As cadeias do agronegócio do Brasil precisam ser profissionalizadas urgentemente,pois somente assim poderão se tornar competitivas ou serão totalmente englobadas.
Nos países desenvolvidos verificase um equilíbrio, enquanto no Brasil e em muitos países menos desenvolvidos predomina o desequilíbrio entre os segmentos de uma mesma cadeia produtiva.
Algumas das principais consequências desse desequilíbrio para o Brasil e países menos desenvolvidos são a evasão de recursos econômicos, a redução
da produção nacional, as importações desnecessárias, a introdução de patógenos exóticos, o desemprego, a retração de consumo etc.
A solução para reverter essa situação é relativamente simples. Basta copiar os exemplos bem sucedidos das cadeias produtivas que se organizaram profissionalmente e que provocaram as mudanças necessárias para a sustentabilidade e crescimento equilibrado de todos os segmentos.
Assim sendo, baseado em nossa experiência e nos conhecimentos adquiridos em visitas a países que organizaram profissionalmente suas cadeias produtivas, sugerimos para a Cadeia Brasileira da Batata algumas atividades, forma de arrecadação de recursos econômicos e resultados esperados.
Sugerimos como principais atividades a realização de pesquisas para a solução de problemas e geração de tecnologias; a modernização das atuais legislações inerentes à batata semente (obrigatoriedade do uso de batata semente fiscalizada) e ao consumo (obrigatoriedade de rotulagem – rastreabilidade e informações culinárias ao consumidor); defesa fitossanitária interna (disseminação de problemas fitossanitários) e externa (fiscalizações severas para impedir o contrabando e as importações de produtos classificados como fora de padrões); a profissionalização dos segmentos (cursos e treinamentos técnicos, comerciais); a modernização do sistema de comercialização (embalagens, pagamentos/recebimentos, margens de lucro); incentivo ao processamento da batata e desenvolvimento dessa prática; a realização de campanhas para aumentar o consumo; incentivo à geração de empregos; viabilização do produto à população de baixa renda; projetos de preservação do meio ambiente etc.
Sugerimos como forma de arrecadação de recursos econômicos uma contribuição obrigatória amparada em legislações federais. Em geral, nos países desenvolvidos a contribuição é irrisória, ou seja, US$ 0,10 / 50 Kg = US$ 2,00 / tonelada = R$ 5,00 / tonelada. Considerando que no Brasil produzimos aproximadamente 2 milhões de toneladas, a arrecadação resultaria em R$ 10 milhões.
Se o consumidor pagar em média R$ 1,00 / kg, a venda total resultaria em R$ 2 bilhões. Mediante este cálculo, a contribuição obrigatória resultaria em 0,5% da arrecadação total da cadeia brasileira da batata.
Como resultados práticos do associativismo profissional não temos dúvidas dos grandes e decisivos benefícios para a Cadeia Brasileira da Batata e principalmente à população do Brasil.
Alertamos para as consequências devastadoras que já são fatos e que poderão acontecer à sociedade e à economia do Brasil se, em curto espaço de tempo, não ocorrer a organização profissional de todas a cadeias de agronegócios.
Autor: Natalino Shimoyama, Gerente Geral ABBA
Fonte: Revista Cultivar HF - out/nov 2005 - ano VI - nº 34
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