A partir desta edição, criamos um espaço destinado a profissionais que, comprovadamente,
prestaram grandes contribuições à Cadeia Brasileira da Batata.
Dr. Olavo José Boock
PqC Engo Agro Hilario S. Miranda Filho – Centro de Horticultura, Inst. Agronômico, APTA, SAA-SP.
f: (19) 3241-5188 – r. 306 – hilário@iac.sp.gov.br
O nome de Olavo José Boock, o Dr. Boock como era conhecido nos meios batateiros, não apenas foi sinônimo da pesquisa da cultura de batata no Estado de São Paulo, mas, praticamente era impossível pensar em qualquer aspecto relativo a essa cultura sem encontrar uma conexão com ele.
Dr.Boock nasceu na cidade de São Paulo, em 1915, e formou-se na, então, Escola Agrícola “Luiz de Queiróz’, na turma de 1938. Até sua aposentadoria, em março de 1969, fez toda sua carreira no Instituto Agronômico de Campinas, subindo todos os degraus da carreira de pesquisador científico, desde estagiário não-remunerado, até chefe da Seção de Raízes e Tubérculos, quando liderou um grupo de seis pesquisadores.
Em seu início de carreira, Dr. Boock, então na equipe de Jorge Bierrembach de Castro, teve que enfrentar as dificuldades impostas por falta de recursos, agravadas com a situação da guerra mundial, que em muito limitava a disponibilidade de insumos para a Agricultura. A maior parte de seus trabalhos, nessa época, buscava soluções para atenuar essa carência e que permitissem aos bataticultores a manutenção de sua produção. Os trabalhos englobavam desde a produção de batata-semente, seu manuseio e conservação, até o uso de substâncias alternativas, para serem utilizadas no lugar dos inexistentes adubos químicos.
Essa experiência serviu como base para a formulação de seus projetos de pesquisa posteriores. Em relação a problemas sanitários, foi um dos pioneiros, juntamente com o Prof. Lordelo, da ESALQ, em nematologia no Brasil. Sempre batalhou para que a Virologia no Instituto Agronômico tivesse um especialista em viroses da batata.
Embora fosse um estudante fanático de cultivares importados, tendo feito sua tese de doutoramento sobre o comportamento de 58 cultivares holandeses, e publicado, anos depois, boletim sobre outros setenta, logo definiu que não havia a possibilidade de um genótipo importado vir a ser, do ponto de vista agronômico, o ideal para as condições brasileiras, sendo o primeiro melhorista da cultura no Estado de São Paulo.
Sua variedade Aracy (IAC-2) permanece, 53 anos após o cruzamento que lhe deu origem, como um dos mais interessantes genótipos desenvolvidos no Brasil, sendo padrão internacional de resistência a Altenaria solani, agente da ‘pinta preta’. Sua grande frustração nesse campo foi a de não ter um local para o aumento substantivo do material por ele melhorado. Só, já próximo a sua aposentadoria, é que conseguiu, quando assessor técnico da Secretaria de Agricultura, que fosse instalada a Estação Experimental de Itararé para essa finalidade.
As ações de Dr. Boock não foram limitadas pelas fronteiras geográficas do Estado de São Paulo, conhecendo bem todas as regiões produtoras do Brasil, da Paraíba ao Rio Grande do Sul. Internacionalmente, Dr. Boock participou de atividades relacionadas à bataticultura em todos os principais centros da América do Sul e da Europa Ocidental.
Dr. Boock produziu uma extensa bibliografia, dedicada, quase que exclusivamente, à batata, tendo escrito ou colaborado com mais do que cem trabalhos científicos, abrangendo todos os pontos da cultura, tendo comparecido a cerca de 50 congressos, nacionais e internacionais. Mas, mais do que um cientista, Dr. Boock foi um apóstolo da batata, sempre interessado em divulgar seus conhecimentos e em estimular outros agrônomos a se interessarem pela cultura. Para tanto, orientou na Seção de Raízes e Tubérculos mais do que 20 estagiários de nível superior, organizando e participando de cerca de 15 cursos sobre a cultura.
Dr. Boock sempre defendeu a tese de que a pesquisa, em um Instituto como o Agronômico, só é válida se realizada para e com os produtores e que seus resultados devem chegar a eles o mais rapidamente possível. Seus trabalhos de divulgação, além dos boletins oficiais, encontram-se principalmente em veículos de acesso fácil pela bataticultura, principalmente na Coopercotia, onde colaborou mais que 25 vezes.
A carreira de Dr. Boock não foi interrompida por sua aposentadoria, tendo continuado a trabalhar, inicialmente na Assessoria da Secretaria da Agricultura de São Paulo, e posteriormente no Serviço de
Produção de Sementes Básicas da EMBRAPA. Dr. Boock continua até hoje como modelo da toda uma geração de pesquisadores ligados à bataticultura.
O Eng. Agr. Dr. Olavo José Boock faleceu dia 9 de agosto de 2004, um dos pioneiros, e, sem dúvida, uma das mais importantes figuras da pesquisa brasileira em bataticultura. Nascido em 1915, formado pela ESALQ em 1938, Dr. Boock dedicou toda sua vida ao estudo, ao fometo da produção e ao incentivo do consumo da batata no Brasil. Dr. Boock leva o respeito e as saudades de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.
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