Regiões Produtoras – Produção de batata na região sul do Rio Grande do Sul

Ãrea de produção chega a 3.600 ha e 90% é comercializada na região e municípios vizinhos


A introdução da batata na região sul do Rio Grande do Sul coincide com o início da colonização alemã, que ocorreu a partir de 1858. Até a década passada, a região compreendida pelos municípios de São Lourenço do Sul, Canguçu, Pelotas, Piratini, Cristal e Morro Redondo constituía-se na maior área produtora de batata do Estado, como uma das principais culturas da típica agricultura de base familiar.
À semelhança de outras regiões, este local sofreu os efeitos negativos da globalização dos mercados, reduzindo a área de produção de mais de 14.000 ha na década passada para pouco mais de 3.600 ha, atualmente. O impacto foi maior na área de cultivo destinada ao mercado, excluindo um grande número de produtores do negócio. Entretanto, como alimento básico das pequenas propriedades, a batata continua sendo cultivada praticamente em todos os municípios da região, visando à subsistência e comercialização local.


O volume da produção voltada ao mercado está concentrado, na maior parte, em São Lourenço do Sul, onde 15% dos produtores cultivam 900 ha e respondem por 81% da produção, com produtividade média de 13,5 t/ha (Thurow, 2006). Cultivares de película vermelha são utilizadas quase que exclusivamente. Asterix é a cultivar mais plantada (50%), seguida da Baronesa (35%) e Macaca (10%). Nas áreas voltadas para a subsitência a predominância é da Baronesa, seguida da Macaca.
A região produtora está localizada a latitude de 31°S, longitude 52°W e altitudes de poucos metros acima do nível do mar até próximo a 300 m. O clima não é o ideal para o cultivo de batata, pois a cultura frequentementesofre com flutuações extremas de temperatura, períodos prolongados de seca ou precipitações excessivas. Mas, muitos produtores, com frequência, obtêm produtividade superior a 20 t/ha. Já os solos da região são adequados ao cultivo quanto à textura, porém são um tanto baixos em fósforo.
São realizados dois cultivos por ano: na primavera (safra), com plantio de julho-setembro e colheita de novembro a janeiro; no outono (safrinha), com plantio em fevereiro-março e colheita de final de maio a julho. Mesmo com produtividade mais baixa no outono, devido a maior frequência de ocorrência de requeima favorecida pelas temperaturas mais baixas e alta umidade, os retornos econômicos mais altos têm levado os produtores a plantarem áreas maiores do que na primavera. A primavera apresenta condições de cultivo mais favoráveis para o desenvolvimento das plantas, atingindo maior produtividade e melhor qualidade.
As doenças mais importantes na região são a requeima, os vírus PVY e PLRV, e a murcha bacteriana. As pragas mais comuns são a larva alfinete, pulgões e a minadora.
A comercialização da produção utiliza-se de intermediários, alguns atacadistas e venda direta no mercado. Cerca de 90% da produção é comercializada na região e em municípios vizinhos e 10% no mercado de Porto Alegre.
O segmento da produção de batatasemente excede a demanda local, com parte da produção sendo vendida para outras regiões.


Entende-se como fundamental para a evolução do negócio da batata na região a maior organização dos produtores, com vistas à melhoria da gestão e minimização dos efeitos de falta de escala, passando o setor produtivo da condição de tomador para formador de preço; e maior adoção de tecnologias de produção e de beneficiamento,om vistas à melhoria da qualidade do produto. Além disso, seria muito importante um esforço concentrado dos produtores junto à cadeia de comercialização, para que a aptidão de uso do produto fosse informada ao longo de todos os segmentos, ou seja, intermediários, atacadistas, varejistas e,especialmente, consumidores.


Arione da Silva Pereira
João Carlos Medeiros Madail
arione@cpact.embrapa.br
Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS

VEJA TAMBÉM

ABBA & COBIG

A história da COBIG teve início há muitos anos, com os pais de Ivo, Ivar e Aldacir, o Sr. HENRIQUE GUADAGNIN e sua esposa ELISA A MAGOGA GUADAGNIN, que inicialmente em Ibiraiaras RS, iniciaram...

LER

Instituto Biológico preserva isolados de Streptomyces spp.

Dr. Julio Rodrigues NetoM.Sc. Irene M. Gatti de AlmeidaLaboratório de Bacteriologia VegetalCentro Experimental do Instituto BiológicoRodovia Heitor Penteado, Km 3,513094-430 – Campinas, SPfone/fax (19) 3253-2112julio@biologico.sp.gov.br O Laboratório de Bacteriologia Vegetal (LBV) do Instituto Biológico...

LER

ANDEF lança manual de tecnologia

A aplicação errada de produtos defensivos agrícolas é sinônima de prejuízo, pois além de gerar desperdício e poder causar resistência, aumenta consideravelmente os riscos de contaminação das pessoas e do ambiente. Com o objetivo...

LER

Certificação da Batata. Antes um ideal, agora uma realidade.

Juliani Kitakawa – Gerente TécnicaSGS do Brasil Ltda. – www.br.sgs.com Acompanhando as exigências do mercado e do consumidor cada vez mais consciente, a ABBA criou em 2003, o Programa de Certificação Voluntária, fundamentado em...

LER