Agronegócio da Batata no Sul do RS

João Carlos Medeiros Madail – Pesquisador M.Sc. Economia Rural, Embrapa Clima Temperado. madail@cpact.embrapa.br (53) 32758134 – Fax. (53) 32758219
Arione da Silva Pereira – Pesquisador PhD Melhorista, Embrapa Clima Temperado. arione@cpact.embrapa.br
Luiz Fernando Sima, Anelise Neumann Wendt – Estagiários da Embrapa Clima Temperado, Bolsistas do CNPq.



 



O agronegócio da batata confere ao Rio Grande do Sul a quarta posição entre os estados maiores produtores, com a participação de 13% da oferta nacional que alcança a marca próxima as 400 mil toneladas. Minas Gerais com 30%, Paraná com 26% e São Paulo com 20% completam a relação dos quatro primeiros colocados.
Cultivada em quase todo o estado gaúcho, concentrou as maiores produções na Zona Sul, nos municípios de São Lourenço do Sul, Cristal, Pelotas e Canguçu, influenciadas fortemente pela colônia alemã radicada nesta região. Por mais de 50 anos representou importante fonte de renda para a cadeia produtiva, formada pelo mercado de insumos, sementeiros, produtores, atacadistas, varejistas e intermediários, visto que, até 1999, concentrava mais de 40% da produção gaúcha.
Mesmo com condições favoráveis à gestão logística do agronegócio da batata na região, em função da existência de uma cooperativa com propósitoscomuns a atividade, instalada no meio rural, próxima a zona de concentração da produção e haver vários grupos de produtores organizados pela Emater-RS, não houve o planejamento do segmento para atender as novas exigências do mercado. Em função disto, a cada safra diminui a participação destes municípios na produção do estado, alcançando, em 2004 índice pouco superior a 10%. Por tratar-se de mercado de livre concorrência, produtores de outros municípios, melhores estruturados, vêm ocupando o espaço deixado pelos produtores da região, que, por sua vez buscam novas alternativas que os vinculam a mercados previamente contratados, como o fumo, mesmo contrariando vocações históricas dos antepassados com a batata.
Com o propósito de entender as razões que estão contribuindo para a queda do negócio da batata na região, buscaram-se informações nos principais elos que compõem a cadeia produtiva, com a participação direta de informantes-chave, pessoas com comprovado conhecimento do segmento, que constituíram a amostra não probabilística do estudo. O método de levantamento das informações foi a entrevista formal com representantes de cada elo da cadeia produtiva da batata destes municípios, incluindo o município de Cachoeirinha-RS, sede do elo do processamento industrial, que utiliza a matéria prima da região.
Concluiu-se que a defasagem do conhecimento dos produtores sobre a evolução dos aspectos mercadológicos da batata os distanciaram dos concorrentes.
Mercados, antes cativos, foram perdendo espaço em função da mudança no comportamento dos consumidores que hoje, na sua maioria, valem-se das grandes redes de supermercados para adquirir alimentos. Estas redes por sua vez, contratam fornecedores com capacidade para abastecê-los com regularidade o ano todo com produto de qualidade a preços competitivos. Produtores individualizados com baixa escala, com ofertas sazonais, qualidade desatualizada e custo de produção elevado, tem pouca chance de competir no mercado.
O processo de queda da produção de batata na região tem causado impacto negativo na renda dos produtores que permanecem no negócio, no mercado de insumos que tem registrado baixa dos índices de venda, no transporte e na intermediação das vendas que reduziram seus ganhos, com forte repercussão na economia da região, carente de oportunidades que gerem renda e não transfira com importações como vem ocorrendo com a batata.


 

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