O Deputado Odelmo Leão é mineiro nascido em Uberaba e está em seu 3º mandato como Parlamentar Federal, tendo conseguido aprovar 7 projetos que foram transformados em leis. Atualmente é líder do PPB desde 1995 e como grande político realizou grandes trabalhos para a sociedade. A seguir a entrevista realizada pela ABBA.
1 – Pergunta – Como o Senhor hoje vê o fenômeno da globalização?
Dep. Odelmo – A globalização, gostemos dela ou não, é uma tendência mundial que nos atingiu, como praticamente a quase todos os países do mundo. Ela não é uma obra do acaso econômico. Foi construída por países, empresas e pessoas. Por esta razão, entendo que não devemos vê-la com medo ou tratá-la com o ceticismo daqueles que a imaginam uma tendência em declínio.
2 – Pergunta – Afinal, a globalização trouxe resultados positivos ou negativos para o mundo e para o Brasil?
Dep. Odelmo – É inegável que a globalização trouxe no plano mundial fatores positivos. Dentre eles, poderia citar o fato da economia ter transposto, em certo sentido, as fronteiras nacionais, trazendo mais democracia, liberdade, comércio e oportunidades empresarias e profissionais. Observada, porém, sob o ângulo daqueles que a defendiam como uma espécie de dogma, a globalização não trouxe a prosperidade econômica apregoada para a maioria dos países, nem a vitória do livre comércio entre as nações e tampouco, o triunfo da preservação ambiental no mundo. No Brasil, se pode creditar como efeitos favoráveis, certo progresso industrial, tecnológico e na área de serviços. Contudo, no que se refere aos seus aspectos negativos, verificaram-se, senão as mesmas, até maiores dificuldades em relação à exportação de produtos brasileiros, em decorrência das barreiras impostas pelos países desenvolvidos e também, pela desigualdade da competição no mercado mundial, principalmente, dos nosso produtos agrícolas, cujos preços são bombardeados pelos concorrentes do primeiro mundo, que obtém dos respectivos governos, fortes subsídios.
3 – Pergunta – Qual o posicionamento que o Senhor entende que deveríamos tomar diante a globalização?
Dep. Odelmo – Da mesma forma como a tendência da globalização foi construída, pode ela ser convertida a nosso favor. É necessário, tão somente, estruturarmos e trabalharmos nossa estratégia do futuro, em vez de nos acomodarmos e sermos empurrados pelos acontecimentos guiados de fora. Certamente esta é uma tarefa complexa e que leva tempo. Todavia, a definição de nossos próprios rumos e das ações para atingirmos objetivos de desenvolvimento econômico e social não é algo impossível de se fazer, pois graças a Deus, o Brasil dispõe, em quase todos os seus segmentos sociais, de pessoas motivadas, preparadas e dispostas a construir um novo País.
4 – Pergunta – Na sua opinião, quais são, na atualidade, os principais problemas do Brasil?
Dep. Odelmo – Não se pode negar que o País tem problemas correspondentes ao tamanho de nosso território e população. Problemas relacionados ainda ao nosso baixo nível de desenvolvimento econômico; à grave concentração de renda; às altas taxas de desemprego; às carências dos setores de educação e saúde; o preocupante aumento da violência urbana; e o acentuado crescimento da incidência criminal. Nada, entretanto, que não possa ser solucionado pelos brasileiros com seu trabalho e espírito criativo. Basta que abandonemos a cansativa assertiva de sermos o “país do futuro” para integrar, de fato, o presente como uma nação próspera e justa para os seus filhos, realizando para valer as mudanças estruturais e as transformações reclamadas pela sociedade brasileira há longo tempo e que não tendo sido realizadas.
5 – Pergunta- Como o Senhor acha que esses problemas deveriam ser solucionados? Poderia dar algum exemplo?
Dep. Odelmo – Entendo ser indispensável percorrer, metódica e sistematicamente, uma sequência de mudanças estruturais e que considero vitais. Elas devem ser iniciadas por uma verdadeira reforma política. Esta reforma deve unificar as eleições; permitir as coligações partidárias apenas nas eleições majoritárias; enquanto que nas demais eleições devem ser eleitos os candidatos com maior número de votos; revitalizar os partidos políticos e fortalecer a representação política, com a exigência de que os partidos fixem e exijam de seus membros, dentro de novos padrões éticos, a adesão e o cumprimento de claras diretrizes programáticas, que permitam aos eleitores ao votar, eleger não só seus representantes, mas também, escolher um programa de ação partidária a ser seguido, fielmente, por todos os integrantes do mesmo partido, sob pena de ensejar o legítimo processo democrático de exclusão daquelas que votarem ou se comportarem afrontando o respectivo estatuto da agremiação partidária. É evidente que a evolução política, econômica e social do País, certamente, trará de tempos em tempos, mudanças e ajustes nestes estatutos.
