Batata no Triângulo Mineiro – O crescimento da bataticultura no alto paranaíba e triângulo mineiro e a importância do ICIAG – UFU – Uberlândia/MG, na formação de profissionais para o setor.

Prof. Dr. Fernando César Juliatti, Prof. Dr. José Magno Queiroz Luz e Dr. José Emílio Telles de Barcelos. ICIAG – UFU Av. Amazonas bl. 2 E Campus Umuarama Uberlândia/MG CEP 38400-902 e.mail: iciag@ufu.br, juliatti@ufu.br


1 – A bataticultura no triângulo mineiro e Alto Paranaíba – Minas Gerais
A batata é a terceira fonte alimentícia para a humanidade, sendo superada apenas pelo trigo e arroz. O milho apesar de possuir um maior volume de produção, boa parte desta é utilizada na alimentação animal. O Brasil é um grande produtor de batata, porém esta hortaliça é o mais importante alimento oleráceo, com uma produção por volta de dois milhões de toneladas por ano. Embora o consumo de 14 Kg/habitante/ano seja baixo, quando comparado a outros Países da Europa, onde o consumo chega a 100 kg/habitante ao ano existe uma grande expectativa de crescimento do mercado e investimento do capital internacional no setor. A produção brasileira está concentrada em quatro estados da federação: Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul. O estado de Minas Gerais ocupa a destacada posição de primeiro estado produtor de batata com uma produção de 552 mil toneladas, cerca de 31 % da produção nacional. Neste contexto o Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro respondem por 60 % da produção do estado, em um área de 12.000 ha e produtividades superiores a 40 t/ha. Podemos destacar na região do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro o crescimento vertiginoso da bataticultura nos municípios de Ibiá, Araxá, Serra do Salitre, Perdizes e São Gotardo. A região que já era um polo na produção de grãos tem se tornado também um polo na produção de hortaliças, como a batata, tomate, alho e cenoura.


Nas propriedades localizadas nesta região observa-se a presença de lavouras irrigadas, em áreas totalmente mecanizadas, rotação e sucessão de culturas, utilização crescente de matéria orgânica, adubação verde, uso racional da água e aplicação dos preceitos de manejo integrado de pragas e doenças de plantas. Estas práticas integradas tem levado um adicional de produtividade e qualidade da batata colhida para consumo de mesa e para a indústria de cheeps, tornando a região como polo da bataticultura no País, abrindo assim um novo mercado para o investimento de capital nacional e internacional podendo a região produtora, em pouco tempo ser exportadora de tecnologias de produção para outros centros de produção no País.


2 – O Instituto de Ciências Agrárias – Ufu
A Região do Triângulo Mineiro, que sempre foi reconhecidamente forte na pecuária, hoje, no entanto, passa a ser conhecida por ser uma região de agricultura altamente tecnificada (que, em outras palavras, significa: “Agronomia”). O Município de Uberlândia, em especial, vem se destacando mais e mais no cenário agrícola nacional, não simplesmente por ser o “Portal do Cerrado”, como também, pelo surgimento de grandes Empresas e Centros de Pesquisa instalados no Município (e vizinhança) como a Cargill, Monsanto- Agroceres, Syngenta Seeds, Dow Agro Sciences, Aventis etc.), uma unidade da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, o que demonstra a forte vocação desta Região para o desenvolvimento Agronômico. Mas, vários outros exemplos poderiam ainda ser citados, dentre êles: – o “Café do Cerrado”; a maior indústria de cigarros (cultura do Fumo) da América do Sul, a “Souza Cruz”; Indústrias de óleos vegetais de Soja, Milho, Girassol, Amendoim, etc., (como a “ABC”, “Cargill”, etc.); Indústria de farinha de Trigo (“Moinho 7 Irmãos”); Indústrias de sucos “Maguary” (Maracujá, Citrus e outras Frutas); Indústrias de beneficiamento de Arroz; Fábricas de Rações para diversos usos na pecuária (à base de Milho, Sorgo, etc.); Indústrias de fabricação de Açúcar, Ãlcool e Aguardente (tendo a Cana-de-Açúcar como matéria prima); Indústria de Ãcido Cítrico da Cargill (matéria prima: o açúcar de Cana); Algodoeiras (cultura do Algodão); e muitas outras.


