IAC – Instituto Agronômico de Campinas


 


José Alberto Caram de Souza Dias
Engº Agrônomo (PhD) – Pesquisador Científico VI – Virologista – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
jcaram@iac.sp.gov.br
(19) 3241.5188 ou (19) 9105.5057


 


1. IAC – Considerações Gerais:
• Data de Fundação: Junho de 1892;
• Número de Unidades: 2 sedes (Central e Fazenda Sta. Elisa), além de 4 Centros Avançados;
• Número de funcionários: 170 pesquisadores e total de 350 funcionários.


2. Quais são as principais atividades desenvolvidas pelo IAC atualmente?
A Instituição tem como missão Gerar e Transferir Ciência e Tecnologia para o Negócio Agrícola, visando à otimização dos sistemas de produção vegetal e ao desenvolvimento sócioeconômico com qualidade ambiental. Sua atuação garante, ainda, a oferta de alimentos à população e matéria-prima à indústria, cooperando para a segurança alimentar e para a competitividade dos produtos no mercado interno e externo.


3. Quais foram as principais contribuições do IAC para a Cadeia Brasileira da Batata?
Desde os trabalhos do Dr. Olavo José Boock, com avaliação de produtividade, qualidades culinárias e aspectos fitotécnicos de cultivares de batata importada e nacional. Dr. Boock foi o principal responsável pela criação de diversas variedades nacionais de batata, entre elas, a cv. Aracy tem sido uma das que ainda se destaca pelo interesse no agronegócio da agricultura familiar e orgânica. Seguindo a linha de melhoramento genético do Dr. Boock, com vistas à criação de variedades com resistência às principais moléstias e baixa necessidade de tratos culturais, o Pesq. Científico Hilário da Silva Miranda Fo. vem atuando como pesquisador principal em trabalhos científicos na área de fitotecnia e melhoramento genético da cultura da batata. Foi o principal responsável pela criação de, entre outras, a cv. Itararé que tem sido muito requisitada para plantio nas regiões de microclima do Nordeste Brasileiro, bem como no segmento da agricultura orgânica.


Tem também colaborado na caracterização e reconhecimento de anomalias bióticas e abióticas das diferentes variedades de batata; exemplo dessa atuação foi a constatação da introdução do então exótico e quarentenário patógenos causador da sarna pulverulenta (Spongospora subterranea), em regiões produtoras do Estado de São Paulo, através de tubérculos/batata-semente importados. Na área de estudos de diagnose, epidemiologia e técnicas de controle de viroses da batata-semente, os trabalhos desenvolvidos sob atuação direta ou indireta do Dr. Ãlvaro Santos Costa, mesmo após seu falecimento em 18/08/1998, continuam sendo aplicados e deixaram discípulos com expressivas e significantes contribuições para a produção de batata-semente livre de vírus. Entre estes o Dr. Francisco P. Cupertino, Dra. Profa. Maria Lucia R.Z. Costa Lima e o próprio signatário (Dr. José Alberto Caram de Souza Dias), o qual, desde 1978, vem desenvolvendo e avançando nos estudos sobre técnicas de diagnose, ciclo de hospedeira, epidemiologia, controle da degenerescência da batata-semente causada por vírus, tais como o do enrolamento das folhas (PLRV) e os de sintomas de mosaico, tais como mosaico Y (PVYo; PVYn, e, mais recentemente, a exótica raça PVYntn), Alfafa mosaic virus (AMV), Tobacco rattle vírus (TRV). Cabe ressaltar que, quando da constatação pioneira da introdução do PVYntn no Brasil (fins de 1997), a rápida e abrangente atuação dos pesquisadores do IAC, permitiu a caracterização, elucidação de aspectos moleculares (em colaboração com a Dra. Haiko E, Sawasaki, do Centro de Genética Molecular do IAC) e orientação às agências oficiais de defesa vegetal, bem como aos produtores, na prevenção e controle do PVYntn.


Contribuições do signatário em colaboração com colegas do IAC e outras instituições se deram também como outros vírus exóticos ou re-emergentes no Brasil, tais como Tobacco rattle vírus (TRV), Potato vírus S (PVS), Tomato yellow vein streak vírus (ToYVSV). Portanto, contribuições do IAC nos procedimentos de diagnose e caracterização de viroses da batata vêm sendo feitas, desde a década de 1930, utilizando procedimentos de identificação biológica, imunológica e molecular.


Lamentavelmente, desde 1993, está paralisado no IAC, um importante equipamento de uso na diagnose de vírus e outros patógenos, que é o microscópio eletrônico. Essa não utilização decorre do fato de não estar havendo sensibilidade para a urgente contratação de pesquisador especialista no IAC. É inestimável o prejuízo que um equipamento desses (preço de mercado supera a US$ 1.000.000,00 – um milhão de dólares) causa às pesquisa e diagnose fitossanitária para o agronegócio da batata e de outras culturas.
Outra contribuição que o IAC vem oferecendo, mais recentemente, à cadeia da batata tem sido a da idéia inovadora de substituir a importação anual de tubérculos para apenas os brotos de batata-semente básica, livre de vírus, para produção de minitubérculos de batata-semente básica ,dentro de telados, no Brasil.


4. Quais são as principais atividades que o IAC está desenvolvendo atualmente para a Cadeia Brasileira da Batata?
a) Demonstrando em nível nacional e internacional a possibilidade de fazer com que os brotos destacados de batata-semente livre de vírus venham a se tornar uma oportunidade de negócio no mercado de exportação/importação de batata-semente.
b) Atendimento a produtores, associações e prestação de serviços de análises de viroses em tubérculos dormentes de batata destinados ao uso como semente.
c) Estudos de diagnose, monitoramento em campo, epidemiologia e controle de viroses causadoras de mosaico deformante da folhagem da batateira e que são transmitidos por mosca branca em plantações de batata.
d) Caracterização de um possível nova raça do PVY, associada de forma isolada, até o presente, ao PVYn, e não PVYntn. Sua primeira manifestação ocorreu em níveis de 40% em campos de batata da variedade Monalisa, na região de Vargem Grande do Sul. Os sintomas eram de perpetuação pela batata-semente e do tipo mosaico rugoso; severo encrespamento foliar; aspecto de repolho. A virose não está associada à interação com nenhum outro vírus conhecido e já testado: PVX, PVS, PVM, TRV, PMTV, nem com o Potato virus P (PVP). Não houve evidência de fitoplasma, (segundo Dr. Ivan Bedendo) e nem mesmo de outro tipo de vírus em exame ao microscópio eletrônico (Dr. Elliot W. Kitajima – ESALQ-USP), confirmando exclusivamente Potyvirus, ou PVY.


5. Como a ABBA poderia desenvolver uma parceria e/ou sinergia com o IAC, visando ao fortalecimento e a modernização da Cadeia Brasileira da Batata?
Através de financiamento de projetos de pesquisa a curto e médio prazo, como recentemente foi dado início a estudos com mosca branca (praga e vetora de viroses). Buscar solução de problemas pontuais, que demandam experimentação local ou regional para uma rápida solução.


 

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