Zilmar da Silva Souza – Estação Experimental de São Joaquim C. P. 81, 88600-000, São Joaquim/SC – (49) 33-0324. zilmar@epagri.rct-sc.br Antônio Carlos Ferreira da Silva – Estação Experimental de Urussanga C. P. 49, 88840-000, Urussanga/SC – (48) 465.1209. ferreira@epagri.rct-sc.br
A cultura da batata é uma atividade com grande importância econômica e social para o Estado de Santa Catarina. A produção de batata semente é ainda uma importante atividade econômica no Estado, em vista da estrutura instalada, experiência dos produtores, condições climáticas favoráveis, condições naturais de isolamento, tecnologia aplicada e consequente alta qualidade fitossanitária da produção.
As regiões de Canoinhas e São Joaquim, localizadas no Planalto Catarinense, são as mais importantes. A produção de batata consumo também tem grande importância econômica nas regiões do Litoral Sul e Vale o Itajaí.
Neste contexto agro-econômico, a EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A., empresa de economia mista ligada ao Governo do Estado de Santa Catarina, tem a missão de realizar trabalhos de pesquisa e extensão rural para contribuir com o desenvolvimento estadual. A EPAGRI conta atualmente com 10 Estações Experimentais e 9 Centros de treinamento, localizados estrategicamente para atender a demanda das atividades ligadas ao setor agrícola e de interesse regional. Além destes, tem ainda o CIRAN – Centro Integrado de Informações de Recursos Ambientais em Florianópolis e um escritório local em cada município catarinense.
Os trabalhos iniciais de pesquisa e extensão rural com a cultura da batata em Santa Catarina foram realizados pelas Estações Experimentais de Itajaí e Ituporanga a partir de 1977, com os antigos Ensaios Nacionais de Cultivares de Batata (ENCB). A partir de 1982 iniciaram-se os trabalhos na Estação Experimental de São Joaquim e logo após na Estação Experimental de Urussanga. A maioria dos trabalhos realizados foram publicados, e imediatamente suas informações foram sendo incorporadas aos sistemas produtivos. Dentre eles destacamos: avaliação e seleção de novos cultivares de batata com publicação anual, densidade populacional de plantas, corte da batata semente, eficiência de novos defensivos, níveis de adubação, irrigação, utilização de dessecantes, avaliação da degenerescência da batata semente e coleta de cultivares antigos mantidos por produtores locais. Em 1981 a Estação Experimental de Itajaí iniciou um trabalho de avaliação e seleção de clones de batata oriundos da EMBRAPA/ CPACT de Pelotas, RS, que resultou no lançamento da cultivar Catucha – EPAGRI 361 em 1995, e na manutenção do clone EEI 004, que deverá ser lançado para cultivo orgânico.
Além disto, vem sendo mantido um banco de germoplasma de batata com cerca de 300 cultivares e clones. As publicações são realizadas na forma de boletins técnicos, artigos para revistas especializadas, artigos para jornais, televisão, rádio, folders, banners e inúmeras divulgações em dias de campo e palestras técnicas.
MELHORAMENTO GENÉTICO DA BATATA
Atualmente o principal trabalho em andamento com batata na EPAGRI é sobre melhoramento genético convencional visando à criação e seleção de novos cultivares de batata para mesa e processamento. O trabalho está apoiado em três pontos básicos: alta produtividade, qualidade para mesa ou processamento industrial e resistência às principais doenças e pragas. As atividades estão sendo realizadas basicamente na Estação Experimental de São Joaquim, na Serra Catarinense, com o apoio da Estação Experimental de Urussanga, no Litoral Sul do Estado. Os principais objetivos são: criação de genótipos, seleção de clones, produção de batata semente e geração de informações sobre os novos materiais a serem lançados. O objetivo maior é a obtenção de novos cultivares com menor custo de produção ou de qualidade superior aos cultivares comerciais importados.
Os cultivares lançados por outras entidades são também avaliados e inseridos na fase avançada de testes.
A Estação Experimental de São Joaquim apresenta uma boa estrutura com área experimental, telados para a produção de batata semente genética e básica, laboratórios de análise de viroses, fitossanidade, fisiologia e análise de solos, câmara fria, barracões, máquinas, equipamentos e recursos humanos capacitados.
Lavoura de batata semente na Serra Catarinense.
Na parte mais alta da Serra Catarinense, com altitude entre 900 a 1.500 metros, onde está localizada a Estação Experimental de São Joaquim, é possível realizar apenas um plantio por ano, em vista do inverno rigoroso, com apenas 150 a 180 dias livres de geadas, que permite o plantio na primavera até início do verão e com colheitas no final de verão e outono. O cultivo é realizado sob temperaturas médias mensais que variam de 13,2 oC a 17,2 oC (outubro a abril), muito favorável ao desenvolvimento e a produção e com os fotoperíodos mais longos do Brasil, de 13 a 15 horas. Por outro lado, no Litoral Sul, o plantio é realizado no final de inverno e final de verão com desenvolvimento durante a primavera e outono, respectivamente.
Atualmente estamos gerando 25.000 a 30.000 novos genótipos a cada ano, para avaliação e seleção. Este é um trabalho relativamente recente, mas já dispomos de clones avançados que poderão tornar-se novos cultivares num futuro próximo. Em vista das limitações de recursos e visando melhorar a eficácia do trabalho estamos procurando trabalhar em parcerias com outras instituições, associações de produtores, cooperativas e demais grupos interessados no negócio da batata, visando aumentar o trabalho, melhorar a qualificação dos resultados e atingir mais rapidamente os objetivos e metas planejadas. As parcerias atuais são com a EMBRAPA/CPACT, SEMENTOP – Associação dos Produtores de Batata Semente Genética e Básica, ASEPROBASC – Associação Serrana de Produtores de Batata Semente Certificada e empresas privadas na área de defensivos.
A experiência acumulada nos trabalhos de pesquisa e extensão qualifica a EPAGRI para continuar aperfeiçoando o seu trabalho frente às mudanças que o negócio da batata vem nos impondo no Brasil. Uma série de ajustes estão sendo implementados com o objetivo de aumentar o número de genótipos criados anualmente, e qualificar mais os resultados previstos em médio prazo. Atualmente temos poucos pesquisadores e técnicos diretamente envolvidos com a cultura da batata no Estado, entretanto, nos últimos anos foi possível melhorar muito a estrutura disponível para atender a crescente demanda por novas informações e produtos.
Em vista disto, hoje temos condições de realizar a criação, seleção e desenvolvimento de novos cultivares de batata, a validação de tecnologias, produzir material genético e básico e realizar prestação de serviços, e assim, atender a crescente demanda dos diferentes segmentos do agronegócio da batata em Santa Catarina e no Brasil. Também temos organizado ou participado de eventos, divulgando sempre que possível os resultados obtidos em Santa Catarina.
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