Criada em 1969, a partir da fusão de faculdades isoladas , e federalizadas em 1978, a Universidade Federal de Uberlândia – UFU está empenhada em garantir uma educação pública com qualidade. Além do ensino curricular , a Universidade oferece aos seus alunos várias oportunidades extracurriculares de desenvolvimento pessoal.


Neste contexto, o Instituto de Ciências Agrárias – ICIAG, como uma das unidades acadêmicas da UFU, cada vez mais vem estabelecendo uma participação efetiva no desenvolvimento do setor agrícola regional e nacional. O ICIAG está situado numa das regiões agrícolas mais tecnificadas do País, despontando como um dos principais centros de referência e apoio aos agricultores da Região Central do Brasil. Possui uma equipe de professores e técnicos altamente qualificados e com infra-estrutura laboratorial e de campo prestando serviços aos agricultores em diversas áreas : análises foliar, de fertilizantes, de solos (química e física), de sementes, de patógenos (fungos, bactérias, vírus e nematóides), entre outras.
O Instituto de Ciências Agrárias da UFU está inserido em todo este contexto, por meio de parcerias, convênios, assistência técnica agronômica; desenvolvimento de pesquisas; análises de solo, de plantas, de sementes, de doenças e pragas, fornecendo as recomendações agronômicas apropriadas; etc.; além disso, há sempre uma nova possibilidade de participação em muitos outros campos de atividades que podem surgir nesta área, com o passar do tempo.



Alunos em aula prática no campo experimental de olericultura / bataticultura UFU (Universidade Federal de Uberlândia)


 


Nestes quinze anos de existência do Curso de Graduação em Agronomia da UFU, coubenos a formação de excelentes profissionais que hoje atuam em diversas empresas da Região, nas áreas de produção & desenvolvimento, pesquisa, ensino e extensão (públicas, ou particulares), vários deles com a titulação de Doutor (concluída nas mais renomadas Instituições de Ensino Superior do país e no exterior).
Os professores e técnicos do ICIAG/UFU que constituem o elo natural entre o ensino, a pesquisa e a extensão, estarão sempre a disposição do agricultor. O ICIAG conta com 21 docentes efetivos e 21 técnicos – administrativos para o exercício de suas funções. Entre os docentes, temos 17 doutores, 2 professores visitantes ( CAPES e CNPq), 4 recém – doutores (FAPEMIG e CNPq)), 2 doutorandos e 2 mestres).


O ICIAG conta com os laboratórios de Análise Foliar e Fertilizantes, Entomologia, Irrigação e Drenagem, Fitotecnia, Melhoramento de Plantas, Fitopatologia, Manejo e Conservação do Solo, Nematologia Agrícola, Pesquisa em Nitrogênio, Sementes e Solos, Casas de Vegetação, área experimental no Campus Umuarama e as fazendas do Glória, Ãgua Limpa e Capim Branco. Para atender a crescente demanda regional é necessário que este quadro funcional e físico se amplie visando ampliar serviços, pesquisas e melhor formação acadêmica na graduação (conceito A) e pós graduação – mestrado (conceito 4), possibilitando assim, em curto espaço de tempo, a implantação do Programa de Doutorado.


A agronomia é uma área já consolidada dentro da nossa Universidade completou 15 anos de existência no final de 2000. Por duas vezes, neste período, fomos contemplados com o Prêmio “Jovem Cientista nacional” (CNPq e Grupo Gerdau), ou seja, dois de nossos alunos de graduação, enquanto cursavam a Agronomia aqui na UFU (em anos diferentes), tendo desenvolvido os seus projetos de pesquisa sob a orientação de Professores deste Curso, concorreram e foram os ganhadores do citado prêmio a nível nacional.


Aliás, os únicos prêmios na categoria em âmbito Nacional. Estamos ainda no começo; muito poderá e deverá ser feito nos próximos anos. Mas, é com a nítida sensação do “dever cumprido”, etapa por etapa, que nos sentimos à vontade para afirmar que a UFU pode se orgulhar do seu pioneirismo na área de Agronomia, na Região do Triângulo Mineiro, bem como, se orgulhar ainda mais por ser a pioneira na criação de seu Programa de Pós Graduação nas áreas de concentração em Fitopatologia, Fitotecnia e Solos e Nutrição de Plantas. Onde, no seu segundo ano de duração existem 60 dissertações sendo esenvolvidas na tentativa de propor alternativas para o desenvolvimento da agricultura regional e do País.


