Irrigação por gotejamento para a cultura da batata

Eng. Agrônomo Tadeu Graciolli Guimarães (D.Sc.) Departamento Agronômico – tadeu@netafim.com.br Eng. Agrônomo Marcos de Oliveira Bettini Departamento Comercial – bettini@netafim.com.br NETAFIM BRASIL SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE IRRIGAÇÃO LTDA Av. Belarmino Cota Pacheco, 32 – Uberlândia-MG CEP 38408-168 – Telefax: 34-3236-2422 / 3216-2398


1 – Introdução
A elevada exigência hídrica da cultura da batata, associada a elevados custos de produção, alto risco característico da atividade e perspectiva de retorno financeiro compensador fazem com que a irrigação seja prática indispensável para a obtenção de produtividade elevada no empreendimento, em especial nos plantios realizados na estação seca.


Tradicionalmente, os métodos mais utilizados para a irrigação da cultura da batata são aspersão convencional, canhões autopropelidos e pivot central. Tais métodos possuem algumas características comuns como o fato de serem dotados de equipamentos que possibilitam sua movimentação pelo terreno, aplicando-se água em parte da área cultivada em cada turno. Por isto, aplica-se grandes volumes de água por turno, necessários para suprir a demanda da cultura por vários dias. Apesar de possuírem relativa eficiência de irrigação, algumas consequências negativas decorrem do seu uso como aplicação excessiva e desperdício de água, maior consumo de energia, maior necessidade de mão-de-obra, lixiviação de nutrientes no perfil do solo reduzindo a eficiência das fertilizações, molhamento da parte aérea das plantas, lavando parte dos defensivos aplicados e causando até severos danos mecânicos nas folhas, criando, assim, condições que favorecem a ocorrência de doenças.


Considerando-se a preocupação crescente com a escassez de água e a necessidade premente de economia tanto de água quanto de energia, os bataticultores defrontam- se hoje com o desafio de continuarem a desempenhar seu papel de enorme importância social e econômica, porém com maior racionalidade no uso dos recursos naturais. Assim, a utilização de métodos de irrigação e de práticas de manejo que permitam maior eficiência no uso da água e menor consumo de energia são metas imprescindíveis para a bataticultura moderna. Neste contexto, a irrigação por gotejamento destaca- se como a tecnologia de irrigação e fertilização mais racional para o setor, visto ser o método que possibilita maior eficiência no uso da água e que apresenta a menor demanda de energia e de mão-de-obra. No presente artigo discute-se as principais características do gotejamento, suas potencialidades para a cultura da batata e resultados decorrentes de 4 anos de pesquisa da Netafim Brasil e empresas associadas na adequação da tecnologia do gotejamento às condições de cultivo da batata do Brasil Central.



Foto 1: Aspecto visual de campo de batata cv. Atlantic aos 25 dias de idade irrigado por gotejamento NETAFIM.


 


2 – Irrigação por gotejamento para batata: A irrigação por gotejamento iniciou-se em Israel, em meados dos anos 60, e desde então vem experimentando intensas inovações tecnológicas, evoluindo crescentemente. Um projeto de irrigação por gotejamento possui alguns componentes básicos comuns a qualquer sistema como bombas e tubulações de recalque, se diferenciando dos outros métodos pelas seguintes características:


– São sistemas que possibilitam irrigar toda a área plantada simultaneamente (Foto 1). Assim, irriga-se sempre que necessário, permitindo a aplicação de lâmina de água suficiente para suprir a demanda hídrica de 1 ou 2 dias;


– A água é transportada no interior de tubos de pequeno calibre, sendo aplicada ao solo de forma localizada, sob baixas pressões, por meio dos gotejadores. A ação de cada gotejador cria uma zona úmida ao redor das plantas chamada bulbo úmido, e com a junção de cada um dos bulbos criase uma faixa úmida seguindo a linha das plantas (Foto 1);


Assim, na irrigação por gotejamento são aplicados pequenos volumes de água com elevada frequência, ou seja, com intervalos curtos entre as irrigações, sendo o método que permite atingir os maiores níveis de uniformidade, precisão e controle da irrigação e da nutrição das plantas.



Detalhe de planta da cv. Atlantic cultivada sob irrigação por gotejamento NETAFIM, por ocasião


 


O gotejamento já é um método consagrado para irrigar hortaliças, sendo a sua adequação para a cultura da batata considerada como um importante desafio na irrigação por gotejamento no Brasil. De posse das experiências da Netafim em diversos países do mundo e de 4 anos de testes a campo realizados pela Netafim Brasil e empresas parceiras, a irrigação por gotejamento traz os seguintes benefícios para a cultura da batata e para o bataticultor:



  • 30 a 50% de economia de água:

  • Maior produtividade e melhor qualidade sanitária, aspecto de muita importância para batata-semente;

  • Menor gasto de energia elétrica, necessitando de 1 cv/ha contra 2,5-3 cv/ha dos outros métodos;

  • A aplicação de água não causa molhamento foliar, concorrendo para melhoria do aspecto sanitário da cultura e redução do uso de defensivos;

  • Permite a realização de quimigação que é a aplicação de produtos químicos (defensivos e fertilizantes) na água de irrigação;

