Exportação-Importação apenas de broto do Alaska-EUA revela um novo sistema de movimentação de batata-semente no mundo: Menor custo e maior segurança fitossanitária.

José A. Caram de Souza-Dias (Eng. Agr. PhD)/APTA-Intituto Agronômico de Campinas, Centro de P&D Fitossanidade, jcaram@iac.sp.gov.br; (19) 3241 5847
William L. Campbell (PhD)/Alaska Plant Material Center, Palmer – Alaska (EUA) 99645.
Andressa B Giusto (Enga. Agra.)/Mestranda da Pós-graduação – IAC


Mediante o êxito econômico que, desde 1996, a técnica de produção de minitubérculos de batata-semente livre de vírus via plantio de brotos vem apresentando, como um novo agronegócio no segmento da bataticultura, passamos a avaliar a possibilidade de importarmos apenas os brotos como substitutivo ao sistema convencional de importação de tubérculos para servirem de “semente” ou “propágulo” classe básica, para o sistema normal de produção/multiplicação de batatasemente (minitubérculos) básica, no Brasil.


Foi a partir de 2003, com aprovação do Ministério da Agricultura/ DDIV, e a colaboração do Dr. William Campbell, do Alaska Plant Material Center, que pudemos realizar a primeira importação de brotos destacados de batata-semente básica, produzida e certificada no estado do Alaska (EUA), para fins de produção de minitubérculos de batata-semente básica, dentro de telados anti-afídeos, no Brasil.


Como principais e imediatas vantagens que se observam na substituição da importação de tubérculos inteiros de batata para apenas brotos, destacados de tubérculos com alta sanidade (batatasemente básica), aponta-se: 1) Econômica: redução no frete internacional; 2) Fitossanitária: redução nos riscos de introdução de solo contendo microorganismos causadores de doença na batata e outras espécies vegetais e inclusive animais; e 3) Social: geração de novos emprego a nível de agricultura família, através de credenciamento e telados anti-afídeos em pequenas e médias propriedades.


Em 2004, os resultados preliminares desse novo e inédito conceito de substituição da importação convencional de tubérculos inteiros como batatasemente básica, para importação apenas dos brotos destacados desses tubérculos, foram apresentados em congressos do Brasil e exterior. Vale destacar aqui o comentário feito pelo Dr. Jim Daves (Univ. of Idaho), que é um dos cientistas mais renomado da bataticultura mundial, após apresentarmos esse trabalho no congresso anual da Potato American Association (Scottsbluff, NK, EUA): “Esse sistema de importação ou exportação de brotos em ubstituição aos tubérculos inteiros, é muito louvável, pois além da maior segurança sanitária, poderá gerar economia de milhões de dólares”. Um resumo do trabalho apresentado no último Congresso Latino Americano de la Papa (Valdivia, Chile) está apresentada no quadro abaixo.


 
   
Variedade Carola – produtividade em campo, a partir do plantio de minitubérculo originadode broto importado do Alaska-EUA



Dr. Caram de Souza-Dias com oficio de importação e amostra dos brotos importados do Alaska-EUA para produção de minitubérculos dentro de telados no Brasil



   
Brotos destacados de tubérculos de batatasemente “básica” (Solanum tuberosum L) para produção de minitubérculos (classe “pré-básica”) no Brasil, foram importados do Alaska Plant Material Center (APMC), USA. Cerca de 300 brotos de 20 x 0,5 cm / 5g, em média, das cvs: Atlantic; Bintje e Carola, foram recebidos em apenas 4 dias, via UPS, dentro de sacos plásticos, contido em caixa de papelão, sem refrigeração.


Após liberação na Defesa Sanitária Vegetal no Aeroporto de Viracopos, Campinas, SP. s brotos foram recebidos em perfeitas condições. Confirmada a ausência dos vírus PLRV, PVY, PVX, PVS, PVA, PVM, TRV e PMTV (ELISA policlonal), cada broto foi plantado dentro de telado anti-pulgão, em bandejas (200 cm3) ou vasos (5 litros), contendo composto autoclavado e 15 g de 4-14-8. A produtividade foi em média: Atlantic, 2; Bintje, 3-5; Carola, 3-4 minitubérculos/broto, com diâmetro > 20 mm. Após 6 meses em câmara fria, os minitubérculos produzidos brotaram normalmente e foram avaliados em campo.
Face aos excelentes resultados de sanidade e taxa de multiplicação (10-20 tubérculos/ minitubérculo plantado) em campos de produção de batata-semente básica, podese apontar um novo produto ou “comódite” no agronegócio da batata: o “Broto-semente”. O plantio de broto, livre de vírus, para produção de batata-semente básica já é um novo agronegócio para pequenos e médios produtores (Souza-Dias et al, 2001, A.J.P.Research, v.78). Agora, a importação apenas dos brotos, oferece como vantagens: (1) Redução nos custos do frete; (2) Menor risco de movimentação / introdução de patógenos do solo e/ou epiderme de tubérculos; (3) Reutilização/ comercialização local dos tubérculos desbrotados, entre outras. (Apoio FUNDAG proj. 13/002-93)
 

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