Regiões Produtoras-Situação atual da bataticultura no Estado da Paraíba


1. Introdução


A batata (Solanum tuberosum L.), também conhecida como batatinha ou batata-inglesa, é nativa da América do Sul, da Cordilheira dos Andes, onde foi consumida pela população nativa em tempos que remontam a mais de 8.000 anos. Foi introduzida na Europa por volta de 1570, provavelmente através de colonizares espanhóis, tornando-se importante alimento principalmente na Inglaterra, daí o nome batata-inglesa. Por volta de 1620, foi levada da Europa para a América do Norte, onde se tornou alimento popular. Atualmente, ocupa o 4º lugar entre os alimentos mais consumidos do mundo, sendo superada apenas pelo trigo, arroz e milho. No Brasil, o cultivo mais intenso da batata, iniciou-se na década de 1920, no cinturão verde de São Paulo. Hoje, é considerada a principal hortaliça no país, tanto em área cultivada como em preferência alimentar. A área plantada anualmente gira em torno de 170.000 ha, com produção superior a 2.500.000 toneladas. As regiões Sul e Sudeste (PR, SC, RS, MG e SP) são as principais produtoras, contribuindo com aproximadamente 98% da área plantada no Brasil. Estados como Paraíba, Bahia, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Sergipe e o Distrito Federal produzem batata em microclimas específicos ou durante épocas do ano em que as temperaturas baixas. Aliada a uma média pluviosidade e suplementada com irrigação, favorece a produção da batata. Graças a um melhor domínio das técnicas de cultivo, especialmente com uso de batata-semente de melhor qualidade e com o concurso da irrigação, o rendimento nacional teve um aumentou de quase 40% do início da década de 70 estendendo-se até o final da década de 80, o que elevou a produção total na ordem de 15%, mesmo com uma redução da área plantada. O Agreste Paraibano é uma região que tem como característica a predominância da agricultura familiar, em relação aos outros sistemas agrários. As principais culturas agrícolas usadas nesses sistemas são o milho, o feijão e a mandioca, quase sempre associados a uma pequena atividade pecuária. Além das lavouras tradicionais citadas, em alguns municípios dessa região a batata é o principal cultivo comercial, responsável pelo sustento de centenas de famílias que tem na batata a principal atividade. O cultivo da batata na Paraíba concentra- se principalmente no município de Esperança o maior produtor. A variabilidade e a escassez das chuvas, além da baixa fertilidade do solo são os principais fatores que limitam a atividade agropecuária nessa região (Menezes et al., 2002). Na região Nordeste, a cultura da batata tem se expandindo nos Estados da Bahia e Paraíba, em função de certas condições climáticas favoráveis. Depois da extinção dos cultivos de algodão e sisal, a batatinha tem se constituído numa das raras fontes de renda do Agreste Paraibano (ASPTA, 1997). Nos últimos anos, a produção local de batatinha entrou em crise devido à ação das constantes secas e da concorrência da produção dos Estados do Sul e Sudeste (como Paraná, isento de ICMS). A falta de resposta adequada das entidades estaduais que persistem num plano custoso de aclimatação de variedades selecionadas do Sul motivou uma demanda de várias organizações de produtores formais (sindicatos, associações) ou informais (comunidades, grupos de interesse) para aprofundar o leque de alternativas de adaptação e valorização deste cultivo “em perigo”. O cultivo da batata é praticado em pequenas comunidades rurais e representa um suporte sócio-econômico de alta importância para a região do Agreste Paraibano, de poucas oportunidades para o agronegócio. Desta forma, a batatinha auxilia na renda dos agricultores e as famílias, onde utilizam a mãode- obra familiar. Apesar da importância socioeconômica que a lavoura apresenta para a Paraíba, verificou que nos últimos dez anos, o rendimento médio vem caindo passando de 10,0 para 7,68 t/ha. Diversos fatores têm contribuído para isto, entre estes podem ser citados: baixa fertilidade dos solos da região produtora, principalmente da matéria orgânica, nitrogênio e fósforo; do esgotamento do solo através dos cultivos sucessivos, ano após ano; das condições de riscos no plantio sob condições de sequeiro decorrentes das irregularidades climáticas; do manejo inadequado do solo, do uso reduzido de fertilizantes químicos nitrogenados e fosfatado; do baixo poder aquisitivo da maioria dos agricultores e principalmente da qualidade da batata colhida ou produto final, que não compete em preço com a batata do Sul e Sudeste (IBGE, 2006).



