Ronaldo Coutinho do Prado – Climaterra Av. Prudente Cândido da Silva, C.P. 173. 88600-000 São Joaquim – SC (49) 233.0349 ou 9983.6544 coutinho@pwa.com.br
As atividades meteorológicas no Brasil tiveram início durante a ocupação holandesa no Brasil, durante o século XVII, com a implantação dos primeiros postos de observação, principalmente em Olinda (PE).
Mas, um trabalho sistemático e rotineiro foi empreendido a partir de 1862 pela Marinha, constituindo, em 1888, a Repartição Central de Meteorologia da Marinha. A primeira tentativa de previsão do tempo no Brasil foi aventada nesta repartição durante a administração de Américo Silvado. Enquanto isto, as atividades de pesquisa no Observatório Nacional do Castelo produziram o primeiro esboço climatológico do País, em 1891, sob a orientação de Henrique Morize.
Em 1909, o governo unificou as atividades do Observatório Nacional com as redes de observação da Marinha e do Telégrafo Nacional, criando assim, a Diretoria de Meteorologia e Astronomia, no Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Com isto, a meteorologia ganhou impulso com a ampliação da rede de estações climatológicas, com instrumental importado de melhor qualidade, normatização do trabalho e rotinas.
Em 1913, ensaiam-se as primeiras previsões do tempo, com a publicação do artigo “Previsão do Tempo” no Jornal do Comércio, de autoria do brilhante meteorologista Joaquim de Sampaio Ferraz. Essas previsões eram feitas somente para o antigo Distrito Federal e Estado do Rio de Janeiro e passaram a ser publicadas rotineiramente a partir de 1917.
O reconhecimento e a importância das aplicações meteorológicas estimularam o governo de Epitácio Pessoa a criar, em 1921, um órgão independente, desmembrando do Observatório Nacional, com o nome de Diretoria de Meteorologia, dentro do Ministério da Agricultura, o qual transformou-se, em 1980, no atual Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet.
Naquela época, iniciaram-se as primeiras observações aerológicas, com a criação de um posto de sondagens por meio de papagaios (pipas), em Alegrete (RS).
O INMET teve extraordinária atuação no cenário meteorológico nacional até a década de 30, graças ao eficiente trabalho de Sampaio Ferraz. Foi deste ambiente fértil que surgiram autores de importantes estudos sobre massas de ar e regimes de chuvas da América do Sul, como Adalberto Serra e Leandro atisbona.
Em 1938, a Diretoria de Meteorologia passou à categoria de Serviço Nacional de Meteorologia e, em 1941, sua jurisdição foi estendida a todo o território nacional, incorporando vários serviços estaduais. Em 1969, passou à categoria de Departamento Nacional de Meteorologia e, em 1971, passou a ser chamado de Instituto Nacional de Meteorologia.
Na década de 50, mais um grande avanço nas atividades meteorológicas desenvolvidas pelo INMET, devido ao avanço no setor de telecomunicações, o que tornou possível a confluência das informações meteorológicas coletadas em todo mundo e enviadas aos centros nacionais de previsão, para, em seguida, elaborar previsões calcadas na análise de cartas sinóticas. As previsões melhoraram substancialmente, porém deixando muito a desejar. A razão disto é que as condições meteorológicas nos trópicos eram pouco conhecidas naquela época. Os métodos de previsão eram subjetivos para um prazo máximo de 24 a 48 horas.
O advento dos satélites meteorológicos, em 1960, representou um marco importante para a meteorologia.
Na década de 80, a meteorologia nacional passou por uma revolução no campo do desenvolvimento de novas metodologias e prestação de serviços, sendo que o INPE e as Universidades Federais fizeram avançar muito as fronteiras do nosso conhecimento sobre o tempo e clima do País, com a formação de meteorologistas.
Hoje, a previsão do tempo é baseada em modelos numéricos, os quais produzem previsão de curto, médio e longo prazo, com maior precisão.
Aplicação da previsão do tempo na cidade de São Joaquim/SC São Joaquim está localizada no sudeste de SC na parte mais alta do Planalto Catarinense. O município apresenta regiões entre 850/950 m até 1500/1600 m. A maior parte está acima dos 1250/1300 m, determinando o predomínio de um clima bem ameno no verão e muito frio no inverno.
