Paulo Cezar Rezende Fontes Prof. da Universidade Federal de Viçosa. Bolsista do CNPq. 36570-000 – Viçosa/MG – pacerefo@ufv.br. Marcelo Cleón de Castro Silva Engenheiro Agrônomo, Estudante de DS. DFT/UFV – mdecastro70@yahoo.com.br. Glauco Vieira Miranda Prof. da Universidade Federal de Viçosa, 36570-000 Viçosa/MG – glaucovmiranda@ufv.br.
INTRODUÇÃO.
Alguns pontos conexos são destacados antes da abordagem específica do tema:
1) sem adubar com nitrogênio (N) dificilmente haverá lucro com a cultura da batata,
2) o solo pode conter razoável quantidade de N;
3) a resposta à adição de N obedece à lei do mínimo para os outros fatores de produção;
4) o fertilizante nitrogenado é considerado uma fonte de potencial contaminação de nitrato das águas subterrâneas, lagos e rios, principalmente em solo arenoso de área intensamente cultivada;
5) teorias e princípios são passivos de generalização, mas não é recomendável a generalização de quantidade fixa;
6) é necessário exercitar a resposta para a pergunta: quanto posso e devo gastar com o adubo nitrogenado;
7) a produtividade de tubérculos de batata segue a lei dos rendimentos decrescentes para uma faixa ampla de doses de N;
8) a adequada escolha do modelo estatístico é determinante da dose recomendada de N. Para decrescer o potencial de poluição do excesso de N, a solução é aumentar a eficiência no uso do adubo nitrogenado. Apesar do conhecimento existente, não oportuno de ser mencionado no momento, ainda é difícil recomendar uma dose de N que seja a exata quantidade que a cultura da batata “retira” do solo. O residual, se em pequena quantidade, não necessariamente será fonte de poluição. Processos biológicos como decomposição, imobilização e denitrificação alteram constantemente a disponibilidade de nitrato no solo possível de ser lixiviado.
Normalmente, a recomendação da dose de N tem sido feita de maneira generalista, quase sempre utilizada para os mais diversos sistemas de produção. Contudo, em todas as atividades humanas, tem sido verificado que receita geral tem utilidade geral. Procedimentos generalistas proporcionarão resultados medianos podendo implicar em lucro reduzido ou mesmo prejuízo e falta de competitividade no mercado. Estamos na era do “personal”: “computer”, “trainer”, “manager”. Em analogia, é necessário um “personal Engenheiro Agrônomo” (PEA) para planejar, detalhar, treinar, acompanhar, avaliar, modificar, enfim “engenhar” a sintonia fina dos procedimentos executados na propriedade, evitando-se a generalização e objetivando-se a obtenção de elevados rendimentos culturais e eficiência econômica. Assim, tem sido feito por industriais, comerciantes e agricultores atualizados.
Para realizar a sintonia fina na bataticultura, é necessário considerar não somente a forte interação existente entre genótipo x ambiente x homens (conhecimento e experiência do proprietário e do técnico), mas também o curto período de tempo da cultura no campo. É atividade diária, trabalhosa e que necessita da dedicação de profissional estudioso, com capacidade de relacionamento social, conhecimento técnico-financeiro e entendimento global de toda a cadeia produtiva da batata. É tarefa incompatível com grande número de propriedades assistidas. Na sintonia fina ou engenharia do processo de produção, é necessário responder quanto posso e devo gastar com o adubo nitrogenado. É uma decisão alternativa de alocação de recurso financeiro que deve ser entendido como escasso e o mais limitante no processo produtivo. Na economia vigente, não há mais espaço para gastar e no final verificar se houve lucro ou prejuízo. Decisões à priori são essenciais. Isso é trabalho para o PEA.
A definição precisa da dose de N poderá ser conseguida com testes adequadamente programados e conduzidos na propriedade onde ocorrem complexas interações entre genótipo x ambiente x homem x práticas culturais. Posteriormente, os resultados devem ser analisados, interpretados e escolhido um modelo matemático para descrever a relação existente entre as doses de N e a produção de tubérculos de batata. Decisão a respeito da melhor dose de adubo envolve o ajuste de modelo que descreva, adequadamente, os dados obtidos no campo. Alguns modelos são possíveis de serem usados, sendo que a escolha afeta sensivelmente o valor da dose ótima do fertilizante (Cerrato e Blackmer, 1990; Fontes e Ronchi, 2002). A escolha do modelo pode ser baseado em critérios, sendo esse o tema específico do texto.
MATERIAL E MÉTODOS.
Foram utilizados os dados do experimento realizado na Horta de Pesquisa do DFT/ UFV em Podzólico Vermelho-Amarelo Câmbico não adubado com N nos últimos três anos e intensamente cultivado com milho. Foram estudados cinco tratamentos, no delineamento em blocos completos casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos foram cinco doses de N (0, 50, 100, 200 e 300 kg ha-1 de N), na forma de sulfato de amônio, aplicadas em sulco, imediatamente antes do plantio.
