Fitossanidade-Milho: alternativa viável para rotação pós-plantio da batata


Nos principais Estados produtores de batata no Brasil, Minas Gerais e São Paulo, observam-se constante aumento no grau de tecnificação nos últimos anos, onde alguns produtores têm atingido níveis de produtividade superior a 35 – 40 toneladas por hectare. Este nível de produtividade está se tornando realidade apenas para um pequeno grupo de produtores que estão deixando de lado os antigos sistemas tradicionais de cultivo, onde o uso intensivo da área para a produção da batata é comum. Estas novas produtividades são obtidas em áreas onde o produtor está empenhado em utilizar um conjunto de práticas agrícolas que visa um manejo integrado da lavoura, mostrando a necessidade, cada vez mais evidente, pela própria conjuntura da cultura e do mercado, apoiado e incentivado pelo governo, instituições e associações. O aumento constante do número e intensidade de doenças e pragas, dos preços dos insumos agrícolas, principalmente dos fertilizantes, frente a grande volatilidade de preços e um mercado consumidor exigente, o setor e os produtores precisam aumentar o grau de tecnificação. A pressão ambiental pelo uso racional de defensivos agrícolas e da água de irrigação, faz com que os produtores busquem meios que visem a redução da interferência destes fatores, onde a rotação de culturas pode auxiliar sobremaneira para o sucesso do sistema integrado de produção. Em um sistema de rotação de culturas, o milho entra como a principal opção de gramínea para a redução de doenças, pragas, formação de matéria orgânica e aproveitamento de nutrientes. O custo da unidade produzida é muito importante tanto na cultura da batata quanto do milho. A adoção de técnicas de baixo custo e alto impacto na produtividade permite o aumento expressivo do potencial produtivo da cultura e incrementam a margem líquida do produtor. Planejar e adotar técnicas na cultura da batata que minimizem os efeitos negativos na produtividade da cultura do milho é o primeiro passo. Podemos eleger sete práticas culturais que visa tirar o máximo do potencial do milho quando em sucessão da cultura da batata.



 Época de plantio x híbridos de milho
Praticamente não ocorrem problemas de atraso na implantação da lavoura de milho na safra de verão, quando este se realiza sobre as lavouras de batata implantadas de janeiro a março. As lavouras de milho implantadas sobre os cultivos de batata, realizados de abril a julho, apresentam possibilidade de ocorrer atraso na implantação do milho de verão, o que pode reduzir o potencial produtivo em função do período e da escolha de híbridos não adaptados para esta época. Desta forma, deve-se atentar para a escolha dos híbridos mais adequados para cada época de plantio e principalmente, eleger híbridos com reconhecido potencial produtivo e defensividade, distribuídos de forma tecnicamente inteligente, no Sistema de Combinação Híbridos, visando obter produtividade com estabilidade, diluindo os riscos do produtor.


 


Herbicidas Residuais
O principal herbicida utilizado para controle de folhas largas na cultura da batata apresenta metribuzin como ingrediente ativo, que mesmo utilizado em doses menores (0,6 litros/ha), está diretamente relacionado a redução de stand inicial pela morte de plântulas ou o aparecimento de fitotoxidade, durante o ciclo de desenvolvimento, o que poderá acarretar perdas de produtividade e este problema tende a ser mais grave em solos mais leves (arenosos). Uma das alternativas para diminuir os efeitos de mato-competição e aumentar o intervalo entre a aplicação do metribuzin e o plantio da próxima cultura, é reduzir o período entre o preparo de solo ou o manejo de dessecação com o plantio da batata. Outra medida a ser tomada é instruir os operadores a realizarem a verificação de calibragem dos pulverizadores e evitarem ao máximo a sobreposição de barras, principalmente junto aos carreadores e viradores dos equipamentos, onde ocorre super dosagem e pontos de surgimento de sintomas de fitotoxidez nas plantas de milho.


 


Preparo de Solo
No processo de colheita da batata é necessário grande revolvimento do solo, pois onde são feitos os carreadores para retirada da safra, formam-se muitos torrões, principalmente em solos de textura argilosa. Isto exige uma atenção especial do produtor, a fim de realizar uma boa descompactação e um bom preparo de solo em toda a área, para reduzir a quantidade de torrões. Como resultado, o produtor terá uma lavoura com uma qualidade de emergência e uniformidade de plantas bem melhor, assim como a perda de plantas por excesso de torrões será reduzida. Cabe aqui lembrar, que o preparo intensivo do solo para a cultura da batata, o baixo teor de matéria orgânica em função deste revolvimento e o uso inadequado da irrigação (frequência e intensidade de molhamento), podem acentuar os problemas de compactação (adensamento do solo). Como consequência, pode ocorrer um aumento na incidência de doenças como fusarium na cultura da batata e do milho, sendo que no segundo, está diretamente relacionado aos problemas de acamamento, quebramento e morte prematura de plantas.



