O mercado brasileiro de batata pré-frita congelada, dominado por produtos importados e sujeito às intempéries dos processos de importação, bem como a disponibilidade das gigantes estrangeiras que operam no setor, está mais autossuficiente com a segunda unidade produtiva da Bem Brasil Alimentos, em Perdizes, Minas Gerais. Resultado de um investimento de cerca de R$ 200 milhões, a nova fábrica é uma das mais modernas do mundo do segmento e pode produzir 150 mil toneladas por ano de batata pré-frita congelada, consolidando ainda mais a posição da companhia de maior fabricante 100% brasileira da iguaria. Sua capacidade produtiva eleva-se para aproximadamente 250 mil toneladas, ou 55% do consumo total nacional. Antes dessa unidade, a produção da indústria não alcançava um terço.
Aberta oficialmente no dia 16 de fevereiro de 2017, a fábrica é a materialização do sonho de João Emílio Rocheto, diretor-presidente da Bem Brasil, como enfatizou em seu discurso na cerimônia de inauguração prestigiada por mais de 600 pessoas. Um sonho, entretanto, baseado no potencial do mercado, tanto nacional quanto internacional, e com os pés bem fincados no chão, que ele conhece muito bem. A família Rocheto cultiva batata há quase 80 anos. “Quando inauguramos a nossa primeira unidade, há pouco mais de 10 anos, em Araxá (também em Minas Gerais), queríamos atender 40% do mercado doméstico. Ao longo dos últimos anos, crescemos muito e fizemos expansões nas linhas de produção de Araxá até não ter mais espaço físico no entorno para novas ampliações. As demandas expandiram muito, mas só alcançamos 26% de participação no mercado, explica.
João Rocheto observa que o consumo nacional de batata pré-frita congelada é crescente, mesmo nesses tempos de crise. Ano passado, a alta foi de 12%, mas a média anual está em torno de 7%. Expansão que teve a participação fundamental da Bem Brasil, decisiva na abertura de mercado para novos consumidores. Em 2007, apenas um ano depois de a empresa ser fundada, o consumo anual do país mal ultrapassava 150 mil toneladas. Ou seja, triplicou em 10 anos. Com a nova unidade, que começou a ser planejada em 2013 quando a crise político-econômica já mostrava seus primeiros indícios no país, a empresa retomou o desafio de ampliar ainda mais esse segmento.
“Mercado existe, hoje está ocupado à primeira vista, mas há muito a se desenvolver. No Brasil, o consumo per capita de batata pré-frita congelada está próximo de 2 kg por ano, enquanto em mercados desenvolvidos está entre 12 e 15 kg”, compara Rocheto. “Agora, com maior capacidade, vamos aproveitar melhor o crescimento do food service no Brasil e ganhamos fôlego para disputar o mercado de grandes redes de lanchonetes, que respondem por quase 20% do consumo de batata pré-frita congelada no país e está principalmente nas mãos das empresas estrangeiras. Vamos continuar trabalhando também para ampliar o consumo doméstico, onde a batata in natura ainda predomina”, enfatiza João Rocheto.
Diversificar para competir
A nova fábrica permite ainda uma diversificação maior do portfólio, concentrado hoje basicamente na batata pré-frita congelada, responsável por grande parte do faturamento da empresa, e nos flocos desidratados do tubérculo, ressalta o diretor presidente. No planejamento, prossegue o empresário, está o desenvolvimento de batata para outras aplicações culinárias em pratos rápidos e práticos, como as pré-cozidas. Outra ideia é fomentar o mercado de flocos, com o lançamento do purê de batata Bem Brasil que pode ser utilizado para preparar purês de batatas, fazer nhoques e outras massas frescas, além de pão de queijo e muitas outras receitas.
“Esse segmento é praticamente inexistente no Brasil, mas muito desenvolvido no Exterior”, observa. As novas linhas estão sendo produzidas na unidade de Araxá. Com todas essas possibilidades já bem mapeadas, a expectativa de João Rocheto é crescimento próximo de 35% na produção total da Bem Brasil neste ano. Para o faturamento, prevê evolução bem acima da média dos últimos anos, puxada pelo aumento no volume de vendas.
Boas vindas do mercado
Analisar e ouvir o mercado, traduzindo as demandas e suas principais tendências, foram fortes balizadores na decisão de investimento da Bem Brasil em uma fábrica com capacidade 150% maior. Preparar a equipe de vendas, distribuidores, fornecedores e clientes para essa grande produção também esteve no planejamento desde o início, passo a passo com a concretização do empreendimento, garantem João Ricardo de Lima Coleoni e Walter Takano, gerentes comerciais da Bem Brasil.
“O caminho para colocar essa produção no mercado foi bem traçado. Somente com a carteira atual de distribuidores a empresa pode crescer em torno de 30%”, afirma Coleoni. O plano da Bem Brasil que já está sendo colocado em prática, diz o executivo, é atuar em todas as frentes, fortalecendo a rede de distribuidores atual, que conta com aproximadamente 100 empresas; formando novas parcerias no atacado e no varejo para atender regiões ainda não cobertas pela companhia, além de avançar sobre as grandes redes de lanchonetes.
“Se pensarmos no crescimento do mercado, em cerca de cinco anos precisaremos de uma nova fábrica. E se pensarmos que o consumo per capita de batata pré-frita congelada é baixo no Brasil e pode facilmente dobrar, teremos à frente um mercado de 700 mil toneladas anuais”, avalia Takano, observando que até lá, entretanto, é preciso muito trabalho para desbravar novos nichos e conquistar novos mercados. “São muitos pontos positivos a favor da Bem Brasil para isso: bom atendimento, pontualidade na entrega, preços competitivos e proximidade são os principais. O produto também é mais fresco; tem um sabor diferenciado, apreciado pelo mercado; não depende das variações cambiais para formação de preço; e, como a operação é brasileira, a logística é muito mais simples”, enumera Takano.
Rapidez na entrega
Em 48 horas, prossegue o executivo, a Bem Brasil consegue atender qualquer encomenda, o que significa reposição de estoque mais rápido para os clientes, varejistas e atacadistas, reduzindo tempo e quantidade de produtos estocados e, assim, custos com capital empatado. Comparativamente, a batata pré-frita congelada importada da Europa pode demorar até 60 dias para ser desembarcada no Brasil, enquanto a proveniente da Argentina, em torno de 15 dias.
Atualmente, os canais de distribuição respondem por aproximadamente 65% das vendas da Bem Brasil, em valores e volumes. No varejo, a companhia já está presente nas grandes redes nacionais de supermercados tanto com marca Bem Brasil quanto com a própria dos varejistas. Mesmo atuando com supermercadistas regionais importantes, há muito espaço para crescer nessa área também, afirma Coleoni.
No mapa das mais modernas fabricantes mundiais
A nova unidade da Bem Brasil Alimentos em Perdizes, Minas Gerais, insere o país no mapa das mais modernas e automatizadas fabricantes mundiais de batata pré-frita congelada. O grande complexo industrial, com capacidade para produzir 150 mil toneladas por ano, abriga máquinas e equipamentos com a mais alta tecnologia disponível para as várias etapas do processo de produção. “Essa tecnologia é restrita a apenas alguns países, pois são poucas as fabricantes desse produto no mundo. Por isso, tivemos de importar grande parte da linha de produção”, explica João Emílio Rocheto, diretor-presidente da Bem Brasil.
Rocheto observa, entretanto, que a unidade contempla também um bom volume de itens fabricados no Brasil, como mostra a estrutura financeira do projeto.
Pelas dimensões da nova unidade é possível ter uma boa ideia desse processo. São cerca de 40 mil m2 de área construída apenas para processar a batata. As câmaras frias, responsáveis por armazenar o tubérculo in natura e o produto já pronto para distribuição, totalizam mais 70 mil m2 e serão 110 mil m2 quando todas estiverem prontas. Todo esse complexo se interliga e foi montado em uma área de 400 mil2, equivalente ao espaço de mais de três Maracanãs juntos, que poderá comportar ampliações ou até uma terceira unidade no futuro.
“Optamos por uma linha de produção que pudesse abrigar os melhores equipamentos para cada fase do processamento, mesmo que fossem produzidos por diferentes empresas”, afirma Célio Zero, gerente industrial da Bem Brasil. Rocheto e Zero fizeram várias viagens aos Estados Unidos e países da Europa, como Holanda e Bélgica, de onde a empresa importou a maior parte, relembra Zero, que está na Bem Brasil desde a montagem da unidade de Araxá (MG) e para quem a experiência com a instalação da primeira fábrica e o conhecimento adquirido ao longo desses mais de 10 anos da companhia no mercado foram determinantes no desenho desse projeto.
“Depois, o desafio maior foi interligar todas essas máquinas, transformar todas em conjunto só, fazendo com que funcionem como uma orquestra bem afinada, para buscar a capacidade que projetamos”, completa o executivo.
Automatização
Outra barreira que precisou ser transposta, ressalta Zero, foi treinar e capacitar os colaboradores para operar com equipamentos de ponta, em processos muitos automatizados e com o alto volume projetado – a unidade pode lavar 100 toneladas de batata pré-frita congelada nesse mesmo período, quando estiver a pleno vapor. Na capacidade máxima, serão entre 150 e 200 caminhões por dia entrando no complexo com o tubérculo e saindo com o produto final embalado e encaixotado.
“Desde o início dos sistema de alimentação de batata in natura, passando pelo processo de industrialização, até o final, na expedição, nada pode dar errado. Não podemos ter gargalos. Se uma fase falha, paralisa todo o processo, pois os equipamentos, mesmo oriundos de fabricantes diferentes, são interdependentes. Então temos de fazê-los conversar na mesma língua, no mesmo ritmo e no mesmo tom”, explica Wesley Fraga, coordenador de produção da companhia e um dos responsáveis por assegurar que essa “orquestra” esteja sempre bastante afinada.
