IAPAR CRISTINA – Cultivar de batata adequada para a produção no sistema orgânico

Nilceu R.X. de Nazareno. Pesquisador do IAPAR, Unidade Reg. de Pesquisa Leste – nilceu@iapar.brwww.iapar.br.




 


Campo de produção comercial de ‘IAPAR CRISTINA’, em Araucária, PR (proprietário Aloyse Gurski)


A Região Metropolitana de Curitiba está se tornando um foco polarizador da produção de batata orgânica, com muitos agricultores voltados para essa atividade e um dos grandes desafios é a escolha da cultivar adequada para esse tipo de cultivo, onde um dos problemas é a característica regional favorável ao desenvolvimento de severas epidemias da requeima.


A cultivar IAPAR Cristina é o resultado do trabalho de seleção clonal feito no IAPAR, em uma população advinda do Centro Internacional da Batata, através da parceria com a Embrapa Hortaliças na década de 80. Sua obtenção foi similar à da cv. IAPAR 82 ARAUCÃRIA, lançada em meados da década de 90, e teve a designação interna de PHO 15.


IAPAR CRISTINA tem porte ereto, vigorosa, flores brancas e ciclo entre 110 e 120 dias. De formato ovalado, o tubérculo tem película amarela clara e áspera, olhos rasos e polpa amarelada. Sua aptidão é para cozimento, com teores de matéria seca entre 18 e 20%. Uma das grandes vantagens identificadas por produtores é seu nível de resistência à requeima, tolerância a sarna comum, pinta preta e viroses e resistência aos defeitos fisiológicos mancha chocolate, embonecamento, coração oco e tolerância a rachadura. Porém, é suscetível a murchadeira. Em meados de 2001, juntamente com amostras de outras cultivares importadas como Santée, Caesar, Vivaldi entre outras, uma caixa do clone PHO 15 foi entregue a um produtor, senhor Aloyse Gurski, de Guajuvira no município de Araucária, que produz em sistema orgânico, para sua criteriosa avaliação. Até aquela data ele vinha utilizando ‘Monalisa’ necessitando efetuar muitas aplicações de calda bordaleza para controle da requeima. Depois de algumas safras de observação, hoje é a única cultivar que ele adotou em seu sistema, pelas características descritas acima. Pela carência de cultivares para esse tipo de sistema e pela urgência em disponibilizar esse material, o IAPAR optou por fazer seu lançamento durante o evento Paraná Orgânico, realizado pelo Centro Paranaense de Referência em Agroecologia, Pinhais, PR, em dezembro de 2005, mesmo antes da realização dos ensaios de validação de cultivo e uso para registro no MAPA. Em parceria com a Embrapa Clima Temperado, tubérculos indexados estão sendo produzidos em Pelotas, para que o IAPAR possa fazer os experimentos de VCU e disponibilizar semente no mercado.


O mercado para batata orgânica na região metropolitana de Curitiba é diferente do convencional. Os tubérculos são comercializados sem lavar em feiras especializadas, ou para empresas que embalam com destino a gôndolas de produtos orgânicos em supermercados.


Os preços nas feiras têm variado entre R$ 2,00 e R$ 2,50 por quilograma de tubérculos comerciais.
A opção de venda do senhor Aloyse tem sido através de contrato com uma empresa local, que tem comprado toda a produção (comercial e não comercial) a R$ 1,00 por quilograma. A porção não comercial é aproveitada para o preparo de batata fresca semiprocessada, disponibilizada no mercado em cubos embalada com outras hortaliças.


Pelas suas características de rusticidade e adaptação no mercado de orgânicos, a IAPAR CRISTINA já foi, então, validada pelo senhor Aloyse, o qual vem disponibilizando informalmente tubérculo semente da cultivar para outros produtores do sistema, já que este insumo produzido organicamente é uma das exigências dentro desse sistema de produção. Segundo o produtor, existem safras onde não é preciso fazer nenhuma pulverização para controle da requeima que, juntamente com as outras características de tubérculo, coloca IAPAR CRISTINA como de ampla aceitação para esse tipo de produção no Paraná.



Característica de tubérculo da cultivar IAPAR CRISTINA.


 

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