A produção de batata semente na Escócia – E as perspectivas de importação de sementes para o Brasil

Elcio Hirano Pesquisador e gerente do Escritório de Negócios Tecnológicos de Canoinhas EMBRAPA -Transferência de Tecnologia Contato: (47) 6240127 – elciohirano@netnorte.com.br


A Escócia, juntamente com a Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte, faz parte do Reino Unido (R.U.), o qual é um tradicional produtor de batata-semente. O R.U. planta, em média, 12.000 hectares de batatas para sementes, com 400 produtores e 7 empresas de comercialização e melhoramento. Produz 280.000 toneladas de semente, anualmente, cujo valor atinge de 75 a 120 milhões de dólares. Da produção total, cerca de 75% da semente plantada no Reino Unido provém da Escócia. As cultivares plantadas
somam mais de 150, sendo que 57% delas protegidas e 43% de domínio público. A taxa de utilização de sementes de batata na Escócia é de 65% de produto oficialmente inspecionadas. O organismo oficial que regula a qualidade da batatasemente produzida no país é a Agência de Ciências Agrícolas da Escócia (Sasa), que executa a certificação da produção, quarentena de material importado, levantamentos e diagnósticos de doenças e pragas, registros e testes de novas cultivares. Além disso, a Sasa treina inspetores, realiza testes de qualidade de sementes e ensaios de novos agrotóxicos. O esquema da produção de sementes adotado é o de decréscimo compulsório de gerações, que inicia a partir do estoque nuclear feito na Sasa, em Edimburgo, e compreende uma coleção de 450 cultivares, que são testados para doenças e micropropagados, estando disponível aos produtores de minitubérculos-sementes que necessitarem de material sadio. Após, vêm as classes prébásica TC (cultura de
tecido) e pré-básica 1 e 2, que são produzidas por multiplicação de mini-tubérculos. Em alguns casos, há uma classe intermediária, que se chama classe VTSC (multiplicação por estaquia de material testado para vírus). Finalmente o material é multiplicado nos campos que são inscritos no sistema de certificação, como as classes SE (super elite) 1, 2 e 3 e E (elite) 1, 2 e 3. Na Escócia, a classe mais baixa que pode ser produzida e comercializada é a E, entretanto, em outras partes do Reino Unido pode haver classes inferiores, como a AA e CC (certificada). A qualidade da batata-semente é assegurada pelos testes de amostras solo para nematóides, inspeções de campo e de lotes de sementes. As tolerâncias totais para viroses são de 0% para as classes pré-básica e VTSC, 0,36% para SE, 1,05% para E e de 2,1% para AA. A Comissão Brasileira, que esteve na Escócia analisando a qualidade e os níveis de tolerância da semente escocesa, concluiu que o material se enquadra na classe básica brasileira. A análise de risco mostrou que as doenças quarentenárias são Phoma exigua var. foveata, Phythophthora erythroseptica var. erythroseptica, Polyscytalum pustulans, Synchytrium endobioticum, potato Mop Top Virus, Tobacco Black Riing Virus, Ditylenchus dipsacci e D. pallida,Globodera pallida e G. rostochiensis. As doenças não quarentenárias apresentam tolerâncias na legislação escocesa que atende perfeitamente nossos padrões, com exceção à sarna prateada, Helmintosporium solani, cuja legislação escocesa não apresenta tolerância, enquanto que na brasileira cita o total de 52% nos vários níveis de infeção da superfície atacada do tubérculo. Neste aspecto continuam os estudos e negociações para se atingir um padrão que atenda ambas as partes.

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