O Engenheiro Agrônomo e o Mercado de Trabalho

O Engenheiro Agrônomo e o Mercado de Trabalho
Levi Montebelo AEASP – Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo
(11) 221-6322 – aeasp@sti.com.br – site: www.aeasp.com.br


Até o final dos anos 80 o grande empregador do Engenheiro Agrônomo foi a área governamental, principalmente em pesquisa, extensão e ensino.
Durante a década de 90, as multinacionais na área de insumos, mais as instituições financeiras na área de credito passaram a absorver, parte representativa dos profissionais de ciências agrárias.
A partir de 95, com a estabilização financeira no país, mais o processo de globalização ocorreram mudanças radicais nas áreas econômicas e sociais no mundo e consequentemente no Brasil.
Obviamente o Brasil, país de economia fundamentada na agropecuária (40% das exportações brasileiras, 37,5% do PEA, o maior negócio do Brasil) sofre uma mudança violenta com a abertura dos mercados, sem que tivesse qualquer preparo para as mudanças.
Neste momento começa a ficar evidente o chamado neoliberalismo – estado cada vez menor (privatizações) etc, etc…
Fato marcante e claro – tende a sumir o emprego – o profissional tem que ter emprego. A relação capital trabalho tem que ser revista, não só na Agronomia, mas em todas as áreas profissionais.
Exemplificando – Quando me formei em 1973, fui trabalhar na área governamental (acredito que 70% ou mais dos colegas também foram) na área de extensão rural, com a preocupação única de levar tecnologias aos produtores a fim de aumentar a produção agrícola.
Confesso que a missão não era difícil, já que os níveis de tecnologia eram baixos e aumentar a produção era relativamente fácil.
Se compararmos aquele momento de 1973, com o atual vivido por um recém-formado em agronomia, veremos que o quadro mudou completamente.
O profissional atual não pode pensar somente em produzir, mas antes de tudo:
O que produzir?
Para quem produzir?
Com que qualidade produzir?
Agregar valores à produção.
E o mais sério – produzir preservando e recuperando o meio ambiente! Pode-se afirmar que o alimento torna-se quase um subproduto da fazenda quando temos que olhar não somente a propriedade agrícola, mas sim a cadeia produtiva – acrescido da obrigação e da necessidade de preservarmos o meio ambiente.
Necessário ficar atento à produção agrícola como o setor primário da economia de um país, sem esquecer os efeitos provocados na economia como um todo na geração de empregos, distribuição de renda, geração de riquezas e consequentemente justiça social. Se a agricultura é setor primário da economia, ela é o alicerce. Se o alicerce ruir, ruirá o restante do aglomerado.
Haja vista o argumento da multi -funcionalidade usado pelos países ricos para praticarem o protecionismo. Será que eles estão certos?
As nossas universidades, institutos de pesquisa detêm hoje todo conhecimento agronômico (tecnologias) para a produção, e os números mostram isso claramente.Aumentamos a produção em quase 40%, com diminuição de área plantada nos últimos dez anos. Nenhum outro setor da economia brasileira foi tão eficiente e competente.
Em contrapartida, tivemos queda de 40% real nos preços agrícola, o que mostra que só cuidamos da produção (tecnologia), sem atentarmos para o lado econômico e social da agricultura.
Afinal, trabalhamos somente a Agronomia e abandonamos a agricultura. Esta foi a nossa obrigação, a nossa missão, até porque nos últimos 30 anos fomos empregados do estado, de multinacionais ou de agentes financeiros.
Em fim, nossa formação econômica praticamente não existia, principalmente sob o aspecto do profissional empreendedor. Éramos e ainda somos formados para sermos pesquisador, professor, funcionário público, de banco ou de multinacionais.
Torna-se mais sério o problema quando todas as universidades têm hoje seu corpo docente constituído por profissionais decorrentes desta formação.
Urge provocarmos o encontro das universidades com os produtores e empresários rurais a fim de interrompermos este ciclo, para enfrentarmos este novo cenário.
O estado em todo o mundo diminui, o emprego em firmas nas relações antigas tende a desaparecer, portanto não podemos continuar oferecendo ao mercado o mesmo profissional do passado.
Não estamos em hipótese alguma criticando a pesquisa, o ensino, a pós-graduação, o mestrado ou doutorado. Ao contrário, já citamos nossa competência nesta área e temos que avançar e investir mais nas mesmas.
O que queremos chamar a atenção é para a mudança do necessário. A necessidade do mundo, do momento, do mercado.
Com certeza não há falta de campo de trabalho para o Engenheiro Agrônomo, o que existe é falta de Engenheiro Agrônomo preparado para o campo.
O mercado a não ser em áreas específicas não absorve profissionais somente especialistas. Os mercados requerem hoje profissionais ecléticos, com visão da cadeia produtiva buscando oportunidades e empreendendo.
Acredito que hoje em São Paulo os recém formados estão sendo absorvidos em sua maioria em cursos de pós-graduação.
Afinal eles são preparados somente para isso.
Este fato tem o seu lado bom, mas seria muito melhor se antes este jovem tivesse trabalhando ao menos alguns anos como Engenheiro Agrônomo e posteriormente fosse buscar seu mestrado, doutorado, etc.
Ele teria com certeza uma visão maior da agronomia e da agricultura, podendo oferecer muito mais a sociedade que tanto investe em sua formação, através de nossas universidades.
É necessário neste momento ter o conhecimento, mas sem nunca se esquecer que até o mais humilde dos homens pode ter algo a nos ensinar.
Concluo reafirmando: não falta campo de trabalho ao Engenheiro Agrônomo, o que esta faltando é formação de profissionais para o campo.
Precisamos promover urgentemente o encontro entre a Agronomia e a Agricultura.
Urge descobrirmos que o principal empregador do Engenheiro Agrônomo neste novo milênio terá que ser o produtor rural seja ele empresário, médio, míni ou grande.
Temos que entender que é difícil respeitar ou acreditar em produtor de leite que não conhece vaca, ou como diz um ditado popular:
“É suspeito quem cabritinhos vende e cabras não tem!”.

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