Importância da Adubação na Cultura da Batata

Felipe de Campos Vieira – Leonardo Shigeyuki Sugimoto Alunos de graduação da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/ Integrantes do GAPE (Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão), orientado pelo Prof. Dr. Godofredo Cesar Vitti/ Departamento de Solos e Nutrição de Plantas, Caixa Postal 09 – CEP 13418-900. Piracicaba/SP, Email: gape@esalq.usp.br; Tel: (19)3417-2138. Agradecimentos: Eng. Agr. MSc Mirian Cristina Costa.


 


A bataticultura brasileira não adota critérios técnico-científicos quando se fala em correção do solo e nutrição mineral da planta. Esse fato pode comprometer a produtividade e afetar significativamente o custo de produção que, segundo a EMBRAPA (1999), o custo com fertilizantes na cultura da batata representa aproximadamente 15% do custo total.
Diferentes formas de manejo da adubação são empregadas pelos produtores, sendo que, de tempos em tempos, surge uma fórmula tida como a ideal para adubar a cultura. Porém, deve-se dar especial atenção à adubação e nutrição da cultura da batata pois, a demanda relativa de fertilizantes por unidade de área na cultura é algo impressionante, ocupando o primeiro lugar no “ranking” dentre as principais culturas, como mostra a Tabela 1.



Tabela 1 – Estimativa nacional da demanda relativa por fertilizantes pelas principais culturas agrícolas, 1995-2000 (kg.ha -1 )


É importante ressaltar que, nos últimos anos, o consumo de fertilizantes na bataticultura vem apresentando suave decréscimo (Figura 1).



Figura 1 – Consumo de fertilizantes (%) pela cultura da batata nos últimos anos


Ainda assim, a demanda continua sendo elevada, o que pode estar associado ao uso indiscriminado de fertilizantes. Entretanto, é possível adotar critérios técnico-científicos, respeitando sempre as exigências dos cultivares e, principalmente, as condições e dafoclimáticas uma vez que, no Brasil, se planta batata nas quatro estações do ano em diferentes regiões.
Considerando que o manejo adequado da fertilidade do solo é indispensável para obtenção de boas produtividades com alta qualidade e a menores custos, torna-se fundamental atentar para os seguintes conceitos:


CONCEITO DE ADUBAÇÃO
Em termos práticos, a adubação pode ser definida pela seguinte expressão matemática: Adubação = (planta – solo) x f Por meio da análise dessa expressão, verifica-se a necessidade de dimensionar três fatores básicos (Vitti et al., 2001): Nutrição da planta quanto a elementos exigidos, quantidades necessárias para um determinado nível de produtividade, época e local para o fornecimento dos nutrientes e modo de aplicação; Avaliação da fertilidade do solo, utilizando-se principalmente da diagnose visual, diagnose foliar, histórico e análise do solo; Uso eficiente do fertilizante (f), o qual é função do sistema de plantio, práticas conservacionistas, fontes de aplicação, parcelamento dos nutrientes e condições edafoclimáticas.


NUTRIÇÃO MINERAL
O sucesso dessa prática depende dos seguintes parâmetros: Nutrientes necessários: N, P, K, Ca, Mg, S, B, Zn, Fe, Mo, Cu e Mn. Quantidade exigida de nutrientes Em geral, para a produção de uma tonelada de tubérculos são necessárias as seguintes quantidades de nutrientes (Tabela 2).



Tabela 2 – Quantidade de nutrientes exigidas para produção de 1 (uma) tonelada de tubérculo.


Por meio dos valores apresentados na Tabela 2, é possível quantificar as exigências nutricionais da cultura. Sabe-se que, para cada cultivar e épocas do ano, essas exigências não são as mesmas, fazendo com que exista amplitude nos teores exigidos. Filgueira (2000) relata que o fósforo é o quinto nutriente em ordem decrescente de extração, porém é o que oferece maior resposta em produtividade em solos brasileiros, pois favorece a formação de raízes, a tuberização e o tamanho dos tubérculos além de acelerar o ciclo da cultura.



Marcha de absorção de nutrientes pela cultura
É fundamental respeitar as fases de desenvolvimento durante o ciclo da planta e interpretá-las para realizar o manejo da adubação, pois, as exigências de cada nutriente variam de acordo com a marcha de absorção. As marchas de absorção de nitrogênio, fósforo e potássio são apresentados na Figura 2. Na Figura 3 são apresentadas as marchas de absorção de boro e zinco.



Figura 2 – Absorção de nitrogênio, fósforo e potássio (Fontes, 1987).