 


 Adubação
Os níveis de adubação utilizados na batata contemplam tabelas de fertilidade de solo montadas há mais de década e os atuais níveis de produtividade atingidos por vários produtores estão acima destes valores referenciais estabelecidos. Isto é valido também para as tabelas de extração de nutrientes. É importante trabalhar com o equilíbrio de nutrientes no solo, respeitando as limitações nutricionais destas culturas. É bastante comum observar produtores querendo manter o pH do solo em níveis mais baixos para evitar problemas com a sarna da batata (Streptomyces sp.), mas esquecem da importância do cálcio e magnésio para a cultura do milho. As adubações normalmente utilizadas na cultura da batata podem gerar alguns desequilíbrios nutricionais devido ao uso excessivo de fósforo em detrimento de potássio, desequilíbrio na relação nitrogênio/potássio e salinização. Nas áreas de plantio de batata, normalmente são observados altos níveis de fósforo e potássio no solo, o que leva alguns produtores a utilizarem apenas adubos nitrogenados no momento do plantio. Observações de campo mostram que a utilização de formulados na base quando no plantio do milho, mesmo em quantidades mais baixas, apresentam produtividades mais elevadas que as áreas onde não se utilizam, pois este adubo auxilia no estabelecimento da lavoura. Muito importante nestas áreas é adequar a quantidade de nitrogênio com a de potássio disponível no solo mais a quantidade no plantio e/ou cobertura, visando manter esta relação entre 1,0 e 1,5. Mantendo esta relação é possível minimizar problemas futuros de acamamento, permitir melhor qualidade de enchimento de grãos e contribuir para melhor sanidade foliar.


 


Plantio
População final de plantas por hectare, esta é a chave da produtividade em milho. A manutenção da velocidade adequada por ocasião do plantio, apesar de ser recomendação antiga, ainda é problema que influencia sobremaneira na população final. Outro aspecto que pode auxiliar para melhoria da qualidade de plantio é a realização da irrigação prévia da área quando de períodos mais secos, restaurando a capacidade de campo. Esta prática torna o solo mais fácil de ser trabalhado e também permite um melhor processo de abertura e fechamento do sulco durante o plantio, o favorece a uniformidade de emergência das plantas.


 


Herbicidas na cultura do milho
 A utilização de herbicidas pós-emergentes a base de mesotrione e nicossulfuron devem ser realizados preferencialmente até a fase de desenvolvimento de V4 da cultura do milho. A utilização de nitrogenados e inseticidas organofosforados não deve ser realizada de forma concomitante aos herbicidas e um intervalo mínimo de sete dias antes ou após a aplicação, deve ser respeitado. Como estas áreas normalmente apresentam residual de herbicidas da cultura da batata, caso não se tome estes cuidados, poderemos acentuar os efeitos de fitotoxidade na cultura do milho, o que pode vir gerar reduções de produtividade.


 


Pragas
As práticas culturais realizadas no cultivo da batata e o processo de revolvimento do solo para colheita, podem promover um ambiente mais propício ao desenvolvimento de algumas pragas como a lagarta rosca (Agrotis ipsilon) e a larva de diabrótica (Diabrótica speciosa), o que torna o uso de tratamento de sementes uma prática indispensável. Em função da época de plantio e condições climáticas, também podem permanecer em restos culturais da batata, lagartas do cartucho (Spodoptera frugiperda) em ínstares mais avançados, visto que esta lagarta também está se tornando uma das principais pragas da batata e gerando perdas de plantas na fase inicial de desenvolvimento da cultura do milho. Os sintomas de ataque da lagarta do cartucho nesta fase são bastante parecidos com o ataque da lagarta rosca. A realização de aplicações de inseticidas reguladores de crescimento (erroneamente chamados de fisiológicos) em pré-plantio e o tratamento de sementes podem auxiliar no controle desta praga, que terá nos híbridos geneticamente modificados com gene YieldGard*, um aliado poderoso. Com a adoção destas principais práticas relacionadas, é possível de se alcançar elevados níveis de produtividade, transformando a cultura do milho de um simples ator coadjuvante para protagonista desta história juntamente com a cultura da batata. Em um sistema integrado de cultivo, o importante é manter a visão aberta para todos os fatores que podem afetar diretamente ou indiretamente todo o sistema de produção, sem esquecer que se trata de um processo contínuo de aperfeiçoamento, e que ao se adquirir esta percepção, as oportunidades de ganhos dentro do sistema serão ampliados. 


 


*YieldGard é marca registrada utilizada sob licença da Monsanto Company.


 


Eng. Agr. Sérgio Guenze Rodrigues


DPT à Pioneer Sementes


www.pioneersementes.com.br


 



Fonte:
www.multiplanta.com.br



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