Por Sandra de Angelis
O mercado consumidor de batatas pré-fritas está em compasso de espera, enquanto a nova planta industrial da Bem Brasil é construída. Com inauguração marcada para fevereiro de 2017, a nova unidade vai ampliar a oferta do produto em 2,5 vezes, passando a produzir 250 mil toneladas/ano para o food servisse, fast food e residências no país.
A nova planta industrial da Bem Brasil Alimentos, no município de Perdizes, Triângulo Mineiro, está situada na fazenda no Grupo Rocheto, em uma área de 10 mil m2 e ao lado de uma das maiores áreas de plantio de batatas do país. O projeto também traz superlativos em relação a inovação e se espelha nos melhores padrões de produção dos EUA e Europa.
A fábrica, a maior do país, está de olho no mercado consumidor de batatas congeladas, que hoje é de cerca de 450 mil toneladas/ano, com crescimento médio de 10% ao ano. “Hoje o brasileiro já consome 1,5 kg de batatas pré-fritas congeladas anualmente, mas temos muito o que crescer, se compararmos com o consumo europeu, por exemplo, que bate 15 kg per capita/anoâ€, observa Juliana Monteiro, gerente de marketing da empresa.
Planta
Modernidade, sustentabilidade, inovação e eficiência nos processos são as principais ‘vigas’ desse projeto. Todo trabalho pesado da nova fábrica que pôde ser adequado para automação foi contemplado, no sentido de tornar o ambiente fabril ainda mais seguro às pessoas. A nova câmara fria, por exemplo, onde serão armazenadas as embalagens de batata pré-frita, é toda automatizada, para maior eficiência no controle de estoque e maior segurança das pessoas. A temperatura ambiente na câmara pode chegar a -22C.
A fábrica é uma sequência de grandes galpões, revestidos de painéis isotérmicos de aço inox, para atender às exigências de higiene, e que retrata grande inovação. O acesso à área produtiva é todo segmentado para garantir a eficiência do processo e a segurança do trabalhador. Um corredor com amplas janelas propicia a vista plena da área de processamento.
O conceito de sustentabilidade arraigado ao Planejamento Estratégico da Bem Brasil desde a construção da fábrica de Araxá, tem três ramificações, sobre as quais a gestão da empresa se debruça para atingir suas metas – Ambiental, Social e Econômica. A captação da água, outorga para o uso do recurso, tratamento e controle de efluentes seguem os padrões de Licenciamento ambiental e inovam em relação à captação de águas pluviais (de chuva), além do reuso dos descartes que ocorrem no processo industrial.
Modernidade, sustentabilidade, inovação e eficiência nos processos são catalisadores desse desenho. O arquiteto Paulo Munhoz, responsável pelo projeto, ressalta que essas premissas foram as exigências apresentadas à sua equipe. “O processo de produção da batata frita congelada é o foco, e o nosso desafio foi moldar a fábrica a partir desse eixo, sempre buscando qualidade nas soluções a serem implementadasâ€, ressalta Munhoz. O acabamento de aço inox na área de produção é uma das grandes inovações. “A dimensão disso é, para mim, inédita no Brasilâ€, diz Munhoz.
A área destinada às atividades administrativas contempla a possibilidade de expansão futura, bem como as áreas de logística, armazenamento de batata in natura e até a câmara fria. “Todo o projeto é focado no bem-estar das pessoas que vão trabalhar lá e que vão circular na área de atendimento. A casa foi pensada também para receber visitasâ€, ressalta.
Cogeração de energia
O empreendimento, para sua viabilidade, precisou buscar a via da inovação, por exemplo, no fornecimento de energia elétrica, já que o consumo da fábrica deverá empatar com o consumo total da cidade, hoje com 16 mil habitantes. O caminho encontrado para equacionar a elevada demanda energética da nova fábrica X viabilidade econômica foi pela via da cogeração de energia. Uma parceria entre a indústria e a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) foi firmada para a implantação de uma caldeira que, além de alimentar a produção, vai gerar energia elétrica em uma central com capacidade nominal de 7,5 MW.
“Precisávamos primeiro resolver esse entrave de infraestrutura. A licença ambiental, atrelada à geração de energia, também era imprescindível, sem a qual a obra não seria possívelâ€, diz Juliana. Para se ter uma ideia, a fábrica terá um consumo de energia equivalente ao da cidade de Perdizes inteira e a rede disponível não suportaria tal demanda.
O gerente de produção da Bem Brasil, Celio Zero, que acompanhou a obra de perto, relata que foram investidos cerca de R$ 30 milhões na construção de uma caldeira movida a biomassa. As vantagens da escolha são inúmeras para o meio ambiente, especialmente, com os custos mais baixos e alta disponibilidade de matéria-prima renovável, como bagaço de cana e palha, dentre outras, sem que haja risco de comprometimento do processo industrial. “A racionalização do consumo de energia será obtida com o aproveitamento do vapor produzido na caldeira que está sendo instalada na planta industrial, tal como já ocorre na unidade de Araxáâ€, explica Celio Zero.
