A Rentabilidade dos Ativos e a Gestão de Empresas do Agronegócio: o caminho para a profissionalização

Ivan Wedekin – RC.W Consultores Ltda Av. Moema 94 – Cj. 81 – CEP: 04.077-020 (11) 5052-0973 – rcw@rcwconsultores.com.br


O agribusiness brasileiro passou por profundas mudanças ao longo da última década do século passado, principalmente devido aos acontecimentos macroeconômicos internos e externos e à evolução tecnológica. A cadeia produtiva da batata vem seguindo esse movimento, com a profissionalização da produção agrícola tendo em vista a maior rentabilidade do negócio. Os elevados desembolsos por hectare e os problemas na comercialização são dois dos principais fatores que exigem a gestão eficiente, além da concorrência das importações, das mudanças de hábitos dos consumidores, do protecionismo e da falta de uma melhor organização da cadeia.
Tomar uma decisão de investimento depende cada vez mais de conhecimento, do ambiente competitivo e do próprio negócio. A análise da Rentabilidade dos Ativos do Agronegócio (RAG) é uma ferramenta útil para orientar a busca pela eficiência dos recursos mobilizados para a produção, ao quantificar, no nível da propriedade agrícola, os indicadores de rentabilidade, de produção e de capital:
Receitas principais e acessórias (produtividade, volumes de comercialização, preços recebidos); Custos fixos e variáveis de produção (área, insumos, mão de obra e demais fatores de produção); Despesas gerais (com vendas, com administração); Impostos e tributos envolvidos nas operações; Indicadores de capital de giro (prazos de recebimento, período de produção e formação de estoque, prazos de pagamento de fornecedores); e Indicadores de capital fixo (terra, máquinas e equipamentos, edificações e benfeitorias).
A Rentabilidade dos Ativos Agropecuários resulta de dois componentes: a Margem Operacional e o Giro dos Ativos Empregados (RAG = Margem x Giro, ver Figura 1). Sua apuração parte do princípio de que o produtor tem um mínimo de controle contábil das suas operações, além do conhecimento da estrutura do seu negócio.


Figura 1 – Rentabilidade dos Ativos Agropecuários<br>



A Margem


Operacional resulta da contabilidade elementar de receitas e despesas do agricultor. Trata-se da margem operacional líquida, ou seja, o montante de recursos que “sobra” no bolso do produtor, completado um ano-safra de receitas e despesas (ver Figura 2). As receitas decorrem, principalmente, da venda de produtos e da venda de ativos não operacionais, em menor escala. As despesas mais importantes são as diretamente associadas a uma determinada produção animal ou vegetal e as indiretas (manutenção, ITR, administração etc).
Pode ser calculada para a propriedade como um todo, mas é importante estimá-la para cada uma das atividades agropecuárias (soja, pecuária de corte e milho, por exemplo), a partir da aplicação de critérios de rateio das despesas indiretas, quando não for possível alocá-las diretamente ao produto.


Figura 2 – Margem Operacional<br>



A velocidade de circulação do capital -o Giro dos Ativos Empregados – é o segundo componente essencial da RAG. Por mais simples ou complexos que sejam, todos os negócios dependem da existência e organização de um conjunto de ativos essenciais. Os diversos ativos de uma propriedade podem ser expressos em termos monetários e classificados em: Estoques: maiores numa fazenda de gado de corte (o valor de todas as rezes entra no cálculo do estoque) do que num campo de soja, onde os estoques normalmente se resumem aos insumos (defensivos, combustíveis e outros); Imobilizado: capital físico disponível na propriedade, sendo representado pelo valor da terra, benfeitorias, máquinas, equipamentos, açudes e outros; e Contas a Receber: existe quando o produtor vende a prazo. É um ativo porque representa recurso do produtor que está na mão de terceiros (o comprador).


Figura 3 – Giro dos Ativos Empregados<br>



Os ativos empregados têm que ser refletidos em termos de uma média do ano, já que são variáveis por conta das adições e subtrações de estoques, ao imobilizado e contas a receber. Como mostra a Figura 3, o giro é inversamente proporcional aos ativos empregados. Dada uma receita, quanto maior for o ativo empregado, menor será o seu giro. E quanto menor for o giro, menor será a rentabilidade, pois RAG = Margem x Giro. A análise do giro aponta que o produtor deve investir nos ativos operacionais imprescindíveis à atividade, e que é preciso elevar a receita por unidade de ativo empregado.
Aplicando esses conceitos contábeis o produtor pode concluir que os seus negócios geraram, por exemplo, uma margem operacional líquida sobre as vendas de 20% na soja, 40% na recria e engorda de bovinos e de 15% no milho. Admitindo giros de 0,5 para a soja, 0,1 para recria e engorda de bovinos, e 0,4 para o milho, a Rentabilidade dos Ativos Agropecuários (RAG) desse produtor será de 10% (20% vezes 0,5) no negócio com soja, 4% na atividade pecuária e de 6% na produção de milho.
Com isso o produtor poderá comparar os resultados com os de outros negócios e com o custo de oportunidade do capital. Numa aplicação “sem risco”, a remuneração do capital no Brasil está em 6% ao ano (rendimento da caderneta de poupança). Por muito tempo o empresário do campo viveu em função de uma “visão patrimonial” da agricultura e nela jogou toda a sua capacidade de poupança e endividamento.
Nos dias de hoje, com os competidores de todos os cantos do mundo batendo à sua porta, a solução é concentrar-se de corpo e alma no gerenciamento da margem e do giro dos ativos.

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