Eng. Agr. José Levi Pereira Montebelo
Presidente da COOTA
coota@coota.com.br / www.coota.com.br
A relação empregado e empregador surgiu no mundo a partir do momento em que o homem deixou de ser nômade e puramente extrativista. Com o início da industrialização ficou mais marcante esta relação patrão e empregado, que nos primórdios chegavam às raias da barbárie com o domínio de uns sobre os outros pelo poder e pela força, configurando em passado não distante ainda presente em nossa memória à escravidão indígena e a negra.
Temos ainda, nas relações atuais, resquícios de passado próximo em nossa sociedade do coronelismo e senhores feudais que, através do poder econômico, praticaram ou praticam o ato de usufruir dos semelhantes.
Vemos de forma marcante, mas extremamente dissimulada, a ação escravizante que o sistema financeiro impõe no mundo globalizado, concentrando renda e gerando miséria, onde muitos têm nada enquanto poucos têm tudo. O neoliberalismo atual especializou-se em remunerar o capital pelo capital, portanto sem produção, onde o trabalho a cada dia mais e mais fica sem remuneração. Vivemos o “paraíso dos banqueiros”, onde altas cifras circulantes pelo Brasil e pelo mundo são remuneradas sem produzir absolutamente nada, concentrando renda sem, ao menos, produzir e gerando bolsões cada vez mais alarmantes de miseráveis.
Todo setor produtivo hoje, principalmente em nosso País vive sobre a escravidão dos “juros”, remuneração do nada, em detrimento ao trabalho que representa a geração de recursos a serem distribuídos para alcançar um mundo mais humano, e digno dos chamados animais racionais.
Fica claro que a relação capital-trabalho-distribuição de renda é complicada desde o início da humanidade, e hoje, ainda sem a brutalidade de uma escravatura, poder ou força, fica longe do que poderíamos chamar de racional.
Com o correr dos tempos a sociedade organizou- se em associações, sindicatos, etc, etc, e conseguiu muitos avanços nas relações trabalhistas o que permitiu uma melhoria na qualidade das mesmas sem, contudo, solucionar o drama da relação da produção, renda e distribuição entre os homens.
No Brasil, a organização dos trabalhadores chegou ao êxito de fazer o Presidente “um trabalhador”, que ao chegar ao poder descobre a força do capital e o fascínio do poder, que o descaracteriza do trabalhador de chão de fábrica do passado, deixando claro que a solução não passa por um homem, e muito menos por um dos lados do embate. Por outro lado, uns exageros dos direitos trabalhistas (CLT), muitos empregadores vêem-se, às vezes, pressionados pela ação emotiva e paternalista da lei que acoberta maus trabalhadores, benecificiando-os com direitos sem as devidas obrigações.
Diante dos fatos uma realidade mostra-se clara:
» A relação capital x trabalho e distribuição de renda ainda está distante do ideal.
» A cada dia, o desemprego é crescente e continuará crescendo, já que “emprego” é uma relação em “extinção” diante do impasse de direitos seja do empregado ou do empregador.
O que se apresenta neste mundo globalizado como mais lógico diante da falência do “emprego” é buscar mudar a relação de patrão x empregado para patrão x patrão.
Surge aí o modelo cooperativista de trabalho, já antigo e legalmente amparado pela lei vigente que se mostra como alternativa ideal para solucionar o acesso ao trabalho, principalmente entre os profissionais universitários do Brasil. Provando que a premissa é certa e coerente vemos as Unimeds, que são cooperativas de médicos, prestarem relevantes serviços e solução ao caótico sistema de saúde no Brasil. Convicta do raciocínio a AEASP – Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo, organizou-se e fundou em São Paulo, a COOTA – Cooperativa de Trabalhos Agrários, que congrega profissionais em ciências agrárias, com dois intuitos únicos de promover o acesso a trabalho profissional e servir a sociedade.
Cuidados têm que se tomar, para que profissionais e sociedade, nesta empreitada de mudança comportamental, não perca o objetivo do cooperativismo na promoção do homem em prol da sociedade.
São inúmeros os fatos em nosso meio de falsos idealistas usando o cooperativismo desvirtuado para praticar a exploração do homem pelo homem; são os famosos “coopergato”.
Mantida a relação patrão x patrão, com cooperativa caracterizada em seus princípios, e cooperado consciente de sua obrigação, teremos um acesso mais justo e humano ao trabalho, que vemos como única alternativa para o cenário futuro globalizado.
“A cada momento de nossa existência temos que escolher entre um caminho e o outro. Uma simples decisão pode afetar uma pessoa para o resto da vida.” – Paulo Coelho.
É chegada a hora de decidir e quebrarmos o paradigma. Não temos que continuar a procurar “emprego”. Precisamos buscar acesso ao trabalho com remuneração justa e digna.
José Alberto Caram de Souza Dias (Eng. Agr., PhD)Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fitossanidade,APTA-Instituto Agronômico de Campinas (IAC) C.P. 28, CEP 13012-970, Campinas/SP(19) 3241-5847, Ramal 363 jcaram@iac.sp.gov.br De 17 a 22 de junho de...
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