PqC Engo Agro Hilario S. Miranda Filho
Residente Agronômica Cristiana Karin Wu
Centro de Horticultura, Instituto Agronômico,
APTA, SAA-SP.
fone: 19-3241-5188 – ramal 306
hilário@iac.sp.gov.br
A ‘sarna prateada’, causada pelo Helminthosporium solani Dur. e Mont. (sin. Spondylcladium atrovirens Harz.), sempre esteve entre as moléstias da batata descritas no Brasil. Sempre foi, até recentemente, de muito pequena importância para a bataticultura brasileira (Cruz et alii, 1962)*, embora pudesse estar presente em até 100% de lotes de batata-semente provenientes da importação, principalmente, em cultivares alemães (Miranda Filho e Book, 1970)**.
Aspecto Geral: podridões e sintomas de sarna prateada
Seus sintomas restringem-se à periderme dos tubérculos, caracterizando-se por lesões circulares, de coloração castanha à cinza, que em casos graves, podem cobrir toda a superfície do tubérculo. As partes afetadas assumem uma aparência rugosa, devido a maior respiração, adquirindo tonalidades prateadas quando umedecidas, o que dá o nome à doença. Historicamente, tubérculos produzidos no Brasil, realmente, não apresentavam sintomas da moléstia. Agricultores que não utilizavam períodos longos de rotação de culturas, não utilizavam batata-semente importada; por outro lado, os que importavam, raramente plantavam em solo antes explorado pela cultura da batata, para evitar outras moléstias de solo, além de efetuarem tratamento dos tubérculossemente. Assim, mesmo se utilizando batatasemente contaminada, a moléstia era mantida sob controle total.
Tubérculos: Classificação inadequada
Fatores externos e internos vieram alterar essa situação. Stevenson et alii (2001)*** atribuem seu aumento de importância desde a década de oitenta, em nível mundial, ao aparecimento de strains do fungo resistentes a fungicidas do grupo químico benzimidazol, utilizados no tratamento da batatasemente. Este fato contribuiu para o aumento da incidência da doença na batata-semente importada, mesmo da Holanda.
Em nível interno, a adoção da prática de produção de batata-semente no ‘plantio de inverno’, com armazenamento do material importado por, pelo menos por dois meses, veio a aumentar a importância da moléstia, uma vez que os sintomas se agravam durante o armazenamento. Passou a ser sentida uma perda direta, pois parte dos tubérculos ficavam praticamente mumificados e impróprios para o plantio, enquanto os restantes levam maior potencial de inóculo para os campos de produção.
Assim, a introdução recorrente do patógeno, fez com que sua presença seja notada com maior frequência a cada ano, sendo a moléstia mais importante sempre em solos já explorados pela cultura da batata. Em ensaios de competição de cultivares conduzidos pelo Instituto Agronômico em dois locais, Vargem Grande do Sul e Cesário Lange, com batata-semente importada, houve nítido efeito do local sobre a manifestação de sintomas. Os tubérculos da maior parte dos cultivares colhidos no primeiro local, em solo já cultivado, mesmo com rotação de três anos, mostravam sintomas importantes da moléstia já quando da colheita. Por outro lado, em Cesário Lange, em solo novo, não ocorreu sintoma da moléstia, mesmo em cultivares que tinham sintomas no material de propagação.
Tubérculos: Sarna Prateada, Brotos, danos- insetos, lesões mecânicas e chips
As medidas de controle citadas em 1962 permaneciam válidas em 2001. Incluem o tratamento da batata-semente, a rotação de culturas, a seleção do material de plantio e boas condições de armazenamento.
O fato da moléstia estar presente no Brasil não deve ser visto como fator que permita que materiais altamente contaminados possam aqui adentrar. A 15 de junho de 2004, o setor de Raízes e Tubérculos do Centro de Horticultura do Instituto Agronômico recebeu da ABBA – Associação Brasileira da Batata – amostra de tubérculos de batata consumo para exame e emissão de laudo sobre sua condição fitossanitária.
A amostra era de tubérculos da variedade Frital INTA, produzidos na República Argentina. Essa variedade, destinada especificamente ao processamento na forma de palitos fritos, foi desenvolvida pela Estación Experimental Agropecuária Balcarce, do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA). É originada do cruzamento entre Serrana INTA e Katahdin, tendo sido liberada em 1993. Tem formato alongado, película clara e polpa branca, características essas consideradas indesejáveis pelo mercado brasileiro.
A amostra era constituída de 108 tubérculos, sendo 35 pequenos, com peso médio de 80g; 64 médios, com peso médio de 140g; e 22 grandes, com peso médio de 250g. Os tubérculos estavam em início de brotação, sendo, contudo, os brotos visíveis com facilidade. Contrariamente a outras amostras provenientes da Argentina, examinadas anteriormente, não havia solo aderido à superfície dos tubérculos, uma vez que esses tinham sido lavados em seu país de origem.
O aspecto geral da amostra, porém, era péssimo, com 100% dos tubérculos com sintomas muito severos de ‘sarna prateada’. Os tubérculos foram separados em dois grupos. O primeiro, muito afetado pela moléstia, tinha 60 a 70% da superfície dos tubérculos coberta pela ‘sarna prateada’, mas ainda permanecia em turgescência total. O segundo, ainda mais atacado, apresentava mais de 80% de cobertura, estando em início de flacidez. Foi determinada, por balança hidrostática, a densidade aparente dos dois grupos e estimado seu porcentual de matéria seca. Os valores obtidos foram de 1.077846 e 19.76% para o primeiro grupo, e de 1.076049 e 19.38% para o segundo, deixando evidente que a qualidade culinária do produto já está comprometida pela moléstia.
Além do H. solani foi constatada a presença de ‘sarna comum’, causada por Streptomyces scabies (Thaxter) Waksman e Henrici, em oito tubérculos (9.7%) e a de ‘podridão seca’, de Fusarium sp, em doze (14.1%). Mesmo sendo material destinado ao consumo, condição explicitada no rótulo da embalagem, não há razão alguma para permitir-se a internalização de produto de tão baixa qualidade. Em mais de 36 anos de trabalho em pesquisa relacionada à bataticultura, nunca vimos tal intensidade de ataque, nem mesmo supúnhamos que tal material pudesse ser oferecido ao mercado. A presença de materiais como o aqui descrito vem contribuir para a redução do consumo da batata pela população brasileira.
*Cruz, B.P.B.; (1962): ‘Doenças’. In: C.A.C. Dias (ed), ‘Cultura da Batata’, Série Instruções Técnicas 7:51- 59.** Miranda Filho, H.S. e O.J. Book (1970): ‘Competição de variedades alemãs e nacionais (IAC e gaúchas)’. Relatório da Comissão Nacional de Batata, 12p. (mimeografado). *** Stevenson, W.R. et alii (ed) (2001): Compendium of Potato Diseases. APS Press, St. Paul, 106p.
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