Cadeia produtiva da cenoura no Estado de Minas Gerais


Maria Helena Tabim Mascarenhas
Eng. Agr., M.Sc EPAMIG/CTCO
CP 295 – CEP 5701-970
Sete Lagoas/MG
tabimm@epamig.br 


A cenoura, Daucus carota L., pertence à família Apiaceae. Provavelmente originária da região mediterrânea, entrou no Brasil no período da colonização portuguesa. A divulgação das qualidades nutricionais da cenoura, aliada ao baixo consumo per capita, torna possível um incremento na quantidade consumida desta hortaliça. Em 2005, em uma área cultivada superior a 4 mil hectares e uma produção de 182 mil toneladas, Minas Gerais foi responsável por cerca de 20% da produção nacional.
O rendimento médio do Estado é de 45,5t/ha, sendo 53,2% superior ao do Brasil. A quantidade total de cenoura comercializada na Ceasa-MG, em 2005, foi de 42.726 toneladas, sendo que 98,5% desse total foram provenientes do Estado. O preço médio no período foi de R$ 0,57/kg, com um valor total de comercialização, nas CEASAS mineiras, superior a 24 milhões de reais. Considerando que os municípios e São Gotardo, Rio Paranaíba, Ibiá e Campos Altos foram responsáveis por cerca de 70% do total comercializado, e que, da cenoura produzida nessa região, apenas 10% destina-se ao mercado mineiro, pode-se inferir, grosso modo, que o valor da comercialização da cenoura no Estado, em 2005, foi superior a 78 milhões de reais.


CARACTERIZAÇÃO GERAL DA CADEIA
PRODUTIVA – A estrutura produtiva apresenta características bastante diferenciadas em relação aos tipos de produtores que conduzem a cultura nos principais pólos estaduais de produção: Alto Paranaíba, Central e Triângulo. Na região Central predominam produtores familiares, que conduzem as lavouras em pequenas áreas e, na Alto Paranaíba e Triângulo, a atividade assume caráter empresarial, sendo conduzida em grandes áreas de cultivo. Neste estudo, as análises foram centradas nos produtores da região mineira de São Gotardo, em função da capacitação técnica e administrativa e da organização dos produtores.


METODOLOGIA – Foram utilizados dados de fontes primária e secundária. Os de fonte primária foram obtidos em dois encontros realizados em São Gotardo, com profissionais da EPAMIG, Embrapa-Hortaliças, Emater-MG, IMA, Associação dos Produtores de Cenoura de Selo Azul (Aprocesa) e da Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba (Coopadap), e representantes dos diversos segmentos da cadeia produtiva (produtores, comerciantes, revendedores de insumos, proprietários de máquinas lavadoras e representantes comerciais). Foram identificados e discutidos os agentes que compõem a cadeia produtiva e suas inter-relações, e identificados os fatores restritivos e propulsores da cultura na região. As informações obtidas permitiram a elaboração do fluxograma da cadeia produtiva.



Vista parcial de uma lavoura de cenoura na região de São Gotardo/MG. Cortesia da Coopadap, 2006.


CONCLUSÃO – Não há entre os produtores da região de São Gotardo, diferenciação em função do uso dos fatores de produção predominantes e de suas relações com os demais segmentos a montante do processo produtivo. Essa diferenciação ocorre à jusante do processo, aspecto relevante porque indica que as soluções propostas para esse nível requerem dimensões múltiplas uma vez que as dificuldades encontradas em relação à comercialização do produto não são homogêneas, fazendo com que as interferências que forem propostas levem em consideração essas peculiaridades. Como fatores propulsores foram identificados: o alto nível de especialização e de adoção de novas tecnologias, as características climáticas favoráveis da região, a disponibilidade dos fatores de produção, a forte geração de empregos e a existência de um mercado atacadista e varejista especializado.


Com base no diagnóstico dos fatores restritivos, conclui-se que o mercado interno deverá ser melhor explorado através de ações de marketing. Uma das ações propostas é a de que os produtores, individualmente ou por intermédio de seus órgãos de caráter associativo, procurem firmar sua marca por meio da diferenciação de seus produtos. A criação do Selo de Qualidade destaca-se como uma ação determinante para que essa meta seja atingida, experiência que merece ser incentivada e ampliada. A capacitação tecnológica e a alta especialização dos produtores de cenoura parecem não estar contribuindo para tornar mais justa a distribuição do preço final do produto, cuja maior parcela fica atualmente com o segmento varejista. Bibliografia: consulte autora.



Sede EPAMIG


 

VEJA TAMBÉM

Pesquisa consumidor

A ABASP realizou pesquisas sobre o consumo de batata com 513 pessoas, durante a Expo Agro de Itapetininga em 1999 e 2000. Os resultados obtidos mostram as principais preferências dos consumidores:

LER

Sobre o emérito Engº Agrônomo Dr. Ãlvaro Santos Costa

Tive o privilégio de conhecer o egenheiro agrônomo, emérito pesquisador científi co, Dr. Ãlvaro Santos Costa (*1912 +1998) em 1976. Estava em férias da faculdade e ele me aceitou para ser seu estagiário, atendendo...

LER

Fatores críticos do processo produtivo da batata

ABSTRAC: Critical factors in potato production process The production of Brazilian potato was 3.1 millions of tons in 2006 (FAO, 2006). An analysis since 2001 has been showing that potato price had a variation...

LER

ATACADO E GLOBALIZAÇÃO – Ponto de Vista da AgroColt

Entrevista para a Revista Batata Show, com Sr. Cláudio Murilo de Souza Gomes, diretor da empresa AgroColt, situada no Ceasa BH/ MG. A Globalização proporcionou benefícios aos Ceasas?Certamente. Apesar de ter muito que melhorar,...

LER