2. Mercado


A ONU declarou em 2008, como o ano internacional da batata. Não lhe invejo a sorte – à batata: no Egito, no Haiti, no Senegal ou no Bangladesh rebentaram motins populares contra o aumento dos preços dos bens alimentares e espera-se que o tubérculo seja a solução para a crise da fome mundial que se avoluma no horizonte. De acordo com os dados e previsões do Banco Mundial, no final deste ano e por comparação com 2004, os preços do trigo e do arroz terão duplicado; açúcar, soja e o milho serão entre 56% e 79% mais caros. O impacto do aumento do custo dos bens alimentares é brutalmente regressivo, atingindo sobretudo os mais pobres, cuja despesa em bens alimentares representa uma proporção maior da despesa total. Em Bangladesh, para comprar um pacote de arroz (2 kg), já é necessário gastar o equivalente a metade do rendimento diário de uma família pobre. O presidente do Banco Mundial demonstra preocupação e avisa que um aumento médio do custo dos bens alimentares de 20% poderá empurrar cerca de 100 milhões de pessoas de alguns países para baixo da linha de pobreza absoluta de 1,0 dólar americano/dia. Uma causa próxima da subida dos preços dos bens alimentares é o aumento dos preços dos combustíveis, semelhante que teve dois efeitos agravantes da crise de escassez de alimentos. Por um lado, aumentou os custos da produção agrícola; por outro criou as condições para uma irresponsável euforia política de subsídios aos bio-combustíveis, que motivou um desvio significativo de solos agrícolas para a produção de bioenergia. Como era de se esperar, ninguém admite o erro quanto mais propor a extinção dos subsídios agrícolas aos bio-combustíveis. No Brasil, a batata ocupa 30% da área com hortaliças, com um volume financeiro em torno de 250 milhões de dólares anualmente, ocupando o 9º lugar em importância econômica, superando o algodão, trigo, tomate, cebola, fumo, cacau e outros produtos. A produção nacional concentra-se em Minas Gerais, São Paulo e nos Estados da região Sul, compreendendo 99% do volume produzido no Brasil (IBGE, 2006). O Estado da Paraíba, na década de 90, segundo dados do IBGE (1994) chegou a colher 1.077 hectares de batata. Recentemente foram colhidos 441 hectares e uma produção de 3.390 t/ha, com rendimento médio de 7.687 kg/ha (IBGE, 2006). Após as crises que praticamente extinguiram os cultivos comerciais de algodão e de sisal no Agreste da Paraíba, o cultivo da batatinha constitui-se numa das poucas atividades produtivas destinadas exclusivamente ao mercado. Nos anos recentes, a produção regional da batatinha também entrou em crise devido às secas e à concorrência comercial exercida pela produção dos Estados do Sul do Brasil (como o Paraná). Esse quadro motiva o debate em meio às organizações da agricultura familiar da região a cerca de possibilidades de revalorização econômica desse importante cultivo (IBGE, 2006). Alguns anos atrás, por volta de 2000- 2002, a batatinha não encabeçava a lista dos produtos agrícolas mais comercializados na região do Agreste, porque, segundo os produtores, o ICMS cobrado levava mais de R$ 5,00 de cada saco de 50 kg, vendido a preço de R$ 30,00. Os produtores tinham receio de levar os produtos para as feiras, receando encontrar com um fiscal da receita estadual. A dispensa do ICMS prevalece nas operações de saídas internas e interestaduais, desde que estejam em estado natural e não se destinem à industrialização. A produção da batata inglesa na Paraíba acaba de ganhar mais um incentivo do Governo do Estado. O atual governador assinou decreto isentando o produto da cobrança de ICMS nas operações de saídas internas e interestaduais, em estado à industrialização. A isenção de ICMS para este produto atende a demanda de comerciantes e de produtores de hortifrutigranjeiros e estimula a produção, além de equiparar a Paraíba aos demais Estados nordestinos, que já dispensavam esse tratamento à batata inglesa, à cebola e ao tomate. “Agora é possível comercializar a batatinha, sem medo do fisco, em qualquer lugar da Paraíba”, observa Waltemir. “O ICMS cobrado antes era a parte que cabia para fazer a nossa feira”, lembra. Apesar da isenção do ICMS da batata da Paraíba, esta não compete em preço com a do Sul e Sudeste, e nesta safra de 2008, o preço na propriedade não chega aos R$ 15,00 a saca, enquanto a importada do Sul e Sudeste é comercializada na CEASA de Campina Grande, a R$ 40,00 a saca. Isto tem gerado uma grande insatisfação e desestímulo aos agricultores que ameaçam abandonar o cultivo da batatinha a partir do próximo ano. O agricultor Valtemir Avelino, médio produtor de batatinha do município de Montadas, cultivou na presente safra 14 hectares e é um dos insatisfeitos com o preço atual da batatinha e afirma: “vou abandonar a atividade se o produto não reagir no preço”.