6 – Pergunta – O Senhor poderia trazer outros exemplos de mudanças necessárias?
Deputado Odelmo Leão – Sim. Na sequência das mudanças, as quais entendo necessárias, sou de opinião que, após a reforma política, tal como a descrevi anteriormente, é imprescindível estabelecer um amplo pacto federativo no País, juntando todos os níveis de governo (União, Estados e Municípios) e os três Poderes em torno de uma correta reforma do Estado brasileiro. Não é mais possível continuarmos a conviver com a superposição de responsabilidades, funções, órgãos e de emprego dos recursos públicos, enquanto que a população fica confusa e sem saber a quem se dirigir e de quem cobrar a execução dos serviços públicos que lhes são devidos. É necessário, definir com absoluta clareza as responsabilidades dos três níveis de governo relativas a cada uma das funções públicas, de modo que o contribuinte e eleitor possa acompanhar e reclamar a quem de direito, e pelo voto, avaliar a qualidade da representação popular e das administrações públicas nos diversos níveis de governo.
7 – Pergunta – Interessante. O Senhor se incomodaria de continuar expondo essas idéias sobre as mudanças necessárias ao País?
Dep. Odelmo – De modo algum. Em complemento a essa reforma do Estado, simultaneamente, ou logo em seguida, surgirá a necessidade de uma adequada reforma tributária que possa estimar com precisão o volume de recursos indispensáveis para o exercício das funções públicas nos níveis de governo em que, técnica e politicamente, a reforma do Estado provida por meio do referido pacto federativo entende-se mais correta e assim, definir a alocação de impostos, taxas e contribuições, segundo a carga tributária que a população deverá transferir ao Poder Público. É bom lembrar que o Estado brasileiro perdeu nos últimos anos, quase que totalmente a capacidade de fazer investimentos, inclusive aqueles que correspondem às suas obrigações mais elementares, como aquelas relacionadas às áreas de educação, saúde, segurança pública, desenvolvimento e manutenção da infra-estrutura de equipamentos públicos, como por exemplo, a manutenção das rodovias federais e a expansão do sistema energético nacional.
8 – Pergunta – Quais são os principais problemas da agricultura no Brasil?
Dep. Odelmo – Problemas é que não faltam à agricultura brasileira. Esses problemas acentuam-se de região para região. No entanto, em termos gerais, poderia dizer que dentre eles se destacariam: a escassez e o custo do crédito agrícola no País; o aviltamento dos preços internos dos produtos agrícolas; a concorrência desleal dos preços subsidiados dos concorrentes dos países desenvolvidos; os crescentes custos de produção onerados pelo crescimento dos preços dos insumos cotados em dólar, enquanto os preços internos são afetados pela opressão dos intermediários na comercialização e o baixo nível de renda dos consumidores brasileiros; e a total incapacidade dos governos em prover investimentos de infra-estrutura rural, como por exemplo, a construção e manutenção de estradas vicinais e o incremento da eletrificação rural indispensável à modernização dos empreendimentos agrícolas.
9 – Pergunta – Qual seria o caminho para resolver os problemas da agricultura que o Senhor indicou?
Dep. Odelmo – De alguma maneira esta questão já foi respondida, quando abordei a necessidade das reformas estruturais, quais sejam: reforma política, do Estado e tributária. Aduzo, entretanto, uma mudança cultural que deveria ser trilhada para atacar os problemas que indiquei. É necessário que a sociedade brasileira deixe de ver o setor agropecuário com o preconceito e a ótica de como é visto, hoje, pela maioria da população urbana. Seria muito produtivo que a maioria da sociedade e principalmente, as autoridades avaliassem melhor a real dimensão e importância da agricultura brasileira, que deu sustentabilidade a todos os ciclos do desenvolvimento econômico do País. Uma nação com o contingente populacional do tamanho que tem o Brasil deve olhar e cuidar com diligente atenção para a questão da agricultura. Assim, vejo como o principal caminho a ser perseguido para solucionar os problemas da agricultura, a realização de um trabalho de conscientização nacional sobre o setor agropecuário do País.
10 – Pergunta – Considerando que a batata é um alimento muito consumido no mundo e o Brasil é auto-suficiente no abastecimento interno, quais medidas efetivas e legais poderiam ser adotadas para evitar o crescimento das importações de produtos processados ou frescos?