A Bem Brasil deverá reembolsar o investimento à Cemig com base na economia de energia obtida. “Nesse projeto, vamos aproveitar o vapor para a operação da fábrica e simultaneamente ampliar sua utilidade para movimentar a turbina de geração de energia. A caldeira de alta pressão e uma turbina são conjugadas com o geradorâ€, explica o gerente.
Essa geração de energia sustenta o consumo da nova fábrica, estimado em 12 MW. “A previsão de retorno de investimento é de até seis anos. Aqui se considerou a questão da economia de recursos e contempla a sustentabilidade de todo o projeto, claro, porque assim, não importa o custo da energia futuramente, teremos autonomia na produção da mesma. A maior vantagem dessa parceria é que poderemos antecipar a inauguração da nova unidade em um ano. A CEMIG só poderia disponibilizar a energia que iremos consumir, no final de 2017, sem contar que os custos totais poderiam até inviabilizar o projetoâ€, pondera Zero.
Gestão do projeto
João Emílio Rocheto, diretor presidente da empresa, lembra que os estudos de viabilidade para a nova fábrica começaram no final de 2013. “A pergunta, naquele momento, era: ampliamos a unidade de Araxá ou fazemos uma nova fábrica para aumentar a produção? A resposta veio com o estudo da questão espacial, já que o município de Araxá cresceu nesses 10 anos, desde a implantação da Bem Brasil, e chegou a áreas próximas à planta industrial. Não teríamos espaço para ampliar as instalações naquela áreaâ€, explica.
O terreno onde a nova fábrica foi construída fica muito mais próximo da área de plantio da batata e pertence à fazenda do Grupo Rocheto. “A oferta de água, que é fundamental, estaria melhor equalizada em Perdizes, para viabilizar o novo pólo produtivo. Além disso, temos muito espaço para expandir no futuroâ€, idealiza o presidente.
A gestão do novo projeto foi iniciada pelo próprio diretor, com o auxílio de Célio Zero. Foram necessárias várias viagens à Holanda, Bélgica e aos EUA, além de uma feira de maquinário, em Colônia, na Alemanha, para a escolha dos melhores fornecedores. “Imagine uma linha de produção com capacidade de 25 toneladas/hora de produto acabado! Trata-se de uma das maiores linhas de produção do mundo, com tecnologia e automação de ponta, que exigiu muito planejamento e um esforço enorme de toda equipe para que tenhamos grande sucessoâ€, defende Zero.
Paladar nacional
Um dos aspectos de grande relevância para as decisões em relação ao equipamento é o tipo de batata frita congelada que consumimos aqui no Brasil, um pouco diferente da consumida na Europa. “Aqui gostamos de uma batata mais clarinha, com menos açúcar, ao contrário da Europa e dos EUA, onde o consumidor prefere uma batata com uma coloração mais escuraâ€, exemplifica Flávia Urbano, secretária executiva da Bem Brasil.
A cultura local também foi objeto de discussão em relação a decisões no âmbito da engenharia civil, exigindo algumas adaptações. “A forma da gente construir é muito diferente, como a câmara fria, por exemplo. Na Europa, há falta de espaço e os modelos de câmara fria eram verticais, com maior espaço por metro quadrado. Nossa realidade é outra e houve a necessidade dessa adequação, de acordo com as nossas características. Eficiência nos processos e respeito ao ser humano, em qualquer âmbito de relacionamento com a empresa foram as premissas para que esse projeto saísse do papel. Já sabemos que a nova fábrica da Bem Brasil equipara-se com as melhores do setor mundialmente, mas sabemos também que será um dos melhores lugares para se trabalhar, em se tratando de um ambiente industrialâ€, encerra.
EVARISTO M. NEVES – Professor Titular do Depto. de Economia, Administração e Sociologia, ESALQ/USP – CP: 9, Piracicaba/SP, 13418-900. emneves@esalq.usp.br, LUCIANO RODRIGUES – Graduando em Engenharia Agronômica, lurodrig@esalq.usp.br MARIAM DAYOUB – Graduanda em Engenharia...
Ivan Herman Fischer(Doutorando ESALQ/USP – Piracicaba/SP)ihfische@esalq.usp.brMarise C. MartinsSilvia S.A. LourençoHiroshi Kimati(ESALQ -USP – Piracicaba, SP) A sarna comum é uma importante doença da batata, caracterizada pela formação de lesões corticosas nos tubérculos, tanto superficiais...
A sarna prateada era uma doença considerada secundária na cultura da batata. Normalmente, constituía-se problema durante o armazenamento, onde sua ocorrência estava associada à desidratação de tubérculos ao longo do período de permanência na...
A ABASP realizou pesquisas sobre o consumo de batata com 513 pessoas, durante a Expo Agro de Itapetininga em 1999 e 2000. Os resultados obtidos mostram as principais preferências dos consumidores: