Epamig testa novas cultivares francesas de batata em Minas Gerais

Geraldo M. A. Cançado, Marcos A. M. Fadini, Joaquim G. Pádua Pesquisadores, FECD/EPAMIG, Caldas/MG Fone: (35) 3735.1101 – email: cancado@epamigcaldas.gov.br


A batata é o quinto produto agrícola mais cultivado no mundo, só perdendo para cereais como trigo, milho, arroz e cevada, no entanto, entre estes, é o que tem maior participação direta na alimentação humana. A bataticultura no Brasil, tem sido, ainda, responsável pela geração de inúmeros empregos diretos e indiretos, tanto na zona rural quanto na zona urbana, desempenhando, portanto, importante papel sócio-econômico.


Desta forma, ações que visam estimular a produção e produtividade da bataticultura sempre são bem vindas pelo setor. A bataticultura mineira, a semelhança da bataticultura nacional, tem se mostrado extremamente carente de genótipos com melhor adaptação para as grandes variações de fatores bióticos e abióticos encontradas no país. Desta forma, é evidente a carência de programas de melhoramento genético para a cultura, como fator determinante na conquista e manutenção de uma lavoura competitiva. Embora a solução ideal seja a criação de genótipos desenvolvidos para nossas condições específicas, muitas vezes, isto não é possível, devido a grande limitação de recursos destinados à pesquisa agrícola. Além disso, programas de melhoramento genético bem estruturados só surtem efeito a longo prazo. É claro que nada disso justifica a ausência de maiores esforços na área, mesmo porque, caso o país tivesse optado por estabelecer programas fortes de melhoramento genético para a batata no passado, possivelmente, hoje teríamos a disposição do agricultor uma oferta maior de cultivares desenvolvidas em nosso próprio país.


A introdução de espécies e cultivares desenvolvidos em outras regiões do mundo tem sido uma prática corriqueira na história da humanidade e tem sido uma forma de amenizar a ausência de programas locais de melhoramento genético. No Brasil, várias das culturas agronômicas cultivadas são de origem externa, das quais podemos citar como exemplo a cultura do café e da cana-de-açúcar, ambas originárias de outros continentes, amplamente disseminadas no Brasil e que exercem importante papel na economia do país. Ainda hoje, o uso de variedades, híbridos, clones, etc., desenvolvidos para as condições de outros países, exerce forte influência na agricultura de nosso país.


A batata, embora tenha sua origem na região dos Andes, na América do Sul, foi praticamente domesticada na Europa a partir do século XIV. Em função disso, a maioria das introduções de batata tem sido feitas com materiais provenientes de regiões temperadas, frequentemente localizadas no continente europeu. A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em parceria com produtores de batata, Associação de Bataticultores do Sul de Minas Gerais (Abasmig), Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Associação Brasileira da Batata (Abba) e a empresa Multiplanta, produtora de mudas micropropagadas, vem realizando a introdução e avaliação de novas cultivares comerciais de batata, provenientes da França. As variedades estão sendo testadas em oito diferentes locais no estado de Minas Gerais e tem por objetivo apontar genótipos mais adequados ao uso pelo produtor e de melhor qualidade para o consumidor.



Segue no texto, a descrição sucinta de algumas características das cultivares, baseados em dados fornecidos pelos obtentores:


1) Emeraude: Mais indicada para o consumo in natura, sendo propícia para o cozimento. De maturação semi-precoce e tubérculos com formato oblongos, pele amarelo clara e polpa amarela. É pouco sensível à requeima, vírus Y e vírus do enrolamento. Possui a mesma precocidade apresentada por Monalisa e produz grande proporção de tubérculos médios a grandes, além de possuir boa resistência a danos mecânicos.


2) Izabel: Possui tubérculos com pele amarela e polpa amarelo escura de forma oblonga alongada. As plantas são altas e de porte semi-ereto. Possui ciclo precoce, com elevada proporção de tubérculos grandes e boa firmeza após o cozimento, não sendo indicada para fritura devido seu baixo teor de matéria seca. Possui comportamento semelhante a à Monalisa quanto à requeima, sendo resistente ao vírus X e mediamente resistente ao vírus Y. Também possui resistência para alguns nematóides que atacam a cultura.


3) Éden: Possui maturação semi-precoce e é destinada ao consumo in natura. O tubérculo possui formato oblongo a oblongo alongado de pele e polpa amarela. Possui teor de matéria seca semelhante a Bintje e ão é recomendada para industrialização. Produz elevada proporção de tubérculos grandes e é pouco sensível à requeima, mediamente sensível ao vírus do enrolamento e resistente a galha verrugosa.


