A batata e o aquecimento global

Alguns podem achar exageradas as notícias sobre os efeitos do aquecimento
global para a agricultura brasileira, mas é bom que os batateiros comecem a
pensar mais seriamente no assunto. Originada de climas frios dos Andes, a batata
necessita temperaturas baixas, pelo menos durante a noite, para tuberizar
satisfatoriamente. Imaginemos, então, que se concretizará um aumento de 20C a
30C na temperatura da terra a cada 50 anos.


Onde e em que meses do ano estaremos ainda plantando batata no Brasil no
final deste século? Esta análise já vem sendo feita para algumas espécies de
plantas e em breve teremos a situação da batata. Por exemplo, estudos realizados
na Embrapa Informática Agropecuária, em Campinas, indicam que, se nada for feito
para amenizar o problema de aquecimento global, a atividade cafeeira perderá
quase 50% da área plantada nos próximos oito anos.


Isso é esperado principalmente em função de défi cit hídrico em regiões
montanhosas, onde também se planta alguma batata. Ocorrendo o aumento da
temperatura nessas proporções, mesmo que não de forma tão drástica como para a
cafeicultura, a ameaça maior recairá sobre os batateiros da Chapada Diamantina,
pois os estudos da Embrapa indicam que, no Brasil, os efeitos maiores do
aquecimento global serão observados na Região Nordeste. Ressalta-se que é
exatamente nesta nova fronteira que são obtidas as melhores produtividades da
batata, graças ao grande investimento em tecnologia e visão empresarial dos
produtores.


De “barbas de molho”, devem também fi car os produtores da região dos
Cerrados, com situação apenas um pouco melhor que a do Nordeste. Por outro lado,
as lavouras mais altas de Santa Catarina terão maior sobrevida, embora as épocas
de plantio devam sofrer mudanças. Produção e produtividade à parte, há que se
considerar ainda a ameaça crescente de algumas doenças de alto poder destrutivo
que são favorecidas por altas temperaturas, tais como a murchadeira (Ralstonia
solanacearum) e canela-preta/podridão- mole (Pectobacterium spp.).


Se servir de consolo, espera-se que a requeima – que é favorecida por baixas
temperaturas – se torne menos agressiva. E fi ca aqui a dúvida sobre a
efetividade das medidas a serem tomadas com urgência: investir pesado na redução
das complexas causas do aquecimento global ou nos prepararmos para sua
inexorável chegada, com cultivares resistentes ao calor e ao défi cit hídrico, a
serem planejadas desde já nos programas de melhoramento genético. Ou tomamos
providências ou daqui a pouco estaremos comendo, em vez de batata, batatadoce e
mandioca, raízes tuberosas bem mais adaptadas a climas quentes. Ou, quem sabe,
consumindo batata pré-frita importada do Alaska.

VEJA TAMBÉM

VARIEDADES DE BATATA ATLANTIC.

Pedro Hayashi – Pirassu AgrícolaSócio-proprietário (Eng. Agrônomo)Rua José Bonifácio, 530, Centro, Sala 6 AVargem Grande do Sul/SP – CEP: 13880-000(19) 3641.6201jarril@uol.com.brescritorio-pirassu@rantac.com.br No Mercado fresco, o padrão de batatas sem dúvida foi introduzido pelas variedades...

LER

Programas de pulverização para o controle de doenças da batata ( Solanum tuberosum L.)

Luís Antônio S. Azevedo Syngenta Proteção de Cultivos Ltda Departamento Técnico e-mail : azevedo.luis@syngenta.com 1 – IntroduçãoNa prática , os programas de controle de doenças de plantas são as recomendações técnicas que se fazem...

LER

Aniversário da CACB 10 anos

Luiz Carlos Mariotto – GerenteAv. Plácido Batista da Silveira, 355Capão Bonito-SP – 18300-00015-3542-1280 – cacb@uol.com.br A CACB – Cooperativa Agrícola de Capão Bonito – foi fundada em 4 de julho de 1994, com o...

LER

Rendilhamento no Tubérculo de Batata

Carlos Lopes Agnaldo Ferreira Giovani Olegário Carlos Ragassi Especialmente no Brasil, a aparência dos tubérculos é um importante diferencial na comercialização de batata para mesa. Por isso, é muito gratificante para o produtor observar um...

LER