  • Permite a aplicação de fertilizantes utilizando a água de irrigação como veículo (fertirrigação), permitindo que se aplique nutrientes em qualquer fase do ciclo da cultura;

  • Permite a automação da irrigação;

  • Permite a realização de trato fitossanitário simultaneamente à irrigação;

  • Redução do uso de tratores e de equipamentos de pulverização;

  • Redução do uso de mão-de-obra para as práticas de irrigação, fertilização e tratos fitossanitários;

  • Redução dos custos de produção e maior lucratividade;

3 – Resultados experimentais e perspectivas futuras: Em ensaio conduzido no ano de 2000 na estação Experimental da Zeneca em Holambra-SP, foi estudada a produtividade da cv. Atlantic sob condições de irrigação por gotejamento e por aspersão. Foram montadas 2 áreas de gotejamento e 1 área de aspersão, as quais foram preparadas e semeadas seguindo padrão único. Também receberam 1,5 t/ha de Superfosfato Triplo a lanço em toda área e o mesmo controle fitossanitário. Nestas foram realizadas as seguintes práticas de fertilização e irrigação:


Tratamento 1:
2,0 t/ha de 04-16-08 aplicadas no sulco de plantio, totalizando 80 kg/ha de N, 320 kg/ha de P2O5 e 160 kg/ha de K2O;
Irrigação por gotejamento em linhas simples, utilizando tubo-gotejadores equipados com gotejadores Super Typhoon 125 espaçados de 0,5 m e com vazão de 1,6 L/ h;
Manejo de irrigação seguindo proposta da Netafim para gotejamento em batata; Fertirrigação com fertilizante fluido 10- 00-10, totalizando 209 kg/ha de N e 209 kg/ha de K2O;
Total de nutrientes aplicados: 289 kg/ ha de N, 965 kg/ha de P2O5 e 369 kg/ha de K2O;


Tratamento 2:
1,0 t/ha de 04-30-16 aplicada no sulco de plantio, totalizando 40 kg/ha de N, 300 kg/ha de P2O5 e 160 kg/ha de K2O;
Irrigação por gotejamento em linhas simples, utilizando tubo-gotejadores equipados com gotejadores autocompensantes tipo RAM 1,6Q espaçados de 0,5 m e com vazão de 1,6 L/h;
Manejo de irrigação seguindo proposta da Netafim para gotejamento em batata;
Fertirrigação utilizando nitrato de amônio e cloreto de potássio comerciais, totalizando 207 kg/ha de N e 160 kg/ha de K2O;
Total de nutrientes aplicados: 247 kg/ ha de N, 945 kg/ha de P2O5 e 320 kg/ha de K2O;


Tratamento 3:
2,0 t/ha de 04-16-08 aplicadas no sulco de plantio, totalizando 80 kg/ha de N, 320 kg/ha de P2O5 e 160 kg/ha de K2O;
Irrigação por aspersão em turnos de rega variáveis (geralmente 4 dias), de acordo com as condições climáticas;
Adubação em cobertura utilizando fertilizante granulado 20-00-20 na dosagem de 800 kg/ha, aplicados aos 30 dias após plantio, totalizando 160 kg/ha de N e 160 kg/ha de K2O;
Total de nutrientes aplicados: 240g/ha de N, 965 kg/ha de P2O5 e 320 kg/ha de K2O;
As produtividades obtidas em cada área constam na Tabela 1:


O incremento de produtividade obtido em relação à aspersão (8 t/ha), em adição à economia de água, energia elétrica e de defensivos proporcionada pelo gotejamento, demonstram a viabilidade econômica do método, permitindo amortizar o investimento feito na aquisição do projeto de gotejamento em uma ou duas safras. Atualmente, um ensaio para produção de batata-semente sob gotejamento vem sendo conduzido em Patos de Minas-MG, junto ao “Grupo Nascente” com excelentes resultados preliminares. Destacam-se neste ensaio, a aplicação de defensivos via água de irrigação com notável economia de defensivos e de mecanização; a economia de água em relação ao pivot central; a aplicação de P, Ca e micronutrientes em fertirrigação (em adição ao N e ao K) e o excelente aspecto fitossanitário da cultura.


Os resultados finais serão obtidos em setembro do presente ano. Recentemente foi instalada uma área comercial para produção de batata consumo em Monte-Mor-SP, junto aos “Irmãos Andrade”, na qual vários testes de fertirrigação estão sendo conduzidos, sempre tendo como testemunha métodos tradicionais de irrigação e fertilização da batata.. Diante da conjuntura atual de pressão por racionalização no uso dos recursos naturais e elevada competitividade no setor, os bataticultores devem buscar a redução de custos e a obtenção de resultados de produtividade e qualidade cada vez melhores, sendo a irrigação por gotejamento uma das inovações tecnológicas mais importantes para a modernização da bataticultura brasileira.



Agradecimentos:
A Netafim Brasil agradece aos parceiros “Elma Chips”, “Mafes”, “Grupo Nascente”, “Syngenta”, “Irmãos Andrade”, “Grupo Schoenmacker”, “Grupo Rocheto” e outros colaboradores, pelo trabalho em conjunto que vem sendo realizado nestes 4 anos, em prol da adequação do gotejamento para batata.
Detalhe de planta da cv. Atlantic cultivada sob irrigação por gotejamento NETAFIM, por ocasião da colheita.

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