Potato Mop-Top Virus (PMTV)

Eng. Agr. Dra. Vanessa S. Ramos
Eng. Agr. Ph.D. Valmir Duarte

O Brasil (3.851.396 t) é o vigésimo produtor de batata na classificação internacional, com a China (99.065.724 t), Índia (43.770.000 t) e EUA (19.990.950 t) em 1o, 2o e 5o, respectivamente. Quase um terço de toda a batata colhida no mundo ocorre na China e na Índia. A produção de batata é um enorme desafio, devido a vários fatores, tais como os problemas fitossanitários, responsáveis por perdas qualitativas e quantitativas, que elevam o custo de produção e reduzem a oferta, impactando enormemente o mercado.
O número de patógenos que atacam a batata é de aproximadamente uma centena, sendo cerca de 40 de etiologia viral. Um fator que agrava o problema é a propagação da batata por tubérculo-semente, mesma forma utilizada por muitos destes patógenos. Soma-se a isso, a dependência do Brasil da importação de tubérculo-semente, cenário que traz o risco de introdução de novas pragas, ausentes no Brasil e com potencial de impacto econômico relevante ao setor.
A Instrução Normativa número 39, de 2 de outubro de 2018, contém uma lista das pragas quarentenárias ausentes – PQA, de importância econômica potencial, com 62 vírus e três viroides. Potato mop-top virus (PMTV) está entre estes vírus, sendo a batata seu principal hospedeiro, com registro de até 67% de perdas, pois afeta a qualidade do tubérculo.

PMTV é transmitido pela batata-semente, passa desta para a nova planta e para os novos tubérculos. Entre plantas, é transmitido pelo protozoário Spongospora subterranea f. sp. subterranea (Sss), um conhecido patógeno de solo, agente da sarna pulverulenta da batata, presente no Brasil desde 1988, mais frequente em áreas com o clima frio e úmido, mas pode também se manifestar e causar danos em solos encharcados. O vírus permanece nos esporos do Sss, os quais podem permanecer no solo por até 18 anos, mesmo na ausência da batata. Condições de ambiente que favorecem Sss também favorecem PMTV.
A infecção do PMTV é parcialmente sistêmica e apenas uma parte da progênie de tubérculos de uma planta infectada transportará o vírus. Isto poderá levar à eliminação do vírus da cultura da batata após poucas gerações, quando os tubérculos são plantados em solo livre do PMTV e Sss.

Distribuição
O vírus foi relatado pela primeira vez em 1966 na Grã-Bretanha. Hoje, encontra-se amplamente distribuído, já existem relatos do PMTV na Europa, Ásia, Oceania, América do Norte e América do Sul (Figura 1). Especial atenção deve ser dada às nossas fronteiras e aos importadores de batata-semente.

Sintomas
Os sintomas induzidos por PMTV podem variar de acordo com a cultivar de batata e com as condições do ambiente. Nas folhas, os sintomas surgem como manchas amarelas brilhantes, anelares ou em linhas em forma de V, principalmente nas inferiores. São mais frequentes em temperaturas entre 5 e 15 °C e nos estágios iniciais de crescimento da planta. Esses sintomas podem desaparecer com o crescimento da planta e em temperaturas mais elevadas. Os entrenós podem ficar encurtados, causando aglomeração de folhagem resultando no efeito “mop-top” (formato de vassoura para esfregar o chão, invertida). Essas manchas amareladas podem ser confundidas com os sintomas de outras viroses da batata, particularmente de Tobacco rattle virus (TRV), mas ambas resultam em tubérculos sem valor comercial.
Na superfície dos tubérculos podem surgir anéis concêntricos superficiais ou linhas espessas. No interior do tubérculo, podem surgir linhas necróticas de cor castanha, arcos e anéis.

Quando o tubérculo provém de uma planta infectada (infecção secundária), os sintomas diferem daqueles sintomas dos tubérculos produzidos pela infecção primária, e podem incluir tubérculos malformados e rachados. Esses sintomas também podem variar com a cultivar.
Os sintomas podem não estar presentes durante a colheita, desenvolvendo-se posteriormente durante o armazenamento. Esta “instabilidade” dos sintomas é algo preocupante, pois torna-se um sério desafio para a certificação de sementes, que atualmente se baseia em sintomas foliares para detecção e identificação de pragas.
Considerações finais
Uma vez introduzido, o controle do vírus se torna muito difícil. Portanto, é fundamental protegermos a cultura da batata brasileira da introdução de novas pragas, sendo essencial o uso de material para propagação livre de vírus.

Neste sentido, a fiscalização do material importado é fundamental. Bem como o diagnóstico eficiente e imparcial por laboratório credenciado. Além disso, cabe ao produtor estar atento aos seus campos de cultivo, inspecionando a produção e caso perceba algum sintoma suspeito, encaminhar para análise e identificação do patógeno. Isto porque é de extrema importância reconhecer e identificar a entrada de novas pragas o mais rápido possível, para que medidas sejam tomadas.
O laboratório Agronômica possui 13 anos de experiência em diagnóstico fitossanitário e está habilitado para detecção do PMTV, seja em batata-semente importada, como também em batata de lavouras brasileiras com sintomas suspeitos.

Ao observar sintomas suspeitos, o produtor ou responsável deve entrar em contato com o Laboratório e encaminhar as amostras para análise. A amostra pode ser composta de folhas ou tubérculos sintomáticos. O ideal são folhas da região mais baixa da planta, com sintomas bem evidentes e outras em que o sintoma esteja começando a aparecer. Os tubérculos devem estar sintomáticos, inteiros e que não estejam em estado de deterioração. Como o vírus permanece nos esporos de Sss, a ocorrência desta praga é um alerta, se associada aos sintomas descritos, sendo também material a ser analisado.

 

Fotos 1. Início dos sintomas: manchas amarelas em forma de V.

Fotos 2. Início dos sintomas: manchas amarelas em forma de V.

Fotos 3. Sintomas nos folíolos.

Foto 4. Efeito “mop-top” (similar a um esfregão invertido).

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