A produção de cebola no Brasil

João Paulo de Camargo Victorio – Engenheiro Agrônomo e Produtor Diretor – Sindicato Rural de Monte Alto. Avenida 15 de Maio, 441 – (16) 3242-1387 – sindicatorural@montealto.net


No Brasil, a produção de cebolas concentra-se na Região Nordeste, Centro Oeste, Sudeste e Sul de modo especial nos estados da Bahia, Pernambuco, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Normalmente é atividade de pequenos e médios produtores, revestindo-se de suma importância para a economia desses estados, onde contribui para a geração de empregos e a fixação do homem ao meio rural.
Face à diversidade climática das diversas regiões do País, a cultura da cebola é desenvolvida ao longo de todos os meses do ano, com maior ou menor intensidade, dependendo do estado produtor. A particularidade brasileira de possuir várias safras no decorrer do ano permite que o mercado nacional seja abastecido periodicamente com quantidade de cebola em ní veis equivalentes às necessidades de consumo.
Embora restrita a um pequeno número de estados produtores, a cultura da cebola no Brasil ampliou-se de forma significativa nos últimos anos, seja pelas condições de solo, clima, topografia, localização, mercados favoráveis à cultura, seja pelas diversas safras colhidas no país.
O calendário mensal de oferta de cebola é extremamente favorável em termos de distribuição de safras e, normalmente, permite ao mercado operar com relativa calma; mas a produção interna ainda mostra algumas oscilações, alternando excessos de oferta com períodos de escassez do produto – cenários que costumam estar relacionados a fatores climáticos, à disponibilidade de sementes, Mercosul e aos preços recebidos pelos produtores.
A implantação do Mercosul, entretanto, possibilitou à Argentina ofertar ao mercado brasileiro, parte da sua produção que se sobrepõe ao período de comercialização da cebola produzida no Sul do Brasil, gerando dificuldades aos produtores.
Os demais países membros do Mercosul -Uruguai e Paraguai – apresentam produção inexpressiva, insuficiente, inclusive, ao atendimento de suas demandas internas. Esta situação, além de criar dificuldades na área do abastecimento, interfere na tomada de decisão do produtor quanto à implantação da cultura, trazendo, consequentemente, prejuízos à atividade, sobretudo em se tratando de um produto altamente perecível e com nível de demanda em descompasso com o crescimento da oferta.
Torna-se até possível afirmar, em razão disso, que se planta demais e se perde muito, seja por deficiência de armazenagem no segmento produtor, seja por condições de clima ou de mercado. Isso acaba por onerar o estado através de financiamentos improdutivos e o produtor, por elevadas perdas sofridas.
O total da oferta nacional do bulbo, tem oscilado nos últimos anos entre 840 mil e 1.150 toneladas, intervalo sempre muito intimamente relacionado ao montante da área plantada e ao comportamento das condições climáticas verificadas ao longo do ciclo da cultura.


ESTATÍSTICAS DA CULTURA



 


REGIÕES PRODUTORAS E VARIEDADES PLANTADAS



 


PRINCIPAIS PROBLEMAS E POSSÍVEIS SOLUÇÕES


· Adequação de crédito rural às particularidades da agricultura – equivalência em produto.
· Ação enérgica no cumprimento das normas de padrão de classificação e de comercialização interna do produto. Ceasas.
· Estimular a busca de novos mercados e centrar esforços no sentido da real organização dos produtores. Associações.
· Estimular, via crédito, o beneficiamento e industrialização do excedente de produção.
· Integrar governo e iniciativa privada na proposta de sucessão solidária de safra entre todas as regiões produtoras.
· Direcionar as pesquisas para variedades suaves.


Problemas graves
1º – Comercialização/Inadimplência
2º – Queda do Consumo Nacional.
3º – Reutilização de Embalagens com Marcas Registradas.


Soluções para os problemas
1º – A comercialização terá que se organizar em grupos ou associações para que os preços praticados sejam mais homogêneos. Com relação à inadimplência, o grande mal é a comercialização do produto sem Nota Fiscal, pois 90% dos casos de não pagamento são referentes às mercadorias enviadas sem Nota Fiscal e as referidas Associações deveriam manter uma listagem atualizada de maus pagadores;
2º – Em referência à queda de consumo, ela é causada principalmente pelo público mais jovem que deixou de comer cebolas por historicamente a cebola ter uma imagem que deixa um hálito desagradável, faz chorar, etc. A solução para tal problema seria o cultivo de variedades suaves (doces) e, logicamente, iniciar um trabalho de esclarecimento através da mídia sobre a cebola e suas vantagens (nutritivas, sabor, etc);
3º – Com relação à reutilização de embalagens, a única solução viável para o problema seria os fabricantes fornecerem embalagens descartáveis, pois da atual maneira que a cebola é apresentada, fica mais difícil o controle de tal situação.

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