Valorização da pesquisa.

A importância da pesquisa é indiscutível para a sustentabilidade e a evolução do planeta. À medida que a globalização avança, muitos países subdesenvolvidos investem cada vez menos no segmento pesquisa, ao contrário dos países ricos, que se tornam cada vez mais desenvolvidos e competitivos. Como resultados práticos desse equívoco, os países que menos aplicam recursos aumentam suas importações e o desemprego.

No Brasil os investimentos em pesquisas sempre foram insuficientes, e a situação tem se agravado principalmente nas últimas duas décadas. Consideramos que atualmente o cenário é extremamente crítico, pois não há praticamente organização, investimentos, integração, renovação de pesquisadores e pesquisas com batata. Enquanto nos países que investem em pesquisa os problemas estão sendo solucionados, e novas tecnologias, criadas, na cadeia brasileira da batata os problemas aumentam dia a dia, e as novas tecnologias são adquiridas a elevados custos, pois são predominantemente importadas.

A falta de organização impossibilita priorizar pesquisas mais urgentes. Geralmente cada pesquisador trabalha com o que “dá na teia”, ou desenvolve trabalhos solicitados e financiados pela iniciativa privada. Para complicar mais a situação, frequentemente os resultados não chegam até os interessados ou não são aplicáveis.

A ausência de investimentos não significa obrigatoriamente inexistência de recursos econômicos. As liberações desses recursos muitas vezes dependem de questões políticas, da priorização dos órgãos responsáveis e também da falta de organização e de atuação dos interessados.

A integração profissional deveria ter iniciado simultaneamente à abertura das fronteiras para o comércio internacional. Enquanto a competição entre pesquisadores, instituições, cidades, estados ou regiões continua no Brasil, muitas empresas aproveitaram para entrar e dominar os mercados nacionais. Nos países desenvolvidos, apesar de existir também o “bairrismo”, a prioridade foi direcionada para a competição internacional.

A renovação tem sido muito insatisfatória devido à decadência de importantes instituições, ao desprezo com os atuais pesquisadores e à falta de oportunidade ou incentivo aos futuros profissionais.

Diante desse cenário desfavorável, sugerimos como pesquisas urgentes para a cadeia brasileira da batata a busca de soluções para alguns problemas fitossanitários como o controle da Sarna Comum (Streptomyces ssp) e Prateada (Helminthoporium solani), a criação de alternativas para evitar a disseminação da Murchadeira (Rastonia solanacearum) em todas a regiões produtoras de batata no Brasil; a descoberta dos danos diretos e indiretos causados pela Mosca Branca (Bemisia sp) e a criação de alternativas de controle para essa grande ameaça; o estabelecimento de opções para viabilizar plantios sucessivos de batata em uma mesma área; a introdução de variedades culinárias satisfatórias aos consumidores e a eliminação correta e segura de batatas descartadas.

Sugerimos, ainda, a criação de tecnologias para a modernização da classificação de batata fresca, a modernização das embalagens e da comercialização em geral, a preservação do meio ambiente e a segurança no trabalho.

Não temos dúvidas da importância das pesquisas e das novas tecnologias para a cadeia brasileira da batata, porém a criação de um plano de pesquisa moderno dependerá da organização profissional de parte ou, se possível, da totalidade dos segmentos do setor. A priorização dos problemas, a obtenção de recursos econômicos, a integração profissional dos pesquisadores e a participação do governo são fundamentais para a execução desse plano. Se isso acontecer, a cadeia mudará para melhor, caso contrário continuaremos a ser englobados por cadeias que priorizaram e realizam as pesquisas.

Autor: Natalino Shimoyama, Gerente Geral ABBA

Fonte: Revista Cultivar HF - Agosto/Setembro 2006 - ano VII - nº 39

http://www.cultivar.inf.br
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