Reação de Cultivares de Batata à Sarna Comum Profunda

Ivan H. Fischer (Eng. Agr. Ms.)/APTA Regional,
Av. Rodrigues Alves 40-40, 17030-000, Bauru/SP
ihfische@aptaregional.sp.gov.br
Ana P. M. Teixeira, Leonardo Toffano (Doutorandos ESALQ/USP – Piracicaba/SP)
Ely O. Garcia (Mestrando ESALQ/USP – Piracicaba/SP)


 
Figura 1. Tubérculos de batata com sintomas de sarna comum superficial(A) e profunda (B).


A sarna comum, causada pela bactéria Streptomyces scabies, causa a depreciação do tubérculo devido a formação de lesões corticosas superficiais ou profundas (Figura 1).


Para prevenir o aparecimento da doença recomenda-se o plantio de batata-semente sadia, a rotação de culturas com gramíneas, a manutenção do pH do solo abaixo de 5,5 e evitar o déficit hídrico durante a tuberização.
A resistência das cultivares de batata à sarna comum tem sido considerada como de caráter quantitativo e parcial, sendo poucas as cultivares disponíveis com elevada resistência (Kobayashi et al, 2005).
Em 2005, na área experimental do Setor de Fitopatologia da ESALQ/USP, avaliou-se o comportamento de cultivares de batata em relação à sarna comum profunda e a variação na agressividade entre os isolados de S. scabies.
Os isolados de S. scabies foram obtidos de tubérculos de batata cv. Monalisa e Ãgata com sintomas de sarna comum profunda, procedentes de campos de produção de batata de Casa Branca/SP, Piedade/SP, Bueno Brandão/MG e Ibicoara/BA.
Batatas-sementes sadias de seis cultivares (Ãgata, Asterix, Cupido, Jaete Bintje, Monalisa e Mondel) foram plantadas em sacos plásticos contendo 5L de solo (terra, esterco bovino e areia, na proporção de 2:1:1) infestado com seis isolados de S. scabies separadamente, a razão de uma placa de Petri, contendo meio de aveia colonizada, por saco plástico. As plantas foram mantidas em ambiente aberto, seguindo um delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições por tratamento.


A avaliação da severidade da doença foi feita após a senescência natural das plantas, estimando-se a % de área do tubérculo afetada (James, 1971). Avaliou-se também o rendimento em peso de tubérculos.
A cv. Mondel foi a mais resistente à sarna comum, com severidade média nos dois experimentos instalados de 10,5%, significativamente inferior a Asterix (17,4%), Ãgata (21,8%), Monalisa (23,0%) e Cupido (23,3%), enquanto Jaete Bintje (14,0%) expressou uma severidade intermediária em relação às cv. Mondel e Asterix (Tabela 1). Com relação à produção de tubérculos, apenas Jaete Bintje apresentou redução no primeiro experimento (p<0,05), quando infectada por S. scabies comparada à sadia, sendo as cv. Mondel, Asterix e Ãgata as menos afetadas (Tabela 1).



O isolado de S. scabies M4 foi mais agressivo nos dois experimentos, com média de 34,7% de severidade, enquanto o isolado M1 com média de 6,2% foi o menos agressivo.
Para os demais isolados, a severidade de sarna variou de 12,9% a 22,6% (Tabela 2). Redução significativa da produção de tubérculos, em função da sarna foi verificada para os isolados M2, A1 e M3 no primeiro experimento e para o isolado M4 no segundo experimento. Segundo Hiltunen et al. (2005), severa infecção pelo patógeno pode comprometer a produtividade da cultura.



A variabilidade nos níveis de resistência à sarna e na agressividade de S. scabies observados neste trabalho, assemelham-se aos descritos na literatura para outras cultivares e isolados da bactéria, em que a resistência é quantitativa e infelizmente a maioria das cultivares são suscetíveis (Kobayashi et al., 2005; Pasco et al., 2005).
O nível de inóculo do patógeno empregado neste trabalho pode ser considerado alto, comparado aos níveis que ocorrem no campo, entretanto, segundo Kobayashi et al. (2005) concentrações elevadas de inóculo permitem a obtenção de resultados mais consistentes, sem a ocorrência de escapes, em relação à resistência de cultivares de batata. A avaliação preliminar de cultivares de batata para resistência a sarna em menor escala, sob condições controladas de inóculo, tipo de solo e umidade, caracteriza-se um passo importante para estudos subsequentes em campo, onde a resposta à sarna é frequentemente variável em função das variações climáticas anuais e variações na infestação do solo, razão pela qual são necessários ensaios de vários anos para se obter resultados confiáveis (Pasco et al., 2005).
A classificação de cultivares quanto à resistência à sarna comum deverá oferecer uma importante ferramenta no controle integrado da doença. Outros estudos são requeridos para padronizar a metodologia, especialmente com referência ao nível de inóculo e composição do substrato. A caracterização dos isolados de Streptomyces nacionais seria de extrema importância pois, a suscetibilidade das cultivares pode variar com a espécie/raça da bactéria (Bouchek-Mechiche et al., 2000).

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