Roberto Bosco é Eng. Agrônomo e gerente da Improcrop do Brasil Ltda (19) 9768 4021
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Recentemente estive na Ãfrica do Sul a convite da Improcrop South Africa Ltd. para um treinamento nas principais regiões produtoras de Batata daquele país. Como a maioria dos Eng. Agrônomos brasileiros, eu conhecia muito pouco da agricultura do continente africano. Como a colonização Sul Africana foi feita por Holandeses e Ingleses, imaginei que iria encontrar bons produtores de Batata, mas o que eu encontrei foi bem mais que isso. O que torna a Ãfrica do Sul particularmente interessante em relação à Bataticultura é sua localização geográfica. Sob o trópico de Capricórnio, grande variabilidade climática e a produção de Batata em altitudes que vão desde o nível do mar até 1600 m, torna a Ãfrica do Sul, sob muitos aspectos, o país produtor de Batatas que mais se aproxima das condições brasileiras de produção.
Chama bastante a atenção as produtividades alcançadas por eles, com área plantada de aproximadamente 56.000 hectares, as produtividades variam de 35 a 65 toneladas por hectare. Com produtividade médias de 40 toneladas por hectare, os Sul Africanos produzem nos mesmos níveis de produtividade de países como Holanda, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, etc. … O destaque vai para a Província do Norte (área 1) que produz Batata para a industria 20% e para o mercado numa área total de 8.000 hectare e para a região da Cidade do Cabo que planta aproximadamente 16.000 hectares, Sandveld (região 9) onde a Batata é plantada em terrenos arenosos é colhida a melhor semente Sul Africana.
A Organização da Cadeia Produtiva de Batata
Após longos períodos com mercado alternando preços altos e baixos, em meados dos anos 90, os produtores Sul Africanos reúnem todos os setores da cadeia produtiva num órgão chamado PPO “Potato Producers Organization” ou Organização dos Produtores de Batata . Organizados em diferentes fóruns conforme o setor, Comerciantes, Produtores de Sementes, Produtores de Batata Consumo, Industria, Pesquisa e Desenvolvimento, Consumidores, recolhem uma parcela da produção que é proporcional ao ramo de atividade num fundo nacional para o desenvolvimento do setor. Tudo isso é coordenado por um “Congresso” que tem todos os meios de controle do mercado, lançando mão inclusive de imagens de satélite para isso.
Essa organização possibilitou uma completa mudança em toda a cadeia produtiva da Batata. Com pesquisa de mercado, criou-se novos padrões de classificação. As antigas embalagens de 50 Kg foram trocadas e hoje 100% da Batata Sul Africana é comercializada em embalagens de 10 Kg . Melhores padrões de classificação, identificação da aptidão culinária das variedades, embalagens melhores e mais cuidadas e ações de Marketing aumentaram o consumo percapta significativamente.
Setor de Semente Organizado
Com a mobilização do setor produtivo de semente, não há mais importação. Toda a produção é feita em laboratórios, multiplicadas em casa de vegetação, só então vão para a produção de campo, podendo, de acordo com o nível de sanidade, ser multiplicadas por até oito gerações. Toda nova variedade pretendida pelo mercado deve ser importada “in vitro”, devendo passar por todo o processo de multiplicação acima, processo que dura aproximadamente dois anos. Isso evita a entrada de patógenos, desenvolve o setor de produção de minitubérculos e abre espaço para a pesquisa e desenvolvimento de variedades próprias.
Batata para o Mercado Fresco
Produzindo com variedades próprias!
Na opinião dos pesquisadores Sul Africanos, as variedades vindas da Europa e Estados Unidos, em geral não se adaptam às condições climáticas difíceis nas quais a Batata cresce localmente. Estresse por água e altas temperaturas durante o período de tuberização leva a distúrbios fisiológicos. Escurecimento da olpa, rachaduras, coração oco e má formação dos tubérculos são comuns, isso contribuiu para um programa de pesquisa com variedades locais . Muito produtivas, com excelentes qualidades internas, as cultivares BP1, Up-to-Date, Buffesport e Vanderplank são as mais plantadas hoje na Africa do Sul. Novas variedades como Caren e Darius são algumas das novas promessas do setor de pesquisa. Apesar das variedades locais serem maioria, as variedades Hertha, Lady Roseta, Serenade, Crebella e Mondial também são cultivadas.
Caren
Ciclo: Médio (aproximadamente 90 dias da emergência a maturação);
Tubérculos: Oval-alongado, olhos rasos, pele e polpa branca;
Produtividade: Grande potencial com boa distribuição de tamanhos;
Qualidade interna: Textura firme, gravidade especifica moderada indicada para fritura (palito) e “Chips”
Armazenamento: Dormência moderada, bom período de armazenamento;
Resistência a doenças: Resistência moderada a requeima e alternaria, resistência moderada a vírus do enrolamento e sarna comum.
Darius
Ciclo: Médio (aproximadamente 90 dias da emergência a maturação );
Tubérculos: Oval-alongado, olhos rasos, pele e polpa branca;
Produtividade: Alta com boa distribuição de tamanhos;
Qualidade interna: Textura firme, alta gravidade especifica indicada para fritura (palito) e “Chips”
Armazenamento: Dormência moderada, ótimo período de armazenamento;
Resistência a doenças: Resistência moderada a requeima e alternaria, boa resistência a vírus, Moderada resistência a sarna comum.
O Processamento é o setor que mais cresce…
A industria de processamento de Batata da Africa do Sul cresceu mais de 100% nos últimos cinco anos. Esse crescimento se deu principalmente nos setores de “Chips”, Pré Frita congelada e Pré Frita, existindo também Batatas Enlatada e Enlatada Misturada com Vegetais.
Alguns fatores contribuíram para esse crescimento:
* Mudanças nas circunstancias econômicas;
* Expansão na industria de “Fast Food”;
* Crescimento populacional e rápida urbanização.
A Batata Pré Frita Congelada representa 40,92% da Batata processada da Africa do Sul Houve um enorme crescimento desse setor nos últimos anos em relação a outros e novas industrias estão se instalando.
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