ATACADO E GLOBALIZAÇÃO – Ponto de Vista da AgroColt

Entrevista para a Revista Batata Show, com Sr. Cláudio Murilo de Souza Gomes, diretor da empresa AgroColt, situada no Ceasa BH/ MG.



A Globalização proporcionou benefícios aos Ceasas?
Certamente. Apesar de ter muito que melhorar, a globalização está trazendo grandes benefícios aos Ceasas pela facilidade de encontro de outros parceiros.
Estamos vendo cada vez mais no Ceasa/MG a circulação de produtos hortifrutigranjeiros, como, por exemplo, cebolas argentinas e outros produtos vindos de outro país, como também estamos presenciando empresas exportando batatas e assim conquistando novos mercados. A globalização no futuro tende a ajudar muito no comércio de hortifrutigranjeiros no que diz respeito a conquista de novos mercados de consumidores e possivelmente melhores preços de venda.


Qual a importância atual dos Ceasas na distribuição de hortifrutigranjeiros no Brasil?
A sua importância é fundamental, pois o Ceasa é o intermediário entre o produtor e os lojistas e supermercados. É um centro onde estes clientes encontram todos os produtos que necessitam, em um mesmo lugar com um melhor preço.


Qual a situação atual do Ceasa/MG em relação ao passado e perspectivas futuras?
O Ceasa MG está evoluindo em todos os sentidos, tanto na comercialização como na distribuição dos produtos. Hoje o Ceasa atende a toda Minas Gerais e a outros estados vizinhos carentes de certos produtos. Com isso houve um grande aumento em sua comercialização.


Quais são os principais problemas e sugestões de soluções?
Hoje um dos principais problemas existentes na Ceasa MG e acredito em todos os Ceasas é a inadimplência, onde o comerciante do Ceasa não tem como fazer uma venda segura e sadia, correndo um sério risco de vender e não receber o valor da mercadoria vendida. O Ceasa no meu ponto de vista deveria implantar um sistema de cadastro e consulta de inadimplentes em que todos os comerciantes e lojistas pudessem consultar sobre um cliente antes de efetuar a venda.
Assim os clientes inadimplentes e desonestos iriam com o tempo sendo excluídos dos cadastros de clientes das empresas do Ceasa, fazendo assim com que eles parassem de comercializar neste centro.
No Ceasa MG existe o MLP (Mercado Livre do Produtor), que é um local onde somente os produtores podem comercializar produtos. Este MLP é totalmente sustentado pelo Ceasa, ou seja, pelos lojistas que através dos condomínios pagos, parte é revertida em investimento para manter o MLP e arcar com as despesas gastas pelo mesmo. Atualmente neste local, há vários atravessadores que não são produtores rurais e que comercializam produtos sem ter que pagar impostos ou condomínios ao Ceasa.


Como pode ser reduzido o nível de inadimplência na comercialização de produtos agrícolas? Quais são os principais motivos no crescimento desta situação?
Como foi falado anteriormente, um sistema de cadastro e consulta de clientes inadimplentes conseguiria reduzir de forma relevante este problema que atualmente está assustando a todos os lojistas do Ceasa MG. O principal motivo do crescimento desta situação é uma enorme oferta, pois com isso os lojistas e produtores, para não perderem seus produtos tem que vender para clientes que não tem muito crédito no mercado. Os lojistas acabam tendo que arriscar em parte de suas vendas para não terem prejuízos maiores em relação a seus produtos. Atualmente a oferta dos produtos está bem superior a sua procura e com isso o produtor rural tanto quanto os atacadistas e lojistas tem que vender os produtos que tem em suas lojas ou plantações para clientes duvidosos, isto para não correr o risco de perderem os produtos por prazo de validade.
A redução no prazo de venda também ajudaria na redução da inadimplência, pois hoje um cliente pode comprar com prazos de até 60 dias e com isso, os fornecedores quando forem tentar receber deste cliente o mesmo, já terá comprado uma quantidade grande de mercadoria e também comprado de diversos fornecedores. O prazo ideal de venda seria de no máximo 20 dias.


Quais os destinos predominantes das batatas que passam pelo Ceasa/MG?
Os principais destinos das batatas que passam pelo Ceasa MG são supermercados, sacolões, restaurantes, hotéis, indústrias, lanchonetes, etc…


Você é a favor de mudanças na classificação de batata fresca? Se positivo, quais as principais sugestões de mudanças?
Sim. Elas poderiam ser ensacadas também em sacaria de 25 Kg. Isto faria com que o produto tivesse uma durabilidade maior. As batatas poderiam ser colocadas em caixas plásticas. Nos sacos de 50 Kg o produto sofre muito, motivado pelo peso. A durabilidade reduz por este motivo. O carregador também é muito prejudicado, pois trabalhando todo o tempo carregando sacos deste peso, futuramente eles provavelmente terão problemas de saúde.
O cliente certamente também sai prejudicado, pois fica mais difícil o descarregamento deste produto em suas lojas, bancas, expositores, etc…


Qual a sua opinião sobre a classificação e comercialização da batata por aptidão culinária e não só por tamanho e aparência como é feito na maioria das vezes?
Excelente. Hoje há uma grande falta de conhecimento por parte do cliente final referente aos diversos tipos de batatas que existe e para o que serve cada tipo de batata. Com um melhor conhecimento, o cliente conseguiria fazer uma melhor compra e certamente compraria a batata de sua necessidade ficando assim mais satisfeito.
Podemos dar um exemplo referente a batata Asterix. Este tipo de batata tem uma cor avermelhada. O cliente sempre procura uma batata mais branca, pois acha que ela pode ser de melhor qualidade. A batata Asterix tem uma durabilidade maior do que os outros tipos de batatas. Geralmente o consumidor caseiro, ou seja, as donas de casa compram batatas para fritar, cozinhar ou para fazer massas e para este tipo de culinária a Asterix é a mais indicada, porém o cliente não está ciente disto. O Grupo Colt vem fazendo uma campanha através de cartazes para que os consumidores venham a conhecer melhor os diversos tipos de batatas que existem no mercado e com isso conseguirem fazer uma compra melhor, consequentemente ficarem mais satisfeitos. Mas uma campanha desta tem que ser feita com o apoio de diversos atacadistas e revistas do gênero para que consigamos atingir um maior número de pessoas. Para se ter uma idéia, a Agrocolt vendia 1 caminhão de batata Asterix por semana e atualmente está vendendo cerca de 2 caminhões por dia deste tipo de batata. Isto nos mostra que os clientes estão conhecendo cada vez mais deste assunto, mas tem muito ainda o que ser divulgado.


Hoje nos Ceasas tem mais atacadistas ou produtores propriamente ditos? A situação de hoje é a mesma quando se estabeleceram os Ceasas? O que melhorou? O que piorou neste aspecto?
Ainda são os Atacadistas. Mas pelo jeito, em pouco tempo os produtores irão estar em maior número. Isto devido ao alto percentual de impostos os quais os lojistas e atacadistas estão sujeitos a pagar, sendo que a margem de lucro deste tipo de mercadoria é muito baixa. Os produtores não têm tamanha tributação quanto os atacadistas e com isso estamos vendo cada vez mais lojistas saindo do Ceasa.


Considerações finais.
No meu ponto de vista, a batata no caso específico, onde existem várias qualidades e estas atendem a vários tipos de culinária, o consumidor final deveria ser informado disto através de propaganda de TV, ou até mesmo de panfletos e jornais. As batatas melhores deveriam ter preços diferenciados das batatas de qualidade inferior. O consumidor final conhece todos os tipos de batatas somente como “Batata Inglesa” e não como Bintje, Asterix, Agatha, Achat, etc… e também não sabem para que cada uma delas servem.

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