3. Época de produção de batata no Agreste Paraibano

A batatinha na Paraíba é um cultivo sazonal, que desenvolve o ciclo produtivo entre maio a setembro, coincidindo com as chuvas da região, que nos últimos anos tem caído tardiamente nos meses de maio ou junho. É importante lembrar que só a batatinha que é plantada antes de 15 de maio recebe financiamentos dos bancos para viabilizar o custeio da implantação. Os municípios produtores na Paraíba são Esperança, Remígio, Areial, Montadas, São Sebastião de Lagoa de Roça, Lagoa Seca, Puxinanã e Pocinhos.


 


4. Sistema de produção


O cultivo da batatinha na Paraíba é praticado exclusivamente por pequenos agricultores. Mais de 88% da área colhida com batatinha se encontra em unidades produtivas com menos de 10 ha. 63% da área de produção se concentram em estabelecimentos com um tamanho entre 2 a 10 ha. Mesmo assim, os bataticultores são os pequenos agricultores mais capitalizados da região, possuem um estoque próprio de batatasemente, dispõem recursos para pagar o custo de armazenamento na câmara frigorífica e para comprar o esterco para adubar a batata. O sistema de produção evoluiu durante os 50 anos de presença do cultivo na região, em particular quanto às variedades e à fertilização. Os órgãos de pesquisa (EMEPA (PB)) e extensão (EMATER (PB)) do Estado, através dos projetos de apoio ao cultivo da batatinha, introduziram variedades selecionadas, como a Aracy e a Baraka desde a metade dos anos 70, para substituir as variedades antigas como a Arensa e Delta A. Entre as primeiras variedades introduzidas, a Aracy foi a que melhor se adaptou na região. As mais recentes variedades indicadas pela EMEPA (PB) e pela EMATER (PB) são a Itararé, a Monalisa e a Monte Bonito que está sendo testada por alguns produtores. A batata inglesa sempre foi plantada consorciada com outros cultivos como algodão, erva doce, feijão, mandioca e coentro. No início, quando o algodão era plantado no leirão, alternava-se uma fila de algodão com duas de batatinha. Depois o plantio do algodão foi adensado, passando a ser plantado no pé de cada leirão, enquanto a batatinha ficava no alto do leirão (lombo). Com o abandono do cultivo do algodão, os agricultores consorciaram e continuam o consórcio da batatinha com a erva doce, plantada em fileiras que contornavam os campos de batatinha. O espaçamento depende do cultivar e do tamanho do tubérculo-semente utilizado. Normalmente, emprega-se, entre linhas, 80-90 cm. O espaçamento entre plantas varia de 30 a 35 cm dependendo de fatores como fertilidade e natureza do solo, cultivar, topografia, época de plantio e adubação. Apesar dos bancos, assessorados pela EMATER (PB) e a EMEPA (PB) financiar somente a batatinha em monocultura, os agricultores preferem o sistema consorciado porque no caso de chuvas irregulares, garante sempre uma produção mínima, amenizando as perdas. Antigamente todas as operações de preparo do solo e colheita eram feitas manualmente. Hoje, algumas foram mecanizadas com a tração animal como a aração e o preparo do leirão (Lopes et al, 1996). Merece destacar a experiência de alguns agricultores que usam uma