Ocorrência de larva alfinete na cultura da Batata: descrição, danos e métodos de controle.

JAntonio Cesar dos Santos – Doutorando da
FFCL/USP- Ribeirão Preto e Pesquisador da Dow
AgroSciences Indl. Ltda & Adeney de Freitas
Bueno – Dr., Pesquisador da Dow AgroSciences
Indl. Ltda acsantos1@dow.com


A batata, Solanum tuberosum L., é originária da região Andina, na América do Sul (BOOCK, 1965). Seu cultivo têm grande importância no cenário agrícola brasileiro apresentando em 2004 uma área cultivada de 138.364 ha e uma produtividade média de 20.84 t/ha (FAO, 2005). Nos 30 últimos anos, a produção brasileira de batata cresceu cerca de 70%, o que representa uma disponibilidade anual de aproximadamente 15 kg por habitante (LOPES & REIFSCHNEIDER, 1999).
Assim, a batata é um item importante da dieta alimentar brasileira, principalmente nas regiões Sul e udeste, onde se concentra a produção. Em geral, a maior parte da produção brasileira de batata ainda destina-se ao consumo in natura. Entretanto, a participação da indústria nesse mercado têm crescido muito nos últimos anos. As exigências para a qualidade do tubérculo, principalmente para atender esse novo mercado (indústria), têm sido muito grandes. Um dos maiores problemas na cultura é o ataque de insetos, principalmente pragas de solo (SALLES, 1998). Entre as pragas de solo mais importantes na cultura da batata se encontra a Diabrotica speciosa (Germ). Mesmo, quando se considera o mercado in natura, acredita-se que o consumidor brasileiro esteja entre os mais exigentes do mundo, não admitindo tubérculos danificados no momento da compra (BONINE, 1997).
D. speciosa é um coleóptero de coloração verde com manchas amareladas nos élitros. Essas cores são características da bandeira brasileira o que conferiu ao inseto o nome popular de brasileirinho ou pratriota. Esse inseto é difundido em todo território brasileiro sendo considerado também como praga em outras culturas de interesse econômico além da batata (Magalhães & Carvalho, 1988). Na batata, em particular, D.speciosa se encontra entre os insetos mais abundantes quase sempre presente nas lavouras comerciais (GRUTZMACHER & LINK, 2000)




(A) Adulto de Diabrotica speciosa; (B) estágio larval e (C) Tubérculos atacados. Fonte: Lopes, C. A & Buso, J.A. (1997)


O tamanho médio dos adultos é entre 5 a 6 mm de comprimento. Quando adultos, esses insetos alimentam-se de folhas e voam constantemente de uma planta para outra. Nesta fase, chegam em certas situações a promoverem uma desfolha de até 35% quando no início do ciclo da cultura, e em alguns casos extremos onde a desfolha atinge próximo a 70%, as perdas na produção são significativas (CRANSHAW & RADCLIFFE, 1980). Entretanto, os maiores prejuízos são causados pelas larvas que se alimentam dos tubérculos e raízes. As fêmeas fazem a postura no solo, de onde eclodem as larvas de coloração branco-leitosa que quando completamente desenvolvidas atingem cerca de 10 mm de comprimento. Essas larvas, que vivem no solo, perfuram os tubérculos, dando uma aparência similar a alfinetadas, de onde originou-se o nome popular de larva-alfinete. Além dos danos causados nos tubérculos, ocorrem  danos  em outras estruturas subterrâneas como raízes e estolões, o que aumentam ainda mais os prejuízos causados por esse inseto. Devido as  efurações encontradas nos tubérculos, o ataque desta e de outras pragas resulta na depreciação comercial dos mesmos e dependendo do grau de ataque, até teremos refugo nocomércio (BISOGNIN, 1996; SALLES, 1998). As larvas perfuram os tubérculos no campo em qualquer um dos plantios, seja das águas ou da seca (SOUZA & REIS, 1999).
Em geral, o controle das pragas que atacam os tubérculos é realizado de forma preventiva, com a aplicação de inseticidas no sulco de plantio ou por ocasião da amontoa. O controle químico é quase sempre ndispensável, principalmente para genótipos largamente plantados como ‘Bintje’ que em testes de preferência alimentar se mostrou altamente suscetível ao ataque desta praga (LARA et al., 2004). Ainda, no controle químico é predominante a utilização de formulações granuladas, embora formulações líquidas tem apresentado excelentes resultados (Santos, 1997; Santos, 1999).
Complementar ao controle químico, o uso de variedades mais resistentes têm se mostrado muito romissor. A maior dificuldade ainda é a pouca disponibilidade de opções de genótipos que apresentem boas características agronômicas como resistência à pragas e doenças e uma alta produção, além de apresentar características culinárias iguais ou superiores aos genótipos atualmente líderes de mercado, visto que, somente assim esses novos cultivares serão bem aceitos pelo exigente mercado consumidor. A principal vantagem da utilização de genótipos resistentes é a compatibilidade com todos os outros métodos de controle no manejo da cultura, principalmente com o controle químico e/ou biológico. O controle biológico de D. speciosa ainda é muito pouco difundido na cultura da batata.
Entretanto, o uso racional dos produtos químicos juntamente com uma nutrição adequada fazem partes de boas práticas agrícolas que auxiliarão na manutenção do equilíbrio biológico e consequentemente da sanidade da lavoura. Ao produtor cabe utilizar-se de maneira consciente e responsável dos instrumentos de controle atualmente disponíveis no mercado.
Referências: Consulte o autor
 
 

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