Valmir Duarte – valmir@ufrgs.br;
valmir.duarte@pq.cnpq.br
Prof. titular, Fitopatologia,
Ph.D. Eng. Agr., CREA-RS 29.404
Chefe do Depto – Depto de Fitossanidade, Faculdade de Agronomia, UFRGS
51 3308.6016 / 9986.9421
Prof. Valmir Duarte em lavoura de batata
O controle de doenças é baseado na produção de tubérculos-semente livres de patógenos (bactérias, fungos, nematóides, oomicetos, vírus, viróides…) oriundos inicialmente de material axênico (esterilizado). A contaminação do tubérculo é um risco constante, com o patógeno podendo se localizar superficialmente, nas lenticelas, nos olhos, ou no interior do tubérculo. Por isso é importante detectar e eliminar lotes com infecção latente precocemente no processo de multiplicação de tubérculos-semente. Para entender a dificuldade desta tarefa, inicialmente devemos saber exatamente o que é um tubérculo.
O que é um tubérculo?
O tubérculo é considerado, botanicamente, um caule volumoso, que surge da modificação (expansão radial) do estolão – também considerado um caule, subterrâneo. Quando colocado no solo, não emite raízes, mas gemas axilares – brotos. Um caule tem nós e entrenós. Os nós são os locais de onde surgem as folhas. Os entrenós são os locais entre os nós. Portanto, os “olhos” do tubérculo são nós de um caule modificado.
O tubérculo possui uma estrutura característica de caules: as lenticelas, que permitem a entrada do ar, mas onde também se alojam patógenos, particularmente bactérias. Outro local importante é a região de conexão do tubérculo ao estolão (cordão umbilical). Esta região é rica em vasos, onde podem se localizar vários patógenos.
O termo “tubérculo-semente” está relacionado a sua utilização na propagação vegetativa, pois as sementes verdadeiras são produzidas pelas flores, na parte aérea.
Planta e tubérculos
Como avaliar a sanidade dos tubérculos- semente?
Quando os sintomas estão presentes, tais como nas sarnas, rizoctoniose ou podridões secas e moles, é fácil avaliar o nível de sanidade do tubérculo. Consequentemente, a diagnose visual tem sido uma prática comum para avaliar a incidência e severidade de várias doenças no tubérculo.
No entanto, muitos patógenos estão na forma de infecções latentes (presença do patógeno e ausência visível de sintomas) ou as doenças induzidas por eles somente são possíveis de ser visualizadas a campo. Local da coleta da amostra no tubérculo-semente A região da conexão do tubérculo ao estolão é um local onde patógenos, tais como Ralstonia solanacearum e Pectobacterium spp., podem ser encontrados em maior concentração em virtude da convergência dos vasos (xilema e floema).
Testes sorológicos e moleculares (PCR ou RT-PCR) são feitos utilizando um cone (± 1 g) de tecido retirado desta região. Por outro lado, descascar o tubérculo e utilizar a casca como material da análise também é recomendado para vários patógenos. Certamente as lenticelas são outro local da presença de alguns patógenos específicos, incluído as bactérias citadas.
Vistoria a campo
Apesar do potencial, ainda pouco explorado, das técnicas moleculares para a detecção de patógenos no tubérculo-semente, a vistoria das lavouras e observação de plantas com sintomas nunca será dispensável no processo de multiplicação de tubérculos-semente. Por mais sensível que o método possa ser, há sempre a possibilidade de escape, seja pelo método, seja pela amostragem.
Outro aspecto que não deve ser desconsiderado é que a detecção de determinado patógeno num lote de tubérculos-semente não garante que haverá doença no campo. A maior sensibilidade dos métodos de detecção poderá favorecer a detecção de até uma célula de uma bactéria patogênica, por exemplo. No entanto, será que esta célula está viável (viva)? Por isso, testes de casa de vegetação e campo sempre serão desejáveis, embora são inviáveis quando existe urgência na liberação de lotes importados. Por esta razão, certificados fitossanitários de origem (vistoria das lavouras de produção no local de origem) são mecanismos indispensáveis na garantia da sanidade de todo lote de tubérculos-semente.
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