Fitopatologia – Mofo Branco ou Podridão Branca da Haste: Um Desafio Para a Produção da Batateira (Solanum tuberosum L.)

Produtores preocupam-se com a doença que pode permanecer no solo por um longo período de tempo



Riccely Ãvila Garcia

Prof. Fernando César Juliatti

O mofo branco tem-se tornado uma doença de grande importância nos campos de cultivo de batateira no Brasil, em virtude da exploração de culturas altamente suscetíveis como: canola, girassol, ervilha, feijão, tomate, algodoeiro e em áreas contínuas de soja. Na realidade, não se pode atribuir o problema a estas culturas, mas sim ao manejo equivocado que o produtor realiza nos últimos anos. Nas chapadas dos cerrados, onde as chuvas são abundantes e as temperaturas amenas, a cultura torna-se ainda mais vulnerável à doença. O aumento da incidência e severidade da doença nos campos de cultivo e o fato do fungo apresentar estruturas de resistência (escleródios) – Figura 1, que permitem sua sobrevivência no solo por longo período de tempo e infectar uma vasta gama de plantas cultivadas e daninhas, têm  reocupado os produtores. No Brasil, a ocorrência de S. sclerotiorum foi feita pela primeira vez em 1921, por Saccá que verificou o fungo sobre Solanum tuberosum L., no estado de São Paulo. Nos anos seguintes, o patógeno foi verifi cado sobre diferentes hospedeiros em outros estados do País. Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary pertence à subdivisão Ascomycotina, classe Discomycetes, ordem Helotiales e família Sclerotiniaceae. O fungo produz estruturas de
resistência denominadas de escleródios. Estas estruturas apresentam formato irregular, de vários milímetros de diâmetro e comprimento; a princípio apresentam coloração branca e posteriormente, tornam-se negros e duros. Os escleródios podem germinar de forma miceliogênica ou carpogência.  Enquanto que na forma miceliogênica há a produção de micélio  hialino e septado, na forma carpogência, o escleródio pode produzir um ou mais apotécio. A infl uência do tamanho dos  escleródios na germinação carpogênica apresenta resultados contraditórios. Maior produção de apotécios foi obtida
com escleródios com peso menor que 10 mg e 2 mm de diâmetro. Geralmente, observam-se quanto maiores os escleródios, maior a porcentagem deescleródios germinados e maior o número de apotécios produzidos. Um escleródio grande (13 x 5 mm) pode dar origem até 15 apotécios. O controle da podridão branca da haste é considerado difícil devido a ausência de cultivares resistentes, sobrevivência do fungo no solo, ampla gama de hospedeiros, elevado número de ascósporos produzidos por apotécio e sua rápida e longa disseminação a partir da fonte produtora, sobrevivência em sementes na forma de micélio dormente ou escleródios aderidos as mesmas e a falta de informações sobre o controle biológico e químico para a cultura da soja. As doenças causadas pelo patógeno recebem diferentes denominações, entre elas: mofo branco, podridão de Sclerotinia, murcha de Sclerotinia e podridão da cabeça. O apotécio libera ascósporos continuamente por 2 a 17 dias (Figura 2), com uma média de 9 dias. A produção máxima de ascósporos ocorre num intervalo de 2 a 3 dias entre o quarto e nono dia de vida ativa do apotécio. O total de ascósporos produzidos por um apotécio atinge ao redor de dois milhões.
A prática da irrigação e o cultivo contínuo da batateira e outras culturas em pivôs centrais tem aumentado o inóculo e a incidência da doença em áreas irrigadas, seja na batateira, tomateiro, feijoeiro, girassol e a soja (Figura 3).



Figura 1 – Processo evolutivo de formação de apotécios de S. sclerotiorum: (A) escleródios, (B) início da emissão de estipes, (C) apotécios maduros e (D) vista frontal doapotécio. UFU, Uberlândia, 2008.




