Fitossanidade – Lagarta-mede-palmo da Soja

Inseto alimenta-se de folhas e pode causar graves danos a produção



A lagar ta-mede-palmo, Pseudoplusia includens


A batata pode ser hospedeira de vários insetos variando conforme o clima, o manejo, a cultivar, dentre outros fatores. Os danos podem gerar grandes perdas na produtividade. Recentemente, tem-se verificado na cultura da batata a presença  de uma praga oriunda da cultura da soja, a lagarta-mede-palmo (Pseudoplusia includens). Este inseto-praga causa danos na parte aérea da planta ao se alimentar das folhas (folíolos), reduzindo a capacidade fotossintética e, consequentemente, a produtividade. A lagarta-mede-palmo (Pseudoplusia includens) também conhecida popularmente como falsa-medideira pertence à ordem Lepidóptera (borboletas e mariposas) e a família Noctuidae. Tem coloração verde-clara com listras  brancas longitudinais no dorso e pode apresentar pequenos pontos escuros no corpo. Os três pares de pernas abdominais proporcionam o seu deslocamento de maneira peculiar quando aproxima a parte de trás com a parte da frente do corpo.
Com este movimento forma-se um arco, lembrando o ato de medir palmo, originando daí o nome popular. A lagarta tem cerca de 35 milímetros de comprimento e o seu ciclo pode durar cerca de 15 dias. Os adultos possuem as asas anteriores de coloração marrom brilhante com um pequeno desenho prateado. As asas posteriores também são de coloração marrom. Em repouso, as asas desta mariposa formam um ângulo de proximadamente 90 graus. O acasalamento ocorre logo após a emergência da mariposa durante a noite. Cerca de três dias após a fecundação, a maioria dos ovos é depositada na face inferior das folhas, também no período noturno, o que torna difícil a detecção dos mesmos que são pequenos, redondos e esbranquiçados. Cada fêmea pode colocar mais de 600 ovos, durante o seu período de vida de aproximadamente duas semanas. Após um período aproximado de  três dias as larvas saem dos ovos medindo cinco milímetros de comprimento e passam por seis estádios de crescimento. Em seguida, entram na fase de pupa. Esta é uma fase intermediária entre a lagarta e a mariposa onde uma teia é tecida sob as folhas com o dobramento das mesmas. Nesta estrutura a lagarta fica em repouso por uma semana até ocorrer a emergência da mariposa. A lagarta-mede-palmo se alimenta somente das folhas deixando as nervuras, o que confere a folha um aspecto rendilhado e pode consumir até 200 cm2 de área foliar.
Apesar desta lagarta ser comumente encontrada nas plantações de soja, ela pode se alimentar de uma ampla faixa de hospedeiros como amendoim, batata doce, algodão, crucíferas, tomate, tabaco, feijão, girassol e agora também sendo encontrada em plantas de batata (Solanum tuberosum L) . Possíveis explicações para a presença de lagarta-mede-palmo, (Pseudoplusia includens) em lavouras de batata (Solanum tuberosum L):


• Uso da soja transgênica: neste caso a ausência de plantas invasoras tem como consequência a eliminação do habitat de inimigos naturais da lagarta ocasionando surtos da mesma;


• Grande quantidade de fungicidas: para controlar a ferrugem asiática na soja leva também a morte de fungos entomopatogênicos que ajudam a controlar as populações de lagartas;


• Manejo inadequado da cultura da soja: pode causar desequilíbrios ecológicos levando ao aumento das populações de pragas de ampla distribuição geográfica;


• Migração: mariposa da lagartamede- palmo pode migrar para regões distantes, pois apresenta grande autonomia de vôo;


• Aumento das plantações de soja: para produção de biocombustíveis desencadeando desequilíbrios fitossanitários.

Controle fitossanitário

O controle torna-se difícil por ainda não haver produtos fi tossanitários específicos para a cultura da batata. É  comendado que se faça o monitoramento da lavoura, mesmo que ainda não se  tenha determinado os níveis econômicos das perdas geradas por esta praga. Em se tratando da soja, o controle é realizado  junto com o controle da lagarta da soja. Recomenda-se o controle quando forem encontradas mais de 40 lagartas  maiores que 1,5cm por pano de batida, na média das diversas amostras da lavoura. Outra opção é verifi car o nível de desfollhamento: quando o mesmo estiver passando dos 30% antes do fl orescimento e 15% depois do fl orescimento o controle deve ser feito. Outro agravante é que a lagarta-mede-palmo é encontrada mais no baixeiro das plantas ficando menos expostas aos inseticidas aplicados. Uma boa opção tem sido a utilização de inseticidas biológicos a base de Bacillus thuringiensis associados a inseticidas químicos do grupo dos piretróides, por exemplo, contribuir no manejo da resistência do inseto, já que é uma praga que está bem adaptada e já apresenta resistência a vários inseticidas. Para que essa situação não se agrave é necessário que pesquisadores, agentes de assistência técnica e agricultores se conscientizem e busquem soluções para que a lagarta-mede-palmo não se torne mais um problema na bataticultura.


Cybele de Andrade Pinto
beleagro@hotmail.com
Mestranda e m Sistemas de Produção na Agropecuária pela UNIFENAS,
Faculdade de Agronomia, Alfenas (MG)


Ernani Clarete da Silva
clarsil@bol.com.br
Prof. Pesquisador da UNIFENAS,Faculdade de Agronomia, Alfenas (MG)
Caixa Postal, 23 Tel. (35) 3299-3119



Referência Bibliográficas
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Grandes Culturas, Pelotas, RS. n.14, março 2000.
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