Cada parcela media 4,5 m x 2,0 m em cada bloco, sendo compostas de 6 fileiras de plantas, espaçadas 0,75 m entre si e 0,25 m entre plantas. As 2 fileiras laterais e as duas plantas das extremidades das fileiras foram bordaduras. A cultivar foi a Monalisa sendo que o tubérculo-semente estava em início de brotação e massa de 70 g. O plantio foi realizado em 14/05. O manejo da cultura seguiu as normas recomendadas (Fontes, 2005) incluindo-se a utilização de arado de aiveca e irrigação por aspersão. Uma semana após o total secamento da parte aérea, em 13/09, os tubérculos foram colhidos e selecionados, permanecendo no campo em torno de uma hora e, em seguida, foi determinada a produtividade. Os dados de produtividade de tubérculos foram submetidos às análises de variância e de regressões linear e não linear utilizando os programas SAS e SAEG. A escolha do modelo foi baseada nos critérios:
1- lógica biológica;
2- significância do quadrado médio da regressão;
3- não significância do F ao ser testada a falta de ajustamento;
4- alto valor do coeficiente de determinação (R2) e, quando possível, significância dos parâmetros da equação de regressão (T’ e T”).
Para os cálculos foram adotados:
R$ 3,30/kg de N (pagamento a prazo);
R$ 0,60 (cenário desfavorável) ou R$ 1,20/ kg de batata (cenário favorável) e considerou-se que o preço da aplicação é igual para qualquer quantidade de N.
RESULTADOS
Os modelos Linear plateau, Quadrático plateau, Mitscherlich, Sigmoidal, Raiz quadrada e Quadrático (Tabela 1) preencheram os critérios estabelecidos embora os modelos Mitscherlich, e Sigmoidal apresentem apenas razoável lógica biológica. Os diversos modelos levam a dose de N variando de 29 a 178 kg.ha- 1, ao gasto de 96 a 586 R$.ha-1 e a produtividade de 33,5 a 40,7 t.ha-1 (Tabela 2). Qual modelo escolher ?
Após a venda da batata e o pagamento do adubo, sobraria mais dinheiro ao ser escolhido o modelo uadrático (Tabela 3). Além disto, a maior quantidade de N poderia ser um seguro contra eventuais perdas de N, o que provavelmente não ocorreu, pois, a fonte foi o sulfato de amônio aplicado em sulco, em solo argiloso, no período da seca e irrigação bem manejada.
Escolhido o modelo quadrático, surge a pergunta: qual a dose de N deve ser aplicada? Aquela que propicia a máxima produção física (DFN) ou a máxima produção econômica (DEN)? Apropriadamente calculadas, a DFN foi 178 kg.ha-1 (R$ 587,00) e as doses econômicas foram 163 kg.ha-1 (R$ 538,00) ou 171 kg.ha-1 (R$ 564,00), nos cenários desfavorável ou favorável, respectivamente. A decisão de escolher DEN ao invés de DFN implica em despesa menor de R$ 24,00/ha. Somente com essa decisão, mínima em relação às outras necessárias na cadeia produtiva da batata, são economizados R$ 36.000,00 em 1.500 ha de batata (4-5 meses), suficientes para pagar um PEA durante 12 meses.
CONCLUSÃO/SUGESTÃO
Além da escolha do modelo apropriado, imagine a implicação técnico-financeira das decisões sobre os outros nutrientes, insumos, práticas culturais e tecnologias que necessitam ser ajustadas a cada local. Acreditamos que um PEA competente é capaz de tal tarefa e de gerar lucro para o produtor de batata, principalmente em ambiente desfavorável.
LITERATURA.
BELANGER, G.; WALSH, J. R.; RICHARDS, J. E.; MILBURN, P. H.; ZIADI, N. Comparison of three statistical models describing potato yield response to nitrogen fertilizer. Agronomy Journal, v.92, p.902-908, 2000.
BULLOCK, D. G.; BULLOCK, D. S. Quadratic and quadratic-plus-plateau models for predicting optimal nitrogen rate of corn: a comparison. Agronomy Journal, v.86, p.191-195, 1994.
CERRATO, M. E.; BLACKMER, A. M. Comparison of models for describing corn yield response to nitrogen fertilizer. Agronomy Journal, v.82, p.138-143, 1990.
FONTES, P. C. R. Olericultura: Teoria e Prática. Universidade Federal de Viçosa, M.G., 2005, 486p.
FONTES, P.C.R.; RONCHI, C.P. Critical values of nitrogen indices in tomato plants grown in soil and nutrient solution determined by different statistical procedures. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.37, n.10 p.1421-1429. 2002.
Márcia Vizzotto marcia.vizzotto@embrapa.br Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS A cor, possivelmente mais que qualquer outro fator, influencia significativamente na aceitabilidade de um produto, o que torna satisfazer o desejo dos consumidores uma tarefa delicada. É...
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