‘BRS F183’ (Potira), Uma Nova Cultivar de Batata para Processamento e Mercado Fresco

Arione S Pereira1; Giovani O Silva2; Caroline M Castro1; Agnaldo DF Carvalho2; Fernanda Q Azevedo1; Elcio Hirano1; Giovani G Britto1; Antonio C Bortoletto1; Carlos Reisser Junior1; Carlos F Ragassi2; Carlos A Lopes2; Leonardo F Dutra1; Juliana H Coradin1; Natércia L Pinheiro1; Cesar B Gomes1; Jadir B Pinheiro2; Valdir Lourenço Junior2; Mirtes F Lima2; Iriani R Maldonade2; Beatriz M EmYgdio1; Rogério O Jorge1; Janni Haerter1; Bernardo Ueno1; Luis S Castro1; Ana CR Krolow; Márcia Vizzotto1; Paulo E Melo2

1 Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS e Canoinhas-SC; 2 Embrapa Hortaliças, Brasília-DF.

A Embrapa registrou recentemente uma nova cultivar de batata, a BRS F183 (Potira), no RNC/MAPA. Trata-se de uma cultivar de duplo propósito, isto é, com aptidão para o mercado fresco e para processamento na forma de palitos pré-fritos congelados.

Figura 1. Cultivar ‘BRS F183’ (Potira). Foto: Giovani O da Silva.

Originou-se do cruzamento entre a cultivar BRS Ana e o clone C2372-02-02, efetuado em 2006. Foi amplamente testada e validada sob o código F183-08-01, e selecionada com base na aparência de tubérculo, potencial produtivo, conteúdo de matéria seca e qualidade de fritura de palitos.
‘BRS F183’ (Potira) apresenta plantas de porte médio a grande e hábito de crescimento semiereto, com ciclo de desenvolvimento vegetativo longo. As folhas são abertas, de cor verde de média intensidade e pigmentação arroxeada intensa na nervura principal.
Produz tubérculos de película vermelha, lisa, de formato ovalado longo, gemas rasas, polpa amarela-clara, com moderada resistência ao esverdeamento de pós-colheita, e período de dormência médio.

Figura 2. Linha da cultivar ‘BRS F183’ (Potira), indicada por seta amarela, em meio a campo de produção, Itapetininga, SP. Foto: Natalino Shimoyama.

Tem alto potencial produtivo de tubérculos comerciais, alto teor de matéria seca e baixo nível de glicose, que confere versatilidade de uso culinário e processamento industrial, com elevado rendimento e alta qualidade do produto final. Tem baixa suscetibilidade a defeitos fisiológicos externos e internos nos tubérculos.
Com relação a doenças, apresenta moderada suscetibilidade à requeima (Phytophthora infestans) e moderada resistência à pinta preta (Alternaria grandis). Não é resistente ao virus Y da batata – PVY e ao virus do enrolamento das folhas da batata – PRLV. Observações de campo indicaram consistentemente que as reações de suscetibilidade/resistência da ‘BRS F183’ (Potira) à podridão mole (bactérias pectolíticas), à rizoctoniose / crosta preta (Rhizoctonia solani) e à murcha bacteriana (Ralstonia solanacearum) não são diferentes das principais variedades cultivadas no país. Mostrou suscetibilidade à sarna comum (Streptomyces spp.) em alguns testes de validação, sendo recomendado evitar o seu cultivo em solo infestado pelo patógeno e a adoção de medidas culturais para controlar a doença.
Na culinária, a película lisa e as gemas rasas dos tubérculos da ‘BRS F183’ (Potira) facilitam o descascamento, com excelente rendimento de massa fresca. Apresenta textura firme (coesa e não farinhenta), sabor muito característico quando cozida.
No processamento, mostrou-se adequada para elaboração de palitos fritos, devido ao alto teor de massa seca dos tubérculos, formato ovalado longo, tamanho grande, cor amarela da polpa e cor clara do produto frito.
A cultivar já foi testada em várias regiões produtoras do Brasil e demonstrou excelentes resultados, com vantagens em relação à sua principal concorrente, a Asterix, tanto para o mercado fresco como para processamento na forma de palitos pré-fritos. Uma delas é o alto teor de massa seca (>21%), que confere alto rendimento industrial, excelente qualidade de fritura, e maior versatilidade culinária; outras são a produtividade comercial similar ou até 25% superior, uma menor incidência de embonecamento dos tubérculos e a cor da película mais atrativa (vermelho mais intenso).
É mais adaptada à safra de inverno (plantios em maio-julho) de Minas Gerais e São Paulo e às safras de outono e primavera (plantios em fevereiro-março e agosto-setembro, respectivamente) do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Na primavera, o plantio deve ser feito o mais cedo possível, dada à sua tuberização mais tardia nessa safra. É também adaptada à safra de verão nas regiões de maior altitude do Sul do país.
A previsão é que a ‘BRS F183’ (Potira) seja lançada nacionalmente no próximo ano, e posteriormente, apresentada ao setor produtivo numa série de dias de campo regionais, possibilitando aos produtores e industriais conhecerem mais de perto as suas características de qualidade.
‘BRS F183’ (Potira) é um produto do Programa de Melhoramento Genético da Embrapa, desenvolvido pela Unidades de Clima Temperado, em Pelotas-RS e Canoinhas-SC, e Hortaliças, em Brasília-DF, Brasil.
Para saber mais detalhes da nova cultivar, inclusive sobre licenciamento e disponibilidade de sementes, as informações podem ser obtidas na Embrapa Clima Temperado, Estação Experimental de Canoinhas-SC, no seguinte endereço: Rodovia BR 280, Km 231, no1151, Bairro Industrial 2, Caixa Postal 317, CEP 89466-500, Canoinhas, SC. Tel.: (47) 3624-0127, 3624-0195 e 3624-2077. E-mail: cpact.eecan@embrapa.br

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