Figura 2 – Liberação de ascópiros por apotécios

Figura 3 – Cultivo irrigado e falta de rotação de culturas

Figura 4 – Escleródios germinados devido a ação da luminosidade


Manejo


O manejo da doença para a batateira passa por uma reposição contínua da palhada de gramíneas (milho, sorgo, milheto, trigo, cevada, centeio, triticale e braquiárias. Neste caso, deve-se formar uma barreira física para que os escleródios não recebam luminosidade e não germinem (Figura 4). Quanto maior a palhada menor a exposição dos
escleródios a luz, que assim não germinam. Esta prática deve estar também associada ao plantio direto. O revolvimento do solo expõe os escleródios que fi cando na superfície podem germinar. Uma alternativa seria o uso do controle biológico com espécies de Trichoderma spp, que são antagônicas ao patógeno. Neste caso o fungo atua sobre Sclerotinia sclerotiorum a médio e longo prazo (a partir do terceiro ou quarto ano). Não existe controle imediato do mofo branco após aplicações foliares destes organismos em suspensões oleosas ou pó molhável.  A atuação sobre o patógeno é no solo, onde o Trichoderma parasita as hifas da Sclerotinia (Figura 5). O controle químico da doença passa por duas fases:

Figura 5 – Parasitismo de Trichoderma em fundos de solo

1) Detecção dos escleródios emitindo apotécios no solo no local de histórico da doença;escleródios germinados e maior o  número de apotécios produzidos. Um escleródio grande (13 x 5 mm) pode dar origem até 15 apotécios.
O controle da podridão branca da haste é considerado difícil devido a ausência de cultivares resistentes, sobrevivência do fungo no solo, ampla gama de hospedeiros, elevado número de ascósporos produzidos por apotécio e sua rápida e longa disseminação a partir da fonte produtora, sobrevivência em sementes na forma de micélio dormente ou escleródios aderidos as mesmas e a falta de informações sobre o controle biológico e químico para a cultura da soja. As doenças causadas pelo patógeno recebem diferentes denominações, entre elas: mofo branco, podridão de Sclerotinia, murcha de Sclerotinia e podridão da cabeça. O apotécio libera ascósporos continuamente por 2 a 17 dias (Figura 2), com uma média de 9 dias. A produção máxima de ascósporos ocorre num intervalo de 2 a 3 dias entre o quarto e nono dia de vida ativa do apotécio. O total de ascósporos produzidos por um apotécio atinge ao redor de dois milhões.
A prática da irrigação e o cultivo contínuo da batateira e outras culturas em pivôs centrais tem aumentado o inóculo e a incidência da doença em áreas irrigadas, seja na batateira, tomateiro, feijoeiro, girassol e a soja (Figura 3).


2) Aplicação de fungicidas específi cos antes da infecção ou nos primeiros  sintomas ou sinais da doença.
Pesquisas realizadas no LAMIP – UFU têm demonstrado a efi cácia de alguns  fungicidas, com doses comerciaisjá utilizadas (1000 ppm) rotineiramente em outras culturas, tanto em aplicações preventivas quanto curativas no controle da doença em condições de alta favorabilidade para a sua ocorrência (Tabela 1). Este experimento foi conduzido em câmara de crescimento a 20ºC e incubação por cinco dias. A técnica utlizada foi de folhas destacadas avaliando-se o progresso da doença conforme escala diagramática desenvolvida na UFU. Foram avaliadas folhas destacadas de soja e batateira pulverizadas preventivamente com equipamento CO2 na vazão de 300 L.ha1 (Figura 6). O uso de herbicidas inibidores da fotossíntese (Paraquat, Diquat) quando entram em contato com os apotécios podem inibir a sua germinação. Em relação ao germoplasma brasileiro de soja tem-se encontrado resistência à infecção na haste e folhas em algumas cultivares  rasileiras, sob inoculação artificial e em condições controladas. Mas, estes estudos precisam ser repetidos para confi rmar os  esultados preliminares. O mesmo poderia ser  realizado em cultivares de batateira caso a Associação Brasileira da Batata – ABBA viabilize apoio financeiro ao Projeto
Figura 6 – Escala diagramática para avaliação de sintomas de Sclerotinia sclerotiorum em plantas de soja e batateira.



Prof. Fernando César Juliatti & Riccely Ãvila Garcia
LAMIP – Laboratório de Micologia e Proteção de Plantas – UFU
Instituto de Ciências Agrárias – UFU
Uberlândia (MG)
CEP 38400-902
www.lamip.iciag.ufu.br
juliatti@ufu.

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