4) Naturella: Indicada para o consumo in natura, seus tubérculos apresentam formato oblongo com pele amarela e polpa creme. Possui excelente regularidade no formato dos tubérculos e elevada proporção de tubérculos grandes. Possui teor de matéria seca superior ao da Bintje. É muito resistente à requeima, vírus do enrolamento, galha verrugosa e galha comum e mediamente sensível ao vírus Y. Os tubérculos são pouco sensíveis ao choque mas possuem boa conservação. Devido sua boa resistência a doenças, é indicada para cultivo racional e cultivo orgânico.


5) Eóle: De maturação semi-precoce, produz tubérculos de formato oblongo, bastante regulares e com gemas superficiais. Possui pele e polpa amarela. É indicada para consumo in natura e apresenta boa firmeza após cozimento, não sendo indicada para industrialização. Pouco sensível à requeima, mediamente sensível ao vírus Y e resistente à galha verrugosa e a nematóides.


6) Elodie: Destinada ao consumo in natura possui maturação precoce. Os tubérculos apresentam formato oblongo a oblongo alongado com gemas muito superficiais, pele clara e polpa amarelo pálida. Produz elevada proporção de tubérculos grandes. É sensível à requeima e mediamente sensível ao vírus Y e galha comum. Também é mediamente sensível ao vírus do enrolamento e a galha verrugosa.


7) Florice: Destinada ao consumo in natura, possui maturação semi-precoce. Seu tubérculo possui formato oblongo curto a oblongo com gemas superficiais e pele e polpa amarela. Possui boa firmeza após cozimento e possui baixo teor de matéria seca. Produz elevada proporção de tubérculos grandes e é mediamente a pouco sensível a requeima, mediamente sensível ao vírus Y e resistente a galha verrugosa.


8) Bondeville: Destinada ao consumo in natura, possui maturação meio tardia. Seu tubérculo apresenta forma oblonga curta a oblonga de pele e polpa amarela. É pouco sensível a requeima, vírus Y e resistente a galha verrugosa. É sensível à galha comum e a choques mecânicos.


9) Franceline: Destinada para o consumo in natura, possui polpa muito firme. Sua maturação é precoce a meio precoce. O tubérculo apresenta formato oblongo a oblongo alongado com gemas superficiais, pele vermelha, polpa muito amarela e possui médio teor de matéria seca. É mediamente sensível à requeima e sensível ao vírus Y. É resistente ao vírus X e não é atacada pela galha verrugosa e galha comum.


10) Fregate: Destinada ao consumo in natura possui maturação meio precoce. O tubérculo apresenta formato oblongo curto a oblongo com gemas superficiais, pele amarela, polpa amarelo pálida e produz elevada proporção de tubérculos grandes. É mediamente sensível a requeima e sensível ao vírus Y. Não é atacada pela galha verrugosa e é mediamente sensível à galha comum. Possui teor médio de matéria seca.


11) Manon: Cultivar desenvolvida pela associação dos produtores de batata-semente da França, da qual não se dispõe de mais informações. Apesar dos experimentos não terem sido concluídos, avaliações preliminares relativas ao comportamento fenológico das plantas, temse mostrado bastante promissoras, o que tem deixado os produtores que participam da condução dos experimentos bastante entusiasmados.


Embora o teste das 11 cultivares francesas seja apenas um passo inicial, o objetivo é testar nos próximos anos, não só um número maior de cultivares, incluindo aí, cultivares desenvolvidos por instituições de pesquisa brasileiras e de outros países, como Alemanha, Holanda e Argentina, como também, estender os experimentos no campo para outras regiões de interesse no estado. Com estas ações, a Epamig juntamente com seus parceiros, pretende recomendar com maior segurança o uso de novas cultivares que vem sendo introduzidas e testadas de forma empírica pelos produtores. Além do trabalho de avaliação de cultivares, a Epamig desenvolve outras linhas de pesquisa para a cultura da batata, como melhoramento genético, nutrição mineral, práticas de manejo racional e levantamento da ocorrência de pragas e doenças nas principais regiões produtoras do estado. Para tanto, conta com o auxílio de parceiros importantes, como o Centro Nacional de Pesquisa em Hortaliça da Embrapa e a Universidade Federal de Lavras.

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