César Augusto Brasil Pereira Pinto Universidade Federal de Lavras – UFLA e-mail: cesarbrasil@ufla.br
A bataticultura brasileira teve seu início no final do século XIX, com a introdução de cultivares vindas da Europa. As cultivares européias se originaram de formas primitivas de batata, denominadas Solanum tuberosum subesp. andigena, cultivadas nas regiões dos Andes onde hoje se encontram o Peru e a Bolívia. Essa região apresenta dias curtos (cerca de 12 h de luz) e temperaturas amenas. Quando essas batatas primitivas foram levadas para a Europa elas encontraram dias longos (cerca de 16 h de luz) no período de primavera verão. Dessa forma elas tiveram que passar por um longo período (mais de 200 anos) de seleção para gerar a espécie S. tuberosum subesp. tuberosum, que é cultivada atualmente em todo o mundo.
Surpreendentemente a batata cultivada no Brasil é originada em países como a Holanda, Alemanha, Estados Unidos, etc. não sendo, portanto, completamente adaptada às condições de clima (dias curtos, temperaturas mais elevadas), solos, e ocorrência de pragas e doenças que existem em um país tropical, como o Brasil. Todo este conjunto de fatores atua no sentido de reduzir a produtividade e a qualidade da batata quando comparada com a batata produzida nos países de clima temperado.
A conclusão é óbvia: precisamos gerar as nossas próprias cultivares, mais adaptadas ao clima tropical, mais produtivas, mais resistentes às principais pragas e doenças que ocorrem no país e com qualidades que satisfaçam o consumidor brasileiro.
Existem vários caracteres que podem ser melhorados geneticamente. Um dos mais importantes é, sem dúvida alguma, a produtividade de tubérculos por área. A aparência dos tubérculos (formato, tamanho, cor e aspereza da película, profundidade das olhaduras, etc.) também deve ser considerada uma vez que os consumidores brasileiros, na sua maioria, preferem batatas de película amarela, lisas e brilhantes, olhos rasos e com polpa de cor creme ou amarela. A resistência às doenças fúngicas, bacterianas e viróticas bem como a resistência aos insetos praga, devem receber atenção especial, pois podem contribuir para a redução dos custos de produção, evitar o uso abusivo de agrotóxicos e contribuir para a preservação do ambiente, além de oferecer ao consumidor um produto mais saudável. Outros caracteres que podem ser de interesse são a menor exigência em fertilizantes, curto período de dormência, ciclo vegetativo inferior a cem dias e caracteres relacionados com qualidades culinárias, como o teor de matéria seca e de açúcares redutores dos tubérculos. Assim, é praticamente impossível obter uma nova cultivar contendo todos os caracteres desejáveis. Isto faz com que nos programas de melhoramento devemos, em primeiro lugar, definir quais características devem ser priorizadas.
Outro aspecto importante é que as preferências de produtores, de consumidores e da indústria eventualmente mudam, fazendo com que o melhoramento seja muito dinâmico, isto é, se adapte prontamente a essas mudanças. Por exemplo, nos últimos anos temse observado a aceitação de tipos diferentes de batata, como a cultivar holandesa Asterix, que possui película vermelha ou como é caso da cultivar americana Atlantic que possui tubérculos arredondados, película áspera e polpa branca, sendo bem adequada ao processamento industrial na forma de chips.
Essas tendências oferecem maior oportunidade para o desenvolvimento de novas cultivares para usos específicos ou que atendam determinadas setores do mercado. A preocupação de toda a cadeia produtiva da batata passou a ser, muito mais as qualidades culinárias do que apenas a qualidade externa do produto. É possível que dentro de pouco tempo até mesmo as cultivares destinadas ao consumo doméstico não necessitem apresentar o padrão de tubérculos desejado atualmente (“padrão Bintje”). O melhoramento genético para a obtenção de novas cultivares de batata é uma tarefa de longo prazo e que requer a dedicação intensiva de pesquisadores que atuam em várias áreas tais como a genética, o melhoramento de plantas, a fitopatologia, a entomologia, a tecnologia de alimentos, etc.
Estes pesquisadores devem trabalhar como equipe para facilitar a identificação das cultivares mais promissoras para serem colocadas à disposição dos produtores. O programa de melhoramento se inicia com o cruzamento de duas ou mais cultivares para gerar uma população contendo milhares de clones (cultivares em potencial) que vão sendo avaliados e eliminados durante várias etapas do programa, em função de apresentarem defeitos inaceitáveis. Apenas os melhores clones permanecem no programa e devem continuar sendo avaliados em experimentos maiores e localizados em toda a região batateira e nas diferentes safras, com o objetivo de conhecer seu efetivo potencial. Nas fases finais do programa, a participação de produtores experientes na avaliação dos clones promissores é uma etapa de fundamental importância para o sucesso da nova cultivar.
No Brasil, a dedicação ao melhoramento e desenvolvimento de novas cultivares de batata têm tido, até o momento, a participação exclusiva do setor público (Empresas de Pesquisa Federal e Estaduais e Universidades).
Embora os primeiros programas de melhoramento existam desde a década de 1940, um número limitado de clones foi avaliado nas condições brasileiras durante todo este período. Este pequeno número de clones avaliados dificulta a obtenção de novas cultivares pois, há informações na literatura de que são necessários avaliar cerca de duzentos mil clones para que uma nova cultivar seja lançada. Este fato reforça a necessidade de se ter no país maior apoio aos programas de melhoramento da batata tanto pelo setor público como pela introdução do setor privado no ramo do melhoramento. É oportuno salientar que na Holanda, um dos países que têm a maior participação na comercialização de batata semente do mundo, a maioria esmagadora de melhoristas é do setor privado.
Entre as instituições nacionais que se dedicam atualmente ao melhoramento da batata citam-se a EMBRAPA (CNPH e CPACT), Empresas Estaduais de Pesquisa Agrícola (EPAMIG, IAPAR, e outras) e Universidades (UFLA). Na Universidade Federal de Lavras o programa de melhoramento da batata se iniciou em 1989, a partir de projeto de pesquisa financiado pelo FINEP e com a participação posterior do CNPq, FAPEMIG e CAPES. Várias são as linhas de pesquisa deste programa e que envolvem a adaptação de clones às condições tropicais (temperatura mais elevadas), resistência à pinta preta (Alternaria solani), resistência ao vírus Y (PVY) e qualidade interna dos tubérculos, como o teor de matéria seca e de açúcares redutores. O programa contempla, ainda, uma área de mais longo prazo que é o melhoramento de populações empregando outras espécies de Solanum como S. phureja, S. chacoense e S. tuberosum subesp. andigena.
Estas espécies têm participado amplamente dos programas de melhoramento de outros países, e com certeza, poderão contribuir ainda mais para o desenvolvimento de cultivares nacionais. O programa da UFLA dispõe de clones que vêm sendo avaliados há vários anos e que apresentam características que podem permitir sua aceitação tanto por produtores como por consumidores. Estes clones se encontram em fase final de seleção e esperamos que, com a participação das Associações de Produtores, possamos colocá-los à disposição da cadeia produtiva da batata a curto prazo.
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