Antonia dos Reis Figueira – Fitovirologista. Univ. Federal de Lavras – Depto de Fitopatologia. C. P: 3037,
CEP: 37200-000 Lavras-MG (35) 3829.1282 antonia@ufla.br
O aumento da exportação dos produtos agrícolas brasileiros nos últimos anos tem sido animador, evidenciando o grande potencial econômico da agricultura nacional. Entretanto, o mercado externo tem se mostrado cada vez mais exigente, sinalizando para a necessidade de uma adequação do modelo atual de produção, com a finalidade de atender os padrões estabelecidos pelo consumidor internacional.
Os desastres ecológicos, as doenças causadas por toxinas e/ou microrganismos disseminados através de alimentos e a degradação do meio ambiente causada por práticas culturais, têm provocado reflexões profundas em todos os segmentos da sociedade, em países espalhados por todo o mundo. Em adição, o êxodo rural tem servido como alerta para a importância de se administrar os recursos humanos da comunidade rural, fazendo da agricultura uma atividade mais atraente. Tudo isso levou à idealização do conceito de agricultura sustentável, cujos objetivos são a preservação do meio ambiente, envolvendo a conservação dos recursos naturais do planeta, o respeito à saúde humana e animal, a rentabilidade e a igualdade social e econômica das pessoas, pertencentes aos diferentes segmentos do meio rural. A sustentabilidade na agricultura preconiza ainda que devemos suprir as nossas necessidades no presente, sem comprometer as das futuras gerações.
Antonia dos Reis Filgueira
Na Europa foi elaborado o EUREP GAP (European Protocol of Good Agricultural Practices), com as normas e/ou recomendações para a produção de alimentos, principalmente os produtos hortícolas frescos. Nesse protocolo consta um conjunto de medidas para manejo integrado de pragas e manejo integrado da produção. De acordo com a legislação européia, no período de 2005 a 2007, mais da metade dos produtos atualmente utilizados para controlar pragas serão proibidos. Isso significa que os países que não se ajustarem, não poderão comercializar os seus produtos para os países europeus. Atitude semelhante foi adotada pelos Estados Unidos, por meio do documento denominado “Food Safety Initiative”, que estabelece normas para a obtenção de produtos frescos com altos padrões sanitários e de segurança para o consumidor, e determina procedimentos para adoção de boas práticas agriculturais. Alguns países como Austrália e Nova Zelândia têm desenvolvido projetos especiais, visando a incorporação de conhecimentos, já adquiridos pela comunidade nativa da região, aos obtidos por meio de pesquisas atuais, direcionadas, visando a implantação do processo de agricultura sustentável.
Esse novo conceito de produção agrícola tem veiculado também no Brasil e, devido à sua abrangência, em ganhando adeptos não somente entre os produtores, que encontram no mercado internacional uma oportunidade de expansão dos seus negócios, mas também entre os consumidores e outros segmentos da sociedade e do governo.
O primeiro programa oficial de produção, que se encaixa nessa filosofia, foi iniciado no Brasil em 1999, no Vale do São Francisco, com a finalidade de produzir manga e uva para exportação. Esse programa denominado de Produção Integrada de Frutas (PIF) foi baseado no modelo desenvolvido na Europa, a princípio iniciado pela IOBC (International Organization for Biological Control) com a finalidade de fazer o manejo integrado de pragas, com ênfase em métodos alternativos como o controle biológico. Posteriormente, essa prática evoluiu em direção à produção integrada, que adota os princípios da agricultura sustentável e permite a rastreabilidade do produto. Isso se dá através do rótulo informativo, que acompanha o produto, especificando a sua origem e permitindo que todo o processo utilizado pelo produtor possa ser conhecido pelo interessado.
Estima-se que, após a implantação da PIF no Brasil, houve uma redução superior a 30% no uso de agrotóxicos. Outros produtores de frutas, como por exemplo o caju, têm aderido a esse programa, visando não somente o mercado externo, mas também consumidores brasileiros com maior nível de exigência.
Atualmente começam a ser desenvolvidas pesquisas para a implantação da produção integrada da batata (PIB) no Brasil, com projeto piloto no Sul de Minas Gerais. Esse projeto, que está sob a coordenação de pesquisador da Universidade Federal de Viçosa, conta com a participação de diversos pesquisadores de outros centros de ensino e pesquisa de Minas Gerais, pertencentes a diversas áreas do conhecimento, e com produtores que aderiram voluntariamente ao projeto e disponibilizaram parte de sua área de produção para a condução dos experimentos. A exemplo do que vem sendo feito em outros programas de produção integrada, as pesquisas desenvolvidas para a implantação da PIB pretendem investigar quais são as cultivares de batata mais adequadas para as diferentes regiões de plantio no Sul de Minas Gerais, e os procedimentos para o manejo integrado de pragas e doenças, utilizando as boas práticas culturais.
Serão testados e adotados os defensivos agrícolas que contenham princípio ativo menos prejudicial à saúde e ao meio ambiente, com as dosagens e número de aplicações que seguramente não ofereçam o risco de deixar resíduos na batata destinada ao consumo. Métodos de monitoramento ambiental de temperatura, umidade, pragas e doenças, permitirão a indicação de aplicações de defensivos somente quando for estritamente necessário.
Em relação à preservação ambiental serão considerados os diversos aspectos relacionados com a conservação do solo e o uso racional da água, estabelecendo-se medidas específicas para impedir a sua contaminação. Finalmente serão considerados também os aspectos sociais e econômicos, da comunidade rural em estudo, elaborando-se normas para garantir os direitos sociais básicos, como a segurança do trabalhador. Será então montado um protocolo contendo a grade de defensivos, selecionada com base nas pesquisas realizadas, as recomendações, proibições e medidas a serem adotadas na PIB, na região Sul de Minas Gerais. Esse projeto piloto poderá então se estender a todas as regiões produtoras do país, de acordo com a sua opção.
Pelo fato de a batata ser uma planta de propagação vegetativa, a sanidade dos tubérculos que deverão ser utilizados como semente será muito importante. Diversas doenças, como por exemplo as causadas por vírus, podem ser transmitidas de geração para geração, levando a uma perda expressiva na produção. Como um dos objetivos do PIB é garantir a quantidade e a qualidade da produção, para que a sua implantação seja economicamente viável, o cuidado com as sementes deve merecer atenção especial.
A principio o PIB poderá parecer uma utopia, devido às inúmeras dificuldades no mercado interno, como problemas de comercialização, preço, demanda, consumo per capita, etc. Entretanto, a oferta de uma batata diferenciada, com boa aparência externa e isenta de contaminantes de origem física, química ou biológica deverá se constituir num novo e atraente apelo para o consumidor. O produtor poderá também inciar uma outra etapa no cenário brasileiro, atraindo e conquistando mercados internacionais para a batata produzida no Brasil, que poderá ter um melhor preço e propiciar uma maior recompensa financeira. Trata-se apenas de mais um desafio para a criatividade e a adaptabilidade do produtor brasileiro.
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