Mosca-Branca: Bemisia tabaci espécie Mediterranean (MED – biótipo Q)

Vinicius Henrique Bello, Luis Fernando Maranho Watanabe, Bruno Rossito de Marchi, Felipe Barreto da Silva, Lucas Machado Fusco, Eduardo Vicentin, Eduardo da Silva Gorayeb, Regiane Cristina Oliveira de Freitas Bueno, Cristiane Müller*, Marcelo Agenor Pavan, Renate Krause-Sakate

Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA), Unesp – Botucatu/SP
*Corteva AgrisciencesTM, Divisão de Agricultura DowDupont.

Atualmente a mosca-branca Bemisia tabaci tem ganhado um destaque de grande importância no cenário agroeconômico, seja como praga ao se alimentar da seiva da planta ou como vetora de vírus de plantas. Algumas características contribuem para a mosca branca ser considerada uma superpraga e supervetora de vírus. Dentre estas características, a mosca branca tem capacidade de se alimentar em mais de 600 espécies de plantas hospedeiras; pode ser dispersada pelo vento e por material vegetal; possui alta capacidade de se reproduzir e transmitir ao menos 300 diferentes espécies de vírus de plantas.

A mosca-branca, Bemisia tabaci é considerada um complexo de espécies crípticas, no qual existem ao menos 43 espécies neste complexo. Estas espécies englobam populações de mosca-branca que não podem ser diferenciadas visualmente, mas somente pela análise do DNA do inseto. Além disso, as diferentes espécies podem apresentar uma gama de hospedeiros diferentes, transmitir os vírus de plantas com eficiências distintas, assim como algumas espécies crípticas podem causar desordens fisiológicas nas plantas.

Dentre as espécies (mosca-branca) de importância no Brasil, destaca-se o biótipo B (Middle East Asia Minor 1 – MEAM1) e o biótipo Q (Mediterranean – MED). Esta denominação é dada pelos centros de origem distintos destas moscas-brancas, sendo o Oriente Médio Asia Menor o provável centro de origem da MEAM1 e a região Mediterrânea na Europa o centro de origem de MED. Ambas são consideradas as mais invasivas em todo o mundo, causando grandes perdas em diversas culturas de importância agrícola, como tomate, soja, pimentão, feijão, entre outras. Hoje no Brasil a espécie MEAM1 predomina em diversas culturas, porém MED vem se tornando um grande problema em pimentão sob cultivo protegido (Figuras 1 A e B). Estes dados sobre distribuição de mosca-branca no Brasil podem ser verificados no artigo recentemente publicado por nosso grupo de pesquisa (https://www.nature.com/articles/s41598-018-32913-1).

Na batata a mosca-branca também pode transmitir diversos vírus como o: crinivirus Tomato chlorosis virus (ToCV) e o begomovirus Tomato severe rugose virus (ToSRV). Estes vírus também infectam tomateiro, pimentão, berinjela e jiló, além de diversas plantas daninhas como Physalis angulata e physaloides (juá-de-capote), Datura stramonium (figueira-do-inferno), Solanum americanum (maria-pretinha), Nicotiniana sp. (fumo), Chenopodium album (ançarinha-branca), Euphorbia heteropylla (leiteiro), Amaranthus spinosus (caruru), Emilia sonchifolia (serralinha), que podem estar próximas às plantações comerciais e contribuir para aumento da incidência destes vírus em batata.

Além das espécies MEAM1 e MED, a espécie Trialeurodes vaporariorum, também é conhecida como vetora do ToCV. Esta espécie de mosca-branca ocorre geralmente em regiões mais frias e de altitude elevada.

A introdução da espécie MED de mosca-branca no Brasil tem se tornado um grande desafio para a agricultura brasileira. Em um período de quatro anos desde seu primeiro relato em 2014 no Rio Grande do Sul, novos relatos ocorreram no Brasil, como nos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e mais recentemente foi verificada em Minas Gerais associada às plantas ornamentais.

Dessa forma, é fundamental que o monitoramento das espécies de B. tabaci seja realizado regularmente no Brasil, para que se possa detectar precocemente o estabelecimento de uma determinada espécie/biótipo em culturas importantes como é a da batata. Aspectos biológicos das espécies de mosca-branca, em especial a MED (Biótipo Q), bem como a capacidade de transmitir vírus e a suscetibilidade aos inseticidas comerciais utilizados para seu controle necessitam ser esclarecidos para que possa dar subsídios para o manejo de mosca-branca no Brasil.

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Arione da Silva Pereira

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