Qualidade a toda prova
A unidade tem toda essa complexidade não somente para garantir a alta produção e produtividade da companhia, mas principalmente para zelar pela qualidade do produto que chega à mesa do consumidor. “Trouxemos a cultura de qualidade, controle e segurança de alimentos de Araxá. Mas essa nova fábrica foi pensada e já nasceu com a finalidade de obtermos a certificação FSSC 22000, focada na gestão de segurança alimentar e que assegura que os produtos não oferecem qualquer risco ao consumidor”, enfatiza Isabela Navarro, gerente de qualidade e meio ambiente da Bem Brasil.
Essa segurança é garantida por controles internos, que exigem treinamento de todos os profissionais que trabalham com a produção, e também pela estrutura da unidade. As áreas produtivas, por exemplo, se interligam, mas até os próprios funcionários não podem circular à vontade em todas elas e só entram nas instalações onde trabalham. Um sistema biométrico foi implantado nas portas de entrada, saída e que separam as áreas para assegurar o procedimento.
Isabela explica que são vários os mecanismos de controle, entre os quais os que garantem que terceiros, ou seja, pessoas externas e não vinculadas à Bem Brasil, coloquem em risco a produção e prejudiquem os consumidores. Segundo a executiva, todo esse processo de certificação está em fase final de implantação nas duas fábricas da Bem Brasil e o selo deverá ser conquistado ainda em 2017. Ressalta-se que essa certificação é reconhecida mundialmente e fundamental para os planos de exportação da companhia, especialmente para mercados exigentes, como o japonês. “Ela abre as portas de qualquer mercado”, diz Isabela.
Sustentável e responsável
Entre as iunovações da nova fábrica da Bem Brasil em Perdizes (MG), uma delas se sobressai no cenário não apenas brasileiro, mas mundial. A empresa só utiliza no empreendimento fontes limpas de energia e produz mais de 60% de toda a sua necessidade, com a unidade a plena capacidade, em uma Usina Termelétrica (UTE) própria. A ideia de implantar uma UTE, e não uma simples caldeira a vapor para suprir demandas pontuais do processo produtivo, surgiu da falta de disponibilidade de energia na região. Para funcionar a capacidade plena, a fábrica precisa de 12 MW, praticamente o mesmo que consome hoje a cidade de Perdizes inteira e não havia essa energia à disposição na região.
Uma parceria fechada entre a empresa, a Prefeitura de Perdizes e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), controlada pelo governo mineiro estadual, garante que novas linhas de transmissão da energia gerada na Usina Hidrelétrica de Nova Ponte (MG), que atualmente já abastece a região, cheguem a Perdizes ainda este ano para suprir a necessidade da companhia. Mas a previsão de chegada é a partir do segundo semestre e, portanto, essa energia não estaria disponível em tempo hábil para o início previsto de operação da unidade, em fevereiro, o que atrasaria o planejamento da Bem Brasil, elevando os custos com o empreendimento. Sem colocar na ponta do lápis que uma fábrica desse porte e complexidade exige meses de testes de produção, antes da inauguração.
Para equacionar o problema, a companhia fez outro acordo, desta vez com a Efficientia, braço da Cemig que fomenta, desenvolve e implanta projetos de eficiência e soluções energéticas, para a instalação da UTE, com equipamentos totalmente nacionais, pois nessa área o Brasil tem tradição, tecnologia e competitividade em preços e serviços de manutenção. Com capacidade de 7,5 MW, a UTE da Bem Brasil é o segundo maior projeto já implantado pela Efficientia. Ela é movida a biomassa – matéria-prima renovável, como bagaço de cana, palha e cavaco de madeira.
Também conhecida como central de cogeração, uma vez que gera energia térmica e elétrica, a UTE da Bem Brasil utiliza cavaco de madeira, resíduos da produção florestal do Grupo Rocheto, e reduz drasticamente as emissões na atmosfera de gás carbônico, responsável pelo efeito estufa. “Em torno de 7,2 mil toneladas por ano”, diz Alex Persio, engenheiro de soluções energéticas da Efficientia e gestor desse projeto. Conforme Persio, além da vantagen ambiental e da autonomia por produzir mais de 60% da energia que precisa, a Bem Brasil terá custos menores no futuro.
Mercado de créditos de carbono
Isabela Navarro, gerente de qualidade e meio ambiente da Bem Brasil, lista ainda outras iniciativas que tornam a nova fábrica uma das mais sustentáveis do mundo. Na unidade, foram instaladas também estações de tratamento de efluentes líquidos e resíduos sólidos. Esse processo gera gás, que é aproveitado como combustível para a UTE, reduzindo em 25% o seu consumo de biomassa. “Tudo isso capacita a empresa a entrar no mercado de crédito de carbono”, afirma Isabela.
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