Avaliação de clones de batata tolerantes ao calor

ABSTRACT: Evaluation of heat tolerant potato clones. In Brazil there are no cultivars recommended for high temperatures since most of the current cultivars were introduced from temperate countries. The objective of this study was to evaluate the behavior of potato clones under heat stress concerning tuber yield, tubers’ dry matter content and qualitative traits of tubers. The experiment was carried out from February 26 to June 6 under minimum average temperatures of 16ºC and maximum average temperature of 28.5ºC, in Lavras, MG. The experimental design was a randomized complete blocks with three replications. It was identifi ed clones with high tuber yield potential and ideal tuber dry matter content to be grown under high temperatures and be used in the potato industry. Keywords: Solanum tuberosum, heat stress, new clones.


INTRODUÇÃO
O cultivo de batata no Brasil é realizado em três safras distintas: de janeiro a março (safra “da seca”), de abril a julho (safra de inverno) e de agosto a outubro (safra “das águas”) (Carvalho Dias, 1993). As altas temperaturas tropicais e subtropicais causam severo decréscimo na produção de tubérculos e são considerados os maiores impedimentos ambientais para a produção e disseminação de batata nessas regiões (Simmonds, 1971). As altas temperaturas estimulam o desenvolvimento aéreo da planta, reduzem a partição de fotoassimilados para os tubérculos, aumentam a intensidade da respiração e acarretam redução na produção de tubérculos (Menezes et al., 1999, 2001). Além da queda de rendimento, há aumento na ocorrência de desordens fi siológicas (embonecamento, rachaduras, etc) e redução da matéria seca dos tubérculos (Hughes et al., 1974). O embonecamento está associado a condições que dão origem ao crescimento desuniforme do tubérculo, geralmente devido à disponibilidade irregular de nutrientes de solo, temperaturas extremas e desfolha da planta, seguido de regeneração do sistema foliar (Benites, 2007). Quando as condições melhoram, o reinício do desenvolvimento do tubérculo torna-se evidente e forma crescimento secundário de vários tipos nos tubérculos.


O embonecamento é estimulado por temperaturas do solo de 27 0C ou mais (Hocker, 1990). Outra importante desordem é a rachadura, que corresponde a fi ssuras na superfície do tubérculo e está associada, geralmente, a défi cit hídrico e a elevada temperatura (Hiller & Thornton, 1993). O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento de clones de batata selecionados para tolerar o estresse oriundo de altas temperaturas.


Material e métodos
O experimento foi instalado no campo experimental da UFLA, Lavras/MG, no período de 26 de fevereiro à 6 de junho de 2007. Foram avaliados 91 clones provenientes de dois ciclos de seleção recorrente e 10 testemunhas, sendo seis clones e quatro cultivares. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com três repetições. As parcelas foram constituídas por uma linha de cinco plantas, com espaçamento de 0,30m x 0,80m. A adubação de plantio foi com o formulado 4-14- 8 (N – P2O5 – K2O), na base de 3 mil kg/ha. Na época da amontoa, foi realizada a adubação de cobertura com 300 Kg/ha de sulfato de amônio. As demais práticas culturais foram aquelas normalmente empregadas para a cultura. A colheita foi realizada após a seca natural das ramas, determinando-se a produção de tubérculos. O teor de matéria seca dos tubérculos, peso graúdo e peso médio dos tubérculos, nota de aparência dos tubérculos (1=ruim a 5=ótima) e a porcentagem de tubérculos com rachadura e embonecamento.



Resultados e discussão
As médias das temperaturas máxima e mínima para o período foram, respectivamente, 28,5 ºC e 16,0 ºC. O ciclo vegetativo foi em média 94 dias, tanto para os clones quanto para as cultivares. Dos 91 clones avaliados destacamos 20 que apresentaram, simultaneamente, alta produtividade e alto teor de matéria seca dos tubérculos (Tabela 1). De modo geral, os clones superaram as cultivares para a produção de tubérculos alcançando produtividade de até 43,40 ton/ha. As testemunhas apresentaram baixas produtividades, certamente devido ao rigor das altas temperaturas. Observou-se também que os clones apresentaram teores de matéria seca elevada (acima de 20%), o que pode despertar grande interesse para a indústria de processamento da batata.


Quanto à aparência dos tubérculos os clones apresentaram notas semelhantes às testemunhas, mas certamente esta característica foi infl uenciada negativamente pelas altas temperaturas. Com relação às desordens fi siológicas a ocorrência foi inferior a 1% tanto para os clones quanto para as cultivares.


Conclusões
Foi possível identifi car clones que apresentam potencial para o cultivo em regiões de temperaturas elevadas, com altas produtividades e teor de matéria seca dos tubérculos.
A aparência dos tubérculos é extremamente afetada pelas temperaturas elevadas e apresentaram baixos escores neste trabalho.


Referências Bibliográficas
BENITES, FRG. 2007. Seleção recorrente em batata visando tolerância ao calor. Lavras: UFLA. 90 p. (Tese doutorado)
CARVALHO DIAS, CA. 1993. Cultura da batata. Campinas: Secretaria de Agricultura e Abastecimento. 33p. (Documento Técnico da CATI, 65).
MENEZES, CB; PINTO, CABP; LAMBERT, ES. 2001. Combining Ability Genotypes for Cool and Warm Seasons in Brazil. Crop Breeding and Applied Biotechnology 1:145-157.
MENEZES, CB; PINTO, CABP; NURMBERG, PL; LAMBERT, ES. 1999. Avaliação de genótipos de batata (Solanum tuberosum L.) nas safras “das águas” e de inverno no sul de minas gerais. Ciência e agrotecnologia. 23: 776-783.
SIMMONDS, NW. 1971. The potential of potatoes in the tropics. Tropical Agriculture 48: 291-295
HILLER, LK; THORNTON, RE. 1993. Management of physiological disordes. In: ROWE, R.C. Potato health management. St. Paul: APS. 125p.
HOOKER, WJ. 1990. Compendium of potato diseases. St. Paul: APS. 125 p.
HUGHES, JC. 1974. Factors infl uencing the quality of ware potatoes. 2.Environmental factors. Potato Researchv 17: 512-547.


Terceiro trabalho premiado
Alexsandro L.Teixeira1
César A. Brasil P. Pinto1
César A. T. Benavente1
1 Universidade Federal de Lavras
Departamento de Biologia
Caixa Postal 3037 – CEP 37200-000 – Lavras (MG)
e-mail: alexteixeira@hotmail.com

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