Fernando C. Juliatti
Eng. Agr., D. Sc.
Universidade Federal de Uberlândia, Campus Umuarama
juliatti@ufu.br
O mofo branco, causado por Sclerotinia Sclerotiorum, aumentou consideravelmente sua incidência em várias culturas nas diversas regiões do Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Nordeste do Brasil, provocando reduções de rendimento de até 100%. Seus danos manifestam-se com maior severidade em áreas com clima chuvoso, temperaturas de 18 a 20º C, alta umidade relativa do ar e presença de escleródios que emitem apotécios e que ejetam ascósporos durante 20 dias. São emitidos até três milhões de ascósporos por dia em solo úmido, próximo a capacidade de campo. Existem populações do fungo nos solos do Brasil de 1 a 600 escleródios por metro quadrado. O controle do patógeno em diversas culturas tem sido difícil devido a sua capacidade de formar estruturas de resistência (escleródios), que garantem sua sobrevivência por vários anos (3 a 12 anos), mesmo em condições adversas, limitando a utilização de práticas como a rotação de culturas. Desta forma, até que se reduza esse inóculo, essas áreas estarão impróprias para a rotação ou sucessão de culturas suscetíveis como feijoeiro, algodoeiro, girassol, canola, nabo forrageiro, tomateiro, batateira, soja e ervilha, por exemplo. São mais de 200 espécies hospedeiras. O primeiro relato do patógeno no Brasil foi na cultura da batateira, na UFV pelo professor Geraldo Martins Chaves. Preferencialmente, a rotação e a sucessão de culturas deverão ser feitas com gramíneas e a formação de palhada para cobertura do solo é altamente benéfica na redução do inóculo, uma vez que o mesmo tem a ejeção dos ascósporos interrompida pela barreira física formada pela palha depositada no solo.
O controle químico é viável e sua eficiência depende do acerto de doses, de ingredientes ativos, do momento da aplicação, do número e do intervalo de aplicações, além da tecnologia utilizada. Experimentalmente foi observada a existência de fungicidas para pulverização da parte aérea, com boa eficiência de controle, que devem ser mais bem estudados, pois ainda não possuem registro nem recomendação oficial. Até o momento temos poucos fungicidas registrados junto ao MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para o alvo, como tiofanato metílico, cardendazim, procimidone, fluazinam, dimoxistrobin e boscalide que apresentam registrado junto ao MAPA, o que impossibilita a recomendação de um programa de aplicação mais efetivo. Outra preocupação é a utilização de um único princípio ativo, podendo aumentar o risco da perda de sensibilidade do fungo ao fungicida, inviabilizando o mesmo no futuro, caso não se use programas de manejo integrado.
Como uma das principais formas de infecção ocorre pelos ascósporos nas flores do feijoeiro, soja, batateira (caso tenha-se florescimento, como por exemplo, a cultivar Atlantic), girassol e canola. Portanto, uma forma de proteção é o uso de fungicidas no início deste estádio fenológico. Os recentes trabalhos de pesquisa têm verificado que o controle químico pode ser uma alternativa importante no manejo da doença, desde que seja adotado como uma medida complementar no manejo integrado do mofo branco. Como deve-se programar a área em uso, em relação aos programas de controle é fundamental o manejo de área e não da cultura, onde devem ser utilizados os métodos de manejo cultural, biológico e químico.
Como no objetivo do artigo se propõe táticas ou técnicas para reduzir o inóculo no solo e na planta, são apresentadas as seguintes realidades:
1 – Batateira é uma hospedeira;
2 – Como muitos produtores de batata trabalham com a produção de grãos em perímetros irrigados, deve se analisar no início da safra a qualidade das sementes que serão usadas nos campos de cultivo com métodos específicos de detecção do patógeno (vide método do Neon) em laboratórios especializados;
3 – Como se usam áreas de cultivos múltiplos como feijoeiro, tomateiro rasteiro, canola e batateira, deve-se implementar o controle químico no fechamento da cultura, a partir de populações de um escleródio por metro quadrado;
4 – Usar tratamento de tubérculos se possível com produtos químicos compatíveis com produtos biológicos (por exemplo, Trichoderma spp. e Bacillus spp);
5 – Dar preferência para programas de controle da doença com volume médio ou alto de calda, se possível via fungigação (pivô central);
6 – Usar junto à prática da amontoa a aplicação de produtos biológicos a base de Trichoderma spp. ou Bacillus spp; devidamente testados para o patógeno e com qualidade comprovada (conservação de prateleira); se possível aplicar no sulco de plantio de forma localizada;
7 – Entender que tanto o fungicida químico como o biológico agem em outros patógenos de solo como Fusarium spp, Rhizoctonia, Pectobacerium, reduzindo a trasmissão do solo ou do tubérculo para a planta;
8 – Avaliar nas diferentes regiões programas de intervalo de aplicação e volume de calda no manejo do mofo branco na cultura da batata;
9 – Avaliar diferentes coberturas no manejo da doença, como braquiárias, cereais de inverno, arroz e outros, como antecessores da batateira;
10 – Analisar a redução da população do patógeno no solo, ano a ano e avaliar a redução da mesma em diferentes programas de manejo. Essa última sugestão deve ser realizada por consultores juntos aos agricultores de uma determinada região e se possível com apoio de especialistas no assunto.
Tabela 1. Amostras de sementes de soja e feijoeiro onde foi detectado o fungo causador do mofo branco.
Figura 1. Ãreas em Minas Gerais onde foi detectado o fungo Sclerotinia sclerotiorum em sementes de feijoeiro e soja.
Figura 2. Aspecto cotonoso do crescimento do patógeno.
Figura 3. Aspectos da colheita de um campo de batata em Irai de Minas com a presença do fungo no solo sob pivô central, em área de cultivo sucessivo de feijoeiro e batateira, milho, nabo forrageiro e soja.
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