A previsão do tempo em São Joaquim começou a ter um impulso muito grande a partir de 1996, quando começou a ser divulgada através da Rádio Difusora pela Climaterra (empresa que atua na área da meteorologia e agronomia), através do eng. Ronaldo Coutinho do Prado, mais conhecido por Coutinho, o homem do tempo.
Neve em São Joaquim – SC – jun/1988
Bom Jardim da Serra – SC – jun/1988
Desse período até hoje, literalmente, todas as atividades agrícolas, e mesmo do cotidiano, são orientadas pelos vários boletins divulgados pela rádio, com os quais as pessoas, principalmente os agricultores, se organizam para a lida do campo no dia-a-dia, conforme o quadro do tempo é apresentado nos boletins.
Neste sentido, a previsão norteia o cronograma dos tratamentos, das aplicações de adubos, podas, colheita, utilização da mão-de- obra, etc… Todos estes detalhes, quando somados, resultam numa redução significativa de custos para o agricultor, por exemplo: ele, sabendo que à tarde poderá chover, evitará aplicar determinado produto neste período, evitando a possível perda e prejuízo; ou se vier uma onda de frio muito forte dentro de quatro ou cinco dias, poderá tomar medidas preventivas para evitar problemas de congelamento nas máquinas, ou mesmo nas casas, colher mais cedo ou proteger a lavoura de batata (fato ocorrido nesta safra).
Nas culturas da maçã e batata em São Joaquim, estas medidas têm sido fundamentais a fim de reduzir custos e maximizar o uso dos produtos no campo. Vários depoimentos já foram relatados por produtores que evitaram perdas ou as tornaram muito reduzidas nos “banhos” nas lavouras devido à previsão do tempo, resultando na economia de milhões de reais ao longo dos últimos sete anos.
Também no setor de turismo, a previsão do tempo tem ajudado em muito no movimento de turistas para a cidade, pois quando há anúncio de uma possível queda de neve, a cidade fica, literalmente, lotada, trazendo muitas divisas à região.
Na previsão do tempo também é feito o aviso especial para minimizar os transtornos ocasionados por eventos extremos, exemplo disto ocorreu em 2000, quando foram avisadas, com uma semana de antecedência, a Defesa Civil do Estado e a Prefeitura da cidade sobre a iminência de uma fortíssima onda de frio que provocaria, além da neve, extremo frio, fato verificado na sequência. Com o aviso, pôde-se reduzir problemas como o congelamento em máquinas agrícolas, canos, ajudar famílias carentes e, em âmbito estadual, pôde-se estabelecer o controle nas estradas mais sujeitas à formação de gelo e ao acúmulo de neve na pista, além de ajuda a famílias carentes. Este fato, mais tarde, foi relatado pelo então diretor da Defesa Civil de SC, coronel Sidney Pacheco, destacando que, devido ao aviso prematuro, pôde-se evitar a ocorrência de óbitos pelo frio em SC.
Claro que a todos os fatos acima citados, pressupõe-se que a previsão tenha um excelente índice de acerto, o que felizmente é o que vem ocorrendo em São Joaquim, vindo a demonstrar que a previsão do tempo nos últimos anos tem se tornado um fator essencial ao planejamento, condução e redução de custos nas atividades agrícolas, além de evitar, em muitos casos, a perda de vidas humanas, fato visto, principalmente, nos países do Hemisfério Norte, onde o clima é bem mais extremo que no Brasil.
Bibliografia:
Cunha, G.R. – Meteorologia: Fatos e Mitos. Passo Fundo – RS: Embrapa-CNPT, 1997. Vianello, R.L. e Alves, A.R. – Meteorologia Básica e Aplicações. Viçosa – MG. UFV. Imprensa Universitária, 1991.
Silva, J.F – El Niño: O Fenômeno Climático do Século. Brasília – DF. Editora Thesauros, 2000.
Climaterra.
André Nepomuceno Dusi e Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças – Pesquisadores CP 218, Brasília, DF – 70.359-970 (61) 3859-066 e (61)556-5744 dusi@cnph.embrapa.br, paulo@cnph.embrapa.br O crescimento da área plantada com transgênicos no mundo não...
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