Planta de fumo infectada com PVY e enxertada com clone imune de batata
Dentre os inúmeros problemas fitossanitários que afetam a cultura da batata estão as viroses. São relatadas cerca de 30 doenças de natureza virótica que causam desde danos leves até perdas significativas na produção. As viroses também debilitam as plantas, tornando-as mais suscetíveis a outras doenças causadas por fungos, bactérias ou nematóides. As viroses se destacam também por serem de difícil controle no campo. Muitas delas são transmitidas por insetos vetores que, mesmo sendo controlados por inseticidas, ainda conseguem transmiti-las antes de sua morte. Além disso, devemos lembrar que a utilização de batatas-sementes infectadas por viroses causam prejuízos sérios, pois comprometem toda a lavoura, desde o início de seu desenvolvimento. Desta forma, a maneira mais efetiva e mais barata de se precaver contra as viroses é por meio da resistência genética. Uma cultivar resistente possui genes que garantem a sanidade da planta mesmo que o vírus venha a infectá-la.
No Brasil, as principais viroses são o vírus do enrolamento das folhas da batata (PLRV), o vírus Y da batata (PVY), o vírus X da batata (PVX) e, mais recentemente, o vírus S da batata (PVS). O controle genético dessas viroses é realizado de diversas maneiras. O PLRV, por exemplo, é controlado por inúmeros genes, sendo difícil a obtenção de cultivares resistentes. Por outro lado, o PVY, o PVX e o PVS são controlados por genes simples, cuja introdução em cultivares melhorados é facilitada. Quase todas as cultivares comerciais empregadas no Brasil são suscetíveis a esses vírus e, com poucas multiplicações no campo, podem apresentar níveis alarmantes de plantas infectadas. Por essa razão, a utilização de batatas-sementes certificadas com alta qualidade fisiológica e sanitária sempre deve ser empregada.
A Universidade Federal de Lavras (UFLA), vem trabalhando para a criação de cultivares com resistência extrema ou imunidade ao PVY e PVX. A imunidade é um tipo de resistência que impede a multiplicação do vírus nos tecidos vegetais, não havendo o aparecimento de qualquer sintoma e nem mesmo a sua transmissão para outras plantas. As resistências a essas viroses são provenientes da espécie cultivada Solanum tuberosum ssp. andigena, que possui os genes Rx e Ry. Esses genes foram incorporados pelo Centro Internacional de la Papa (CIP) em clones designados XY e disponibilizados para utilização pelos melhoristas de todo o mundo. Em 1998, a UFLA recebeu esses clones do CIP e realizou diversos cruzamentos, entre eles, gerando uma grande população que foi selecionada para resistência por meio de inoculação mecânica. Após a identificação de alguns clones que não apresentaram sintomas nos testes, os mesmos foram submetidos à enxertia sobre plantas de fumo previamente inoculadas com PVX ou com PVY (Fig. 1). A enxertia permite que o vírus se multiplique no hospedeiro infectado e se transloque para a parte aérea da planta de batata. Após aproximadamente 15 a 20 dias da inoculação, os clones são testados para as viroses, utilizando a técnica sorológica DAS-ELISA. Apenas os clones que apresentam reação neativa no teste são considerados imunes e permanecem no programa. Todos os demais são eliminados. Além de possuírem imunidade aos vírus, os clones são avaliados em condições de campo para caracteres agronômicos, como produção de tubérculos, porcentagem de tubérculos graúdos e alto peso específico de tubérculos, que garantem melhor qualidade de fritura. As seleções visam, ainda encontrar clones que sejam imunes, simultaneamente, ao PVX e PVY e que possuam também a constituição duplex, isto é, têm duas doses do gene Ry e Rx (Ry Ry ry ry Rx Rx rx rx). Embora os clones com constituição duplex tenham o mesmo nível de resistência de clones simplex (Ry ry ry ry Rx rx rx rx), eles são vantajosos porque podem produzir mais de 80% de descendentes também imunes, facilitando os trabalhos de melhoramento e permitindo que outros clones mais produtivos sejam obtidos futuramente. Os clones selecionados até agora têm demonstrado serem tão produtivos quanto as cultivares atuais, além de possuírem imunidade e peso específico de tubérculos mais elevado. Por outro lado, não apresentam as mesmas boas características de aparência de tubérculos, como as cultivares mais lisas Bintje e Monalisa. No entanto, novas seleções continuam em andamento, procurando identificar clones que, além dos atributos desejáveis já mencionados, apresentem também aparência de tubérculos que atendam aos consumidores.
César Augusto Brasil Pereira Pinto Professor Titular, Depto de Biologia Universidade Federal de Lavras (35) 3829-1352 – cesarbrasil@ufla.br
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XXX Congresso Paulista de FitopatologiaData: 13 a 15/02/07Local: UNESPCampus de Jaboticabal-SPInformações:www.summanet.com.brcpfitopatologia@fcav.unesp.br16-3209-2640
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