Dep. Odelmo – É preciso reconhecer que poucas pessoas no País, inclusive autoridades públicas, têm conhecimento de que a batata é o 3° alimento mais consumido no mundo e como tal, deveria ser objeto da atenção dos segmentos de governo responsáveis pelas questões agrícolas e de importação e exportação. Sendo um alimento saudável e de baixo custo deveria receber estímulos e incentivos para integrar em maior medida à dieta dos brasileiros. Quanto à questão das importações de produtos processados ou frescos, entendo que deveríamos observar os comportamentos dos nossos parceiros comerciais e adotar a reciprocidade de tratamento.
11 – Pergunta – Como o Senhor vê a sucessão da Presidência da República neste momento?
Dep. Odelmo – Gostaria de dizer que essas disussões políticas das eleições que só ocorrerão em outubro de 2002, são precipitadas. Não deveríamos estar discutindo neste momento, posições políticas, posições partidárias e estratégias. Ao contrário, nós todos deveríamos nos debruçar sobre assuntos mais relevantes na atualidade para população brasileira, como por exemplo, a crise energética e as questões de recessão econômica e de emprego. Eu acho que no Brasil, a exemplo do que as pessoas coerentes vêm fazendo, nós, políticos, precisamos ajudar o Presidente da República a concluir bem o seu governo, porque assim sendo, todos os brasileiros serão beneficiados.
12 – Pergunta – As pesquisas de opinião mostram uma avaliação popular negativa do Presidente Fernando Henrique. O Senhor acha que esse quadro será revertido no ano que vem?
Dep. Odelmo – Vejo o resultado dessas pesquisas com normalidade. E vejo nessas avaliações negativas, reações momentâneas às ações que o Governo teve a coragem de empreender, ou que deixou de empreender, para superar não só os problemas que encontrou e que afetam a todos mais diretamente, mas também os decorrentes de suas próprias falhas, como é o caso da crise energética. Entendo porém, que ainda é cedo para avaliarmos o Governo Fernando Henrique e o muito que já fez para melhorar as condições do País e de seu povo. Estou convicto que ao final do seu mandato, o Presidente Fernando Henrique terá o reconhecimento da sociedade por sua administração como um todo. As crises que foram muitas, até aqui foram superadas. O mesmo caminho se desenha para a crise energética, graças, sobretudo, à reação do próprio povo, que não se recusou a ser solidário com as dificuldades do País.
13 – Pergunta – Para encerrar gostaria que o Senhor dirigisse uma mensagem à cadeia brasileira da batata.
Dep. Odelmo – Louvo e felicito a cadeia produtiva da batata pela relevante contribuição que tem trazido à agricultura do País, bem assim à causa da alimentação de nossa população. Estou seguro que o espírito empreendedor dos produtores e comerciantes deste importante alimento e o seu amor pelo Brasil os fará vencer este momento difícil vivido pelo setor que, graças a Deus, brevemente será superado pela dimensão de nosso mercado interno, pela melhoria do nível de renda de nossa população, bem como pelo potencial de exportação que tem a batata, tão logo sejam extintas as práticas protecionistas dos países desenvolvidos. Aproveito o ensejo para informar que, por requerimento já aprovado, encaminhado à Presidência da Comissão de Agricultura e Política Rural da Câmara dos Deputados, pela primeira vez na história do Congresso Nacional a cadeia brasileira da batata terá oportunidade de às 9 horas do dia 12 de setembro, em audiência pública, naquela Comissão Técnica Permanente, manifestar-se aos Parlamentares federais e convidados sobre a importância, as dificuldades e as necessidades do setor. Finalmente, gostaria de me colocar à disposição do setor na Câmara dos Deputados ou em meu Escritório em Uberlândia.
Carlos Eduardo Garcia – Assessor de Agronegócios EMBRAPA, Fernando Cesar Juliatti – Diretor do ICIAG – UFU, Marcelo Balerini de Carvalho – Diretor Presidente da ABBA e Odelmo Leão – Deputado Federal PPB
Eng. Agro. Dr. Fábio Maximiano de Andrade Silva Representante de Pesquisa e Desenvolvimento DuPont do Brasil S.A. Traça da batata-detalhe ponteiro atacado A traça da batata é uma das mais importantes pragas que danificam...
Heder Braun1, Paulo Cezar Rezende Fontes2, Marcelo Cleón de C. Silva3, Fabrício S. Coelho1 1UFV, Doutorando no Departamento de Fitotecnia, Bolsista do CNPq, hederbraun@hotmail.com, fabrício.coelho@ufv.br 2UFV, Professor do Departamento de Fitotecnia, Bolsista de Produtividade...
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Engº Agrº José Francisco Tristão Coordenadoria e Defesa Agropecuária – SAA/SP Em junho/2000, houve modificações nas normas e legislação sobre rótulos, bulas e destinação de embalagens de defensivos. Modificações essas, impostas pela Lei 9974...