3 – O ensino e a pesquisa da bataticultura na UFU
Com relação ao ensino da bataticultura, temos consciência que a batata é a mais importante das hortaliças em todo o mundo e no Brasil não é diferente. Na mesma proporção de importância, a bataticultura possui vários fatores que influenciam diretamente no seu sucesso agronômico, o que demanda profissionais com bastante conhecimento e treinamento com a cultura.


Os cursos de graduação e mestrado em Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade
Federal de Uberlândia, procura qualificar o máximo possível a formação de nossos estudantes e no caso específico da cultura da batata, isto não é diferente. Os estudantes de graduação durante as disciplinas de formação profissional como Entomologia Aplicada, Nematologia, Plantas Daninhas e Fitopatologia.
Aplicada têm contato direto com os aspectos pertinentes a bataticultura. Além de terem a parte teórica bem consolidada adquirem também uma boa visão da realidade da cultura não só no aspecto fitossanitário, mas também da fitotecnia geral, lavagem e classificação, quando são levados a uma visita técnica na empresa Montesa Agropecuária Ltda, localizada no município de Serra do Salitre – MG. Nesta viagem, também costumam ir estudantes do mestrado em Agronomia – Fitopatologia, Fitotecnia e Solos, para terem uma visão integrada do sistema de produção até a classificação do produto final para o consumidor. Este tipo de visita é de fundamental importância para a formação adequada dos profissionais, pois consolida o conteúdo visto em aulas teóricas além de permitir a visão da realidade do produtor da batata e ainda promove uma maior interação entre a universidade e a empresa. Este último fato se comprova com a frequente saída dos estudantes para fazerem estágio de férias na referida empresa.


Os estudantes de graduação cursam ainda a disciplina de Olericultura e 25% da carga horária desta é destinado a cultura da batata. Procura- se enfatizar todos os aspectos da cadeia fitotécnica da cultura e consolidar as questões fitossanitárias já vistas em disciplinas anteriores. Novamente estes e os estudantes de mestrado são levados a uma visita prática, desta vez no município de São Gotardo – MG, onde é dado ênfase aos tratos culturais da cultura e conforme possibilidade também é visto a lavagem e classificação dos tubérculos.


Apesar da abordagem dos aspectos fitossanitários da cultura da batata seja feita em quatro disciplinas e os demais na Olericultura, julgamos que, dada a importância da cultura no mundo, no Brasil e especificamente em Minas Gerais, um maior número de horas aulas sobre a cadeia da bataticultura seria pertinente em todas as escolas de Agronomia, até porque cada vez mais se torna importante não só o aspecto quantitativo da produção, mas também a qualidade do alimento a ser comercializado e para tanto a demanda por profissionais capacitados é cada vez maior.


Neste contexto algumas escolas já estão valorizando mais o ensino da bataticultura, sendo o melhor exemplo até o momento, a ESALQ – USP – Piracicaba que contratou recentemente um docente exclusivo para a cultura. O ICIAG – UFU – Agronomia pretende na sua próxima reforma curricular criar uma nova disciplina, que aborde a bataticultura em sua maioria de carga horária, mas enquanto isto não acontece, continuamos procurar cada vez mais valorizar a cultura nas atuais disciplinas e incrementar as visitas técnicas e incentivar nossos estudantes a fazerem estágios em empresas ligadas a bataticultura e em particular neste semestre, vamos fazer com que os estudantes de mestrado e todos da graduação, a partir do sexto período, participem integralmente do “XI Encontro Nacional de Produção e Abastecimentode Batata” e “VII Seminário Nacional de Batata Semente”, que teremos o privilégio de sediar no período de 19 a 21 de setembro de 2001-Uberlândia-MG, pois acreditamos que este tipo de evento também é de fundamental importância para a formação profissional do estudante de Ciências Agrárias.


Em relação a pesquisa esperamos o incremento de monografias de graduação e dissertações de pós – graduação na área da bataticultura para atender a defasagem de informações no setor. Vislumbra-se também com o apoio da ABBA (Associação Brasileira da Batata) e Ministério da Agricultura na implantação de um Centro de Indexação de Viroses vegetais e desenvolvimento de novas tecnologias para a cultura em Uberlândia – MG. Deste modo, parcerias com outras instituições como EMBRAPA, IAC, UFLA e Grupo Sol Nascente serão bem vindas para reforçar e ampliar os horizontes da bataticultura Nacional.

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