Ocorrência de Entomofauna no cultivo de Batata na região de Alfenas – MG*

Ernani Clarete da Silva , Professor /Pesquisador, Dr. em Genética e Melhoramento Vegetal Universidade JOSÉ DO ROSÃRIO VELLANO – UNIFENAS – FACULDADE DE AGRONOMIA Setor de Olericultura e Experimentação, Caixa Postal 23 – 37130-000 – Alfenas (MG) Tel (35)3299-3119 fax (35)3299-3282 – clarsil@bol.com.br


*Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) conduzido pelo aluno Maurício Quilisi Malvoni como exigência do curso de Agronomia da UNIFENAS. Colaboraram neste trabalho a professora entomologista Renata Santos de Mendonça e o aluno do 60 Período de Agronomia, Gabriel Mascarenhas Maciel.



INTRODUÇÃO
A região Sul de Minas Gerais é a maior produtora estadual de batata. No período 1988-1997, os percentuais oscilaram entre 75 a 86% da produção total do Estado (Resende et al. 1999). No ano de 2000, o Sul de Minas foi responsável por 70% da produção do Estado (Batata Show, 2000). Um dos fatores limitantes da cultura da batata está intimamente ligado à sua suscetibilidade a pragas e doenças, o que faz com que altas quantidades de produtos fitossanitários sejam utilizados ao longo do ciclo da cultura. Segundo Nazareno (2001), várias espécies de insetos com hábitos subterrâneos têm ocasionado severos danos em lavouras de batata, ao perfurarem, escarificarem e abrirem galerias nos tubérculos, depreciando-os comercialmente. A importância desses insetos pragas varia de acordo com os estados e regiões (Barbosa e França, 1981; Gallo et al. 1998). Os insetos e ácaros constituem um dos maiores problemas da cultura da batata O controle dessas pragas constitui um dos fatores que mais oneram o custo de produção devido ao preço dos inseticidas e aos custos de sua aplicação (França, 1997). Para as condições brasileiras, as pragas que exigem atenção nesse sentido são: pulgão-verde (Myzus persicae) vetor do PLRV e PVY, bicho-mineiro ou minador-dasfolhas (Liriomyza huidobrensis) e a larva-alfinete (Diabrotica sp.). O presente trabalho teve como objetivo estudar a ocorrência da entomofauna na cultura da batata (Solanum tuberosum L) na região de Alfenas – MG.


METODOLOGIA UTILIZADA
O experimento foi conduzido no Setor de Olericultura e Experimentação da Universidade José do Rosário Vellano (UNIFENAS) no período de agosto a novembro de 2002 (cultivo das águas). Utilizaram-se quatro cultivares de batata (Ãgata, Atlantic, Asterix e Vivaldi), normalmente cultivadas na região de Alfenas (MG). O delineamento utilizado foi em blocos ao acaso, com quatro repetições. As parcelas tinham 0,80 metros de largura por 5,00 metros de comprimento, com 17 plantas dispostas linearmente em fileiras espaçadas de 0,80 metros. Dentro das fileiras o espaçamento era de 0,30 metros sendo consideradas úteis a 15 plantas centrais. As avaliações consistiram na captura, contagem e identificação de todos os insetos que ocorreram durante o ciclo de cultivo da batata, sendo utilizadas armadilhas e rede entomológica. Para a avaliação dos danos causados por larva alfinete e larva arame, foram retirados aleatoriamente de cada parcela, 4 kg de tubérculos os quais foram avaliados individualmente quanto ao número dos danos de picadas e galerias. Em toda a área experimental não foi aplicado nenhum tipo de inseticida durante todo o ciclo da cultura. Os dados foram submetidos a análise de variância pelo teste de F e, observadas diferenças, as médias foram comparadas pelo teste de Tuquey ao nível 5% de probabilidade.


 


Com esses dados concluiu-se que a entomofauna presente no cultivo de batata é bastante rica em espécies podendo ser caracterizada em pragas de parte aérea, pragas de solo e inimigos naturais, relacionados com cada cultivar. As cultivares Atlantic e Asterix foram as menos atingidas pelas pragas consideradas importantes como pulgões, minadores e tripes.


RESULTADOS
Foram identificadas as seguintes espécies de insetos: mosca – minadora (Liriomyza spp.), pulgão (Myzus persicae e Macrosiphum euphorbiae), tripes (Trips palmi), cigarrinha (Empoasca spp.), burrinho (Epicauta atomaria), larva-alfinete (Diabrotica speciosa), larva-arame (Conoderus spp.) e insetos entomófagos como formigas, microhymenopteros, vespas, larvas predadoras (Coleóptera) e joaninhas. A ocorrência de alguns desses insetos se deu de maneira diferenciada em quantidades significativas entre as cultivares indicando haver algum tipo de preferência. As espécies Lyriomyza spp (minador), Epicauta atomaria (burrinho) e Empoasca spp (cigarrinha) ocorreram de maneira generalizada entre as quatro cultivares, sem diferenças significativas, indicando que todas as cultivares são suscetíveis ao inseto. O mesmo aconteceu com as pragas subterrâneas de importância como Diabrotica speciosa (Larva-alfinete) e Conoderus spp (Larva-arame).


A ocorrência de pulgões foi significativamente mais intensa nas cultivares Asterix e Vivaldi (Tabela 1), indicando uma possível suscetibilidade destas cultivares. Esse dado é importante uma vez que pulgões são transmissores de viroses que degeneram o material e consequentemente, dificultam a produção de batata – semente. Em termos de ocorrência de Trips, a cultivar Asterix registrou  significativamente a maior ocorrência (Tabela 1) não havendo diferenças significativas entre as demais cultivares. Os insetos e larvas que não são considerados pragas ocorreram em números significativamente diferentes, de acordo com a cultivar, com exceção de joaninhas (Tabela 2). Esses insetos são considerados benéficos a cultura uma vez que são predadores de pragas. As cultivares Asterix e Vivaldi se destacaram por apresentar maior ocorrência sendo este um bom indicativo de seu uso em cultivo orgânico. Não foi verificada a ocorrência de traça da batata, Phthorimaea operculella.



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