Gabriel V. Bitencourt de Almeida Engenheiro Agrônomo Centro de Qualidade em Horticultura CEAGESP
O tubérculo da espécie Solanum tuberosum L., conhecido como Batata, Batatinha ou Batata Inglesa é a terceira fonte de alimentos para a humanidade perdendo apenas para o trigo e o arroz. O milho ainda possui uma maior quantidade produzida , mas é usado em boa parte na alimentação animal. Originária do América do Sul, dos Altiplanos Andinos, cultivada por vários povos pré-colombianos, a batata foi levada pelos descobridores para à Europa, que gostou da novidade, se tornando a base alimentar de vários povos do Velho Continente, como ingleses, holandeses e alemães. É famosa a história da fome da batata da Irlanda que matou milhões e forçou outro tanto a emigrar. John Kennedy só foi presidente dos Estados Unidos porque seus antepassados fugiram da tragédia provocada pela requeima no século XVIII e foram parar na América. No Brasil a batata nunca teve o status de alimento básico sendo muito utilizada como “mistura”. Nosso consumo é baixo quando comparado com grandes povos comedores de batata que consomem mais de 100 quilogramas por habitante ao ano.Mesmo assim, o tubérculo é a nossa hortaliça mais importante com uma produção por volta de 2 milhões de toneladas/ ano, concentrada basicamente em quatro estados da Federação: Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Rio Grande de Sul. Na tabela abaixo temos o consumo “per capita” para as principais regiões metropolitanas segundo o IBGE:
Se o consumo é baixo, nenhum produto simboliza como a batata tudo o que pode ser feito em matéria de marketing. Desde o advento do Real se fala do aumento do consumo de frango, carne suína, iogurte… E nada de frutas e hortaliças, temos feito muito pouco em matéria de divulgação. A possibilidade de crescimento de consumo é enorme, principalmente no Norte e Nordeste. Batata é versátil, permite o preparo de vários pratos, é saudável, se não for frita não é muito calórica. E alguém divulga isso? É comum ver alguém em novelas comendo batata, cozinhando com batatas? Temos batido a um certo tempo na incapacidade dos supermercados em superarem as feiras livres na grande São Paulo como maior canal de distribuição varejista. Afinal, eles possuem recinto coberto, estacionamento, segurança. E o pior, todo mundo tem que ir aos supermercados para comprar a mercearia, produtos de limpeza e etc. Muita gente compra os industrializados nos supermercados e depois vai à Feira Livre e nos sacolões em busca de maior variedade e diversidade nas frutas e hortaliças. A batata é o que melhor ilustra essa situação. Na maioria das redes varejistas vamos encontrar uma única pilha de batata, hoje em dia geralmente Monalisa lavada, variedade de boas características agronômicas e de aparência bastante atraente, pele clara e lisa.
Porém de características culinárias que não são lá grande coisa. Então quem comprar e fritar vai ter uma batata com mais óleo absorvido; para fazer Nhoque vai precisar colocar mais farinha de trigo,e assim o consumidor começa a achar inconscientemente que batata é um produto inferior. Algumas lojas mais sofisticadas oferecem Bintje em sacos fechados a um preço bem mais elevado.
Agora um bom feirante de batata chega a ter mais de 20 categorias do produto combinando variedades, tamanhos, lavada e escovada. E ele orienta o consumidor na hora da compra:
– A senhora vai fritar? Leve esta Bintje (ou holandesa) que fica sequinha.
– Vai fazer Nhoque? Leve a Baraka ou Bintje.
– Cozido? Pode levar a Monalisa.
– A senhora sabia que a batata só escovada dura muito mais?
Era fundamental que os membros da Cadeia Produtiva da Batata se articulassem e começassem ações para que os supermercados pudessem também oferecer uma gama maior de diversidade dentro da espécie Solanum tuberosum. Colocando diversas variedades, lavadas e escovas, em gôndolas separadas e orientando o consumidor na diferença entre elas e o que pode ser feito com cada uma, aguçando a curiosidade culinária. Para isso são necessários folhetos com receitas e explicações, placas nas gôndolas, um repositor esclarecido. Existe também todo um trabalho de codificação para que os diferentes tipos possam ser reconhecidos corretamente no caixa. Tudo isso pronto, o supermercado poderá superar a Feira Livre e os sacolões, deixando de comoditizar a batata e usando o preço como principal fator para a decisão de compra. As possibilidades no varejo são muito grandes. Como está na moda em se dizer: o negócio é encantar o consumidor. Ele precisa se encantar com a batata e não ter que escolher com raiva numa pilha enorme. O supermercado tem que se tornar um aliado pelo crescimento do mercado da bataticultura. Uma parte da população, principalmente a de maior poder aquisitivo, talvez não tenha tempo de cozinhar. Aí pode estar um grande mercado para preparações industrializadas e de qualidade. Fica a pergunta se somos competitivos em relação a produtos importados. E por último, cada vez mais pessoas optam por necessidade ou praticidade em comer fora de casa. É o chamado segmento das refeições fora do lar, englobando os grandes serviços de alimentação ou cozinhas industriais, as comidas por kg, os fast foods.
Os responsáveis pelas escolhas de cardápio, em geral nutricionistas, pouco ou nada sabem a respeito das qualidades e diferenças entre as batatas. Podemos afirmas isto depois de treinamos mais de duas mil na CEAGESP. Quem investe em treinálas e também em atacá-las (no bom sentido) para que incluam mais batatas em seus cardápios? Para se ter uma idéia do tamanho do mercado, só os filiados da ABERC (Associação Brasileira de Empresas de Refeições Coletivas) servem na grande São Paulo mais de 1 milhão e meio de refeições por dia. Fora todos os restaurantes por kg e os fast foods. E se direcionássemos uma campanha para este pessoal todo? Mais batatas nos pratos!!!!
Tudo isso já foi proposto, em 1999, dentro da Câmera Setorial de Batata da Secretária de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Será que não chegou a hora de reunirmos de novo e retomarmos as ações de marketing? É o momento do setor produtivo se assumir como fabricante e responsável pela promoção do seu produto. Mostrar ao consumidor que batata é um grande produto. Dá para fazer muito mais coisas que apenas fritar.
Contato:
gabriel.bitencourt@terra.com.br
O Prof. Dr. Luís Azevedo do Instituto de Biologia, Departamento de Entomologia e Fitopatologia, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, lançou no Congresso Paulista de Fitopatologia o seu quarto livro sobre Proteção...
1 – José A. Caram de Souza Dias – APTA-IAC/CEPD Fitossanidade, Campinas/SP, Cx.P.28, 13020-902, e-mail: jcaram@iac.sp.gov.br 2 Élson Yamamoto – Grupo Yoshida, Buri/SP 3 – Haissar Malluf – Grupo Cercina, Monte Mor/SP Apoio: FUNDAG...
A ABBA tem como uma de suas atividades, apoiar o ensino da cultura da batata nas universidades, ministrando aulas marcadas por muita descontração e informação. A apresentação consiste basicamente em viajar pela Cadeia da...
Nilceu R.X. de Nazareno – IAPAR, Instituto Agronômico do Paraná. – Pesquisador III, Ãrea de Proteção dePlantas – IAPAR, C.P: 2031; CEP: 80011-970 – Curitiba, PR(41) 551.1036 – nilceu@iapar.br. O Paraná, até cerca de...