 



Figura 3 – Absorção de boro e zinco (Fontes, 1987).


Local de aplicação dos fertilizantes
Os fertilizantes podem ser aplicados diretamente no solo (área total, sulco de plantio e cobertura) e nas folhas. Geralmente, fertilizantes que fornecem macronutrientes (nutrientes que são exigidos pelas plantas em maior quantidade), são aplicados diretamente no solo. Já os fertilizantes que fornecem micronutrientes (nutrientes que são exigidos pelas plantas em menor quantidade), são aplicados nas folhas. Porém existem exceções como no caso do boro e zinco que, devido a certas particularidades, são aplicados preferencialmente no solo.


MANEJO QUÍMICO DO SOLO
A seguir, será apresentada a sequência adequada de práticas para o manejo da fertilidade do solo e da nutrição mineral da planta, bem como os nutrientes fornecidos nessas práticas:
Calagem: Ca e Mg;
Gessagem: Ca e S;
Fosfatagem: P 2 O 5;
Potassagem: K 2 O;
Sulco de plantio: N, P 2 O 5 , K 2 O, Ca, Mg, S, B e Zn;
Adubação de cobertura: N e K 2 O;
Adubação foliar: Zn, Cu e Mn.


Adubação de Cobertura
Esse item será enfatizado por tratar-se de uma prática pouco difundida e adotada, seja por questões financeira, falta de implementos adequados, apoio técnico e também por questão de paradigmas.
É de fundamental importância o parcelamento da adubação nitrogenada e potássica na cultura da batata. Dentre as vantagens desse parcelamento, Vitti et al. (2002) citam: i) menor perda por lixiviação (K e N); ii) menor perda por volatilização (N); iii) redução do efeito salino, que poderia danificar a brotação e iv) desenvolvimento de plantas com menor porte e mais vigorosas, evitando lesões nas hastes.
A seguir são mencionados trabalhos científicos nos quais estudou-se efeito do parcelamento na adubação de cobertura.
Boock & Catani, 1956, estudaram o efeito do parcelamento da adubação nitrogenada e potássica, subdividindo-se os nutrientes em três vezes e observaram incremento na produtividade, principalmente em anos com alta pluviosidade, ressaltando que o parcelamento do potássio não apresentou resultados significativos. Filgueira (2000), cita que o parcelamento da adubação potássica é favorável em solos arenosos, nos quais a perda por lixiviação é mais elevada.
Vieira e Hamaguchi (2001), observaram maiores produtividades em áreas onde o nitrogênio e o potássio foi parcelado em duas aplicações (plantio e amontoa) em comparação com a área onde o N e K foram fornecidos em uma só aplicação, juntamente com o fósforo no sulco de plantio. Os mesmos autores observaram também que, com o parcelamento do N e K, as plantas apresentaram-se com a parte aérea reduzida, porém mais vigorosa ocasionando menor incidência de doenças em função dos menores índices de lesões.
Ainda em relação ao parcelamento, Vitti et al. (2002), sugerem: a) Plantio: 1/3 N + 1/2 K + 3/3 P + micronutrientes e b) Cobertura: 2/ 3 N (juntamente com enxofre) + 1/2 K. Os autores recomendam que essa cobertura seja efetuada quando a cultura estiver entrando no estádio II (intervalo entre a emergência e inicio da tuberização), aproximadamente aos 25 dias após o plantio, devendo-se fazer a adubação na véspera da amontoa.
Os aspectos abordados nesse artigo indicam que o uso de corretivos e fertilizantes, visando a melhoria e a manutenção da fertilidade do solo, bem como a nutrição mineral adequada da cultura da batata, está associado a importantes fatores, como: i) planejamento de safra com escolha do cultivar que está mais bem adaptada às condições edafoclimáticas da região; ii) amostragem prévia do solo para análise química e física, bem como diagnose foliar e visual; iii) uso do “bom senso” para interpretação dos resultados da análise química do solo, realizando manejo correto, ou seja, aplicando os fertilizantes no momento certo e nas quantidades que as plantas necessitam, o que caracteriza o uso racional do fertilizante. Para obtenção de ótimos resultados de produtividade e qualidade com custos reduzidos, produtores precisam ter consciência da importância de elevar e manter a fertilidade do solo (práticas corretivas como: calagem, gessagem, fosfatagem e potassagem) de acordo com critérios técnicos, além de suprir, de maneira adequada, as exigências nutricionais da cultura (adubações de plantio, cobertura e foliar).


Literatura citada – Consulte Autor

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