Produção de Batata na Região do Planalto Norte Catarinense


Campo de semente em Mafra/SC


Elcio Hirano
Pesquisador EMBRAPA Transferência de Tecnologia
Rodovia BR 280, km 219 – 89460-000 – Canoinhas/SC
hirano@newage.com.br
fotos: Elcio Hirano


O planalto norte de Santa Catarina é um vale e está situado entre a serra do Espigão, ao sul, e os rios Negro e Iguaçu, ao norte, tem área de 8.512 km2 e 13 municípios. Em 1900 foi palco da guerra do Contestado, ocorrido entre o Paraná e Santa Catarina, pela disputa desta região, foi colonizado a partir do século 19 por imigrantes poloneses, alemães, italianos e ucranianos, sendo a principal atividade econômica o reflorestamento e processamento de pinus e a produção de milho e soja. Desde o final da década de 1960, com a entrada de produtores de origem japonesa ligada à antiga Cooperativa Agrícola de Cotia, a região se destacou na produção de batata semente, devido às condições favoráveis, como a presença de matas nativas, que com o desmatamento para plantio de batata, proporcionavam terras livres de doenças como nematóides e murcha bacteriana, também proporcionam bom isolamento das lavouras a revoada de pulgões vetores de vírus. Outro fator é que, durante o inverno, as frequentes geadas eliminam as plantas voluntárias e ervas daninhas hospedeiras de pulgões. Devido à textura argilosa do solo e não conseguir colher tubérculos de pele lisa e brilhante, os produtores da região não plantam batata consumo. Nas décadas de 1970 até 1980, esta região tinha hegemonia nacional para produção de batata semente que, a partir da década de 1990, começou a perder devido à mudança do pólo de produção para o centro-oeste, em lavouras com irrigação, e pela verticalização dos produtores de batata, consumo no qual iniciaram a produção de sementes.


Até o inicio de 1990 haviam mais de 40 produtores de batata semente na região, que chegou a produzir 65% da demanda nacional de batata semente certificada. Por isso, em 1973, com o PLANASEM – Programa Nacional de Sementes do Ministério da Agricultura, foi instalado em Canoinhas o “Centro de Treinamento e Pesquisas em Batata Semente”, resultante de convênio entre o Brasil e a Alemanha. Depois em 1976, a EMBRAPA a adquiriu e transformou-a em unidade de produção de batata semente básica que, naquela época, era totalmente importada de Europa. Apesar do decréscimo da produção, não ocorreu a degradação do processo produtivo.


A região cujo pólo é a cidade de Canoinhas, tem atualmente 14 produtores de batata semente, que plantaram no ano agrícola de 2005/2006, a área de 1.100 hectares, e produziram 470.000 caixas de 30 kg de batata semente das categorias básica e certificadas. As cultivares mais plantadas foram Ãgata (40%), Cupido (15%), Monalisa (10%), Asterix (10%) e Bintje, Mondial, Baraka, Vivaldi e Caesar (com 5% cada). Além de a região manter a boa qualidade sanitária das batatas-semente devido às condições climáticas e naturais citadas, também tem infra-estrutura de alta tecnologia, como a unidade de pesquisa da Embrapa, onde tem um projeto de melhoramento genético de batata, e o laboratório de virologia com o maior volume de testes do país no volume de 60 mil amostras anuais de batata semente.


Além disso, a infra-estrutura de armazenagem de semente em câmaras frias ultrapassa 150.000 caixas; também há dois laboratórios de biotecnologia onde são produzidos mais de 2 milhões de mini-tubérculos anualmente.



Campo de melhoramento genético de batata em Major Vieira/SC



Telado de produção de mini-tubérculos em Canoinhas/SC



Câmara fria de sementes em Canoinhas/SC


 

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