muita umidade nesta fase, podem causar a lenticelose (foto 9a), que demonstra ser a principal forma de penetração da doença no tubérculo (foto 10a e 10b), visto que é uma doença que penetra por aberturas naturais ou ferimentos.


Considerações
Alguns sintomas e dados descritos nesta matéria sobre Pythium são observações e constatações feitas por mim nas minhas lavouras e ainda não descritas em literatura, por isso acho que é um assunto para pesquisar e comprovar algumas suposições sobre a doença. A ocorrência do Pythium tem sido cada vez mais frequente e tem apresentado danos econômicos em algumas lavouras.
A grande preocupação é que a maioria dos produtores desconhecem esta doença e muitas vezes confundem com sintomas de outras doenças como a podridão mole principalmente. Uma sugestão prática para identifi cação da podridão aquosa é cortar o tubérculo suspeito e apertar, se extravasar um líquido aquoso sem cheiro forte, a probabilidade é grande que seja Pythium. Outra forma é cortar o tubérculo e deixar um dia exposto ao ambiente, se não derreter (apodrecer) e somente escurecer, também é um indício de ser Pythium.


Lembrando que se a lesão estiver em estágio muito avançado pode ter contaminação de bactérias que podem mascarar o diagnóstico. Por enquanto não se tem nenhum produto recomendado para o controle químico da Podridão Aquosa.


























































Foto 6A – líquido aquoso ao espremer

Foto 7A – consistência pegajosa





Foto 7B – consistência oleosa

Foto 8A – corte transversal





Foto 8B – escurecimento um dia
após o corte

Foto 9A – Lenticelose (lenticelas abertas)





Foto 10A – infecção no campo

Foto 10B – provável infecção pela
lenticela





Sintoma externo da podridão

Podridão aquosa no campo





Teste cortando o tubérculo

Teste apertando o tubérculo

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