Anderson Moraes Zílio 1; Mauricio César Iung 2; Carlos Alberto Scotti 3
1 Aluno do 8º. Período de Agronomia da PUCPR – anderson.zílio@hotmail.com
2 Engenheiro Agrônomo, Professor orientador, Pontifícia Universidade Católica do Paraná; mauricio.iung@hotmail.com
3 Engenheiro Agrônomo, M.Sc. Coorientador., babo4227@terra.com.br
RESUMO
Este trabalho objetivou verificar a sensibilidade ao esverdeamento de três cultivares (Caesar, Ãgata, Atlantic) de batata quando armazenadas em condições ambientais. O ensaio foi conduzido em armazém, no município de Fazenda Rio Grande / PR onde está localizada a Fazenda Experimental Gralha Azul (FEGA) da PUC-PR. Foram escolhidos 20 tubérculos comerciais de cada variedade, sendo 10 lavados e 10 não lavados; acondicionados em bandejas e levados a um armazém, onde ficaram expostos à luz difusa. Foram semanalmente avaliados por 3 observadores que deram notas de 1 a 9; sendo que a nota 1 foi dada para tubérculos ausentes de esverdeamento e nota 9 para tubérculos esverdeados de forma intensa. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso em parcelas subdivididas, composto por 6 tratamentos e 4 repetições, totalizando 24 unidades experimentais. Com os resultados obtidos conclui-se que: os tubérculos na condição lavada, independentemente do cultivar, esverdearam mais rapidamente e tiveram maior intensidade de esverdeamento em relação à situação não lavada; A cultivar Caesar obteve o menor índice de esverdeamento, e Atlantic o maior.
Palavras-chaves: Ãgata; Atlantic; Caesar; Esverdeamento; Pós-colheita.
INTRODUÇÃO
Na bataticultura é comum observar em supermercados, feiras livres e armazéns, tubérculos que apresentam em sua casca uma coloração esverdeada. A isto é dado o nome de esverdeamento, induzido pela presença de luz. O fenômeno também pode ocorrer no campo devido ao afloramento de tubérculos, em função da ineficiência da amontoa.
No Brasil, o problema é agravado pela prática de comercializar tubérculos lavados, expostos à granel ou em sacos rendilhados. O esverdeamento dos tubérculos é decorrente da síntese e o acúmulo de clorofila na parte externa do tubérculo e também da síntese e acúmulo de glicoalcalóides, especialmente a solanina na parte interna (BRUNE e MELO, 2006; PEREIRA e DANIELS, 2003).
Os tubérculos esverdeados quando ingeridos em quantidades elevadas são responsáveis por distúrbios gastrointestinais, que podem ser de tal gravidade que há necessidade da procura de uma orientação médica.
Isto ocorre porque a solanina, ao atingir concentrações entre 15 a 20 mg 100g-1 de peso fresco pode ser tóxica (DIAZ, 1986; FELTRAN et al., 2004).
O fenômeno de esverdeamento ocorre devido a vários fatores, como: cultivar, maturação, temperatura, intensidade luminosa e duração da intensidade luminosa. Os cultivares de película clara esverdeiam mais facilmente do que os de película escura devido a sua sensibilidade.
Estas podem mascarar a presença da clorofila muito embora seja ali encontrada. A partir da luminosidade de 53,5 lux, ocorre o esverdeamento. No entanto a temperatura ambiente é essencial no processo. Para a ocorrência do esverdeamento, temperaturas acima de 20 0C são ótimas. Quando estiver abaixo de 4,5 0C, o fenômeno ocorre muito pouco. De modo que em baixas temperaturas a intensidade luminosa tem pouco efeito sobre o esverdeamento (SMITH, 1975).
Para evitar o esverdeamento deve-se fazer uma boa amontoa, evitando a exposição de tubérculos na superfície do solo; e quando armazenados, em depósitos ou doméstico, evitar que fiquem expostos a luz (BOOCK, 1968). Por isto este trabalho objetivou verificar a sensibilidade ao esverdeamento de três cultivares de batata nas condições lavada e não lavada, quando armazenadas em condições ambientais.
METODOLOGIA
O experimento foi conduzido em armazém, no município de Fazenda Rio Grande, PR onde está localizada a Fazenda Experimental Gralha Azul (FEGA), da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, situada a 25037’32″ e 49015’29″O, e altitude de 920 m. A fazenda pertence à Bacia Hidrográfica do Alto Iguaçu (FEGA, 2006).
As cultivares avaliadas foram: Atlantic, que é uma planta de porte médio a alto, possui alto rendimento, sua maturação é precoce, os tubérculos têm formato arredondado, têm película branca e seu uso é recomendado para fritura (SCOTTI, et al., 1998 p. 06). Ãgata, que possui alto rendimento, maturação precoce a muito precoce, seu formato é oval, película amarelada e é recomendada para cozimento (NIVAA, 2003 p. 49) e Caesar: que tem maturidade média à tardia, seu tubérculo é oval arredondado, sua pele é amarela e seu uso é para cozimento (HAMESTER, 1999 p. 44).
Esse material foi originário de ensaio populacional de batata, safra 2005-2006, colhido na 1ª quinzena de Março de 2006, realizado na FEGA. O delineamento experimental usado foi blocos ao acaso arranjado em parcelas subdivididas com 6 tratamentos e 4 repetições totalizando 24 unidades experimentais conforme o Quadro 1. Nas parcelas foram arranjados os cultivares (Ãgata, Atlantic e Caesar) e nas subparcelas, o preparo para o armazenamento (lavada e não lavada). Cada subparcela (unidade experimental) foi composta por 10 tubérculos com 35-45 mm de menor diâmetro transversal, visualmente homogêneos.
Para a avaliação do esverdeamento, os tubérculos de cada repetição foram acondicionados em bandejas, levados a um armazém e expostos á luz difusa, a uma temperatura conforme o Quadro 2. Foram avaliados semanalmente, durante quatorze semanas, por três observadores que deram notas de 1 a 9, conforme metodologia de (BRUNE e MELO 2006). A nota 1 foi dada para tubérculos ausentes de esverdeamento, 3 esverdeamento fraco, 5 esverdeamento médio, 7 esverdeamento forte e a nota 9 para tubérculos que apresentaram esverdeamento de uma forma intensa ou quase por completo. As médias das notas avaliadas foram colocadas em gráficos e ao serem analisadas criaram-se faixas de esverdeamento conforme o Quadro 3.
Todos os valores mensurados foram submetidos à análise de variância. As variâncias dos tratamentos foram avaliadas pelo teste de Bartlett quanto à homogeneidade das variâncias. . Em seguida os tratamentos foram testados por meio do teste F. Quando os resultados revelaram existir diferenças estatisticamente significativas, as médias foram separadas pelo teste de Tukey no nível de 5 % de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todos os dados obtidos, ao serem analisados pelo teste de Bartlett, não se mostraram estatisticamente significativos (p>0,05). Os cultivares na situação lavada, apresentaram maiores notas de esverdeamento desde a primeira avaliação feita aos 7 dias até a ultima avaliação feita aos 98 dias após a exposição à luz (Figura 1).
A razão de cultivares não lavados se apresentarem com menor índice de esverdeamento, deve-se à presença de resíduo na película, que funciona como uma barreira protetora ao tubérculo contra a exposição direta a luz, consequentemente dificultando a ocorrência do esverdeamento.
Quando comparadas à média entre as cultivares pode-ser observado que Caesar obteve o menor índice de esverdeamento, e Atlantic o maior. Ãgata não diferenciou dos extremos, conforme o teste de Tukey (p>0,05). Ao comparar a média das situações (Lavada e Não Lavada), foi observado que a situação lavada, independentemente da cultivar, apresentou uma maior intensidade de esverdeamento, diferenciando estatisticamente da situação não lavada (Tabela 1).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os tubérculos na condição lavada, independentemente do cultivar, esverdearam mais rapidamente e tiveram maior intensidade de esverdeamento em relação à situação não lavada. A cultivar Caesar obteve o menor índice de esverdeamento e Atlantic o maior. Para diminuir os efeitos do esverdeamento recomenda-se lavar os tubérculos no somente na hora que for consumir. Caso o consumidor prefira tubérculos já lavados no ponto de venda, o comerciante deve efetuar a lavagem o mais próxima possível do momento de venda.
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