colheitadeira à tração animal inventada por um deles, para baratear os custos de mão-de-obra na safra e tornar mais eficiente a colheita, deixando poucos tubérculos enterrados e cortados. A adubação orgânica é feita tradicionalmente com esterco 15 t / ha (4 carradas de caminhão no toco) e adubos químico como uréia, sulfato de amônia (300 kg/ ha), superfosfato simples (500 Kg/ha) e cloreto de potássio (100 kg/ha). As qualidades requeridas nas feiras e supermercados, cujo público é o consumidor recaem na apresentação do produto, através de itens como tamanho (batata grande, “alargada”), aparência (batata lisa, “de pele clara” e “sem olhos”) e coloração (cor branca ou amarela). A classificação da batatinha tem por base a qualidade e a apresentação, sendo encontrados dois tipos no mercado: lisa e comum, subdivididos em: especial, primeira e segunda. A classificação direciona a alocação do produto nos mercados específicos. Para restaurantes e pastelarias é exigido um diâmetro maior de 60mm (florão). Na classificação “comercial” procede-se ao seguinte critério: 40/50mm (“especial”), 35/40mm (“primeira” ou “especialzinha”), 28/35mm (“segunda” ou “primeirinha”).





5. Variedades em uso na região


Os órgãos de pesquisa e extensão do Estado, através dos projetos de apoio ao cultivo da batatinha, introduziram variedades adaptadas e selecionadas para as condições locais, como a Aracy e a Baraka para substituir as variedades antigas como a Arensa e Delta A. Entre as primeiras introduzidas, a Aracy foi a que melhor se adaptou na região. As novas variedades indicadas pela EMBRAPA/EMEPA (PB) e pela EMATER (PB) são a Itararé, a Monalisa e ultimamente, a Monte Bonito (cultivar criada da EMBRAPA) que tem sido cultivada por muitos agricultores, como o Waltemir lá em Montadas que cita: “é uma variedade produtiva, mas não tem o crescimento da Baraka e da Itararé que enchem a saca com metade das outras.”


 


6. Destino da produção local e importação da batata do Sul e Sudeste


A produção da batatinha da Paraíba é destinada principalmente para o mercado local e regional, sendo basicamente dirigida à EMPASA (Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas) de Campina Grande, João Pessoa e interior do Estado. Deste modo, parte da produção é alocada no próprio Estado, sendo o restante direcionado para os mercados vizinhos. O produto é colocado nos mercados de Pernambuco, notadamente na Região Metropolitana do Recife, em Caruaru e no Estado do Rio Grande do Norte, essencialmente na cidade de Natal. No tocante a importação da batata importada do Sul e Sudeste, a EMPASA de Campina Grande absorve um volume médio anual de 7.000 toneladas, a EMPASA de João Pessoa 4.000 toneladas, enquanto as Ceasas de Natal e Recife, absorvem 10.000 e 45.000 toneladas, respectivamente. A demanda do mercado recai basicamente nas variedades: Bintje, Monalisa, Achat e Baraka, sendo esta última adequada ao processamento industrial. As variedades locais são mais rústicas, mas não possuem padrão para competir no mercado, a exceção da Monalisa que compete com a Bintje e a Achat. Os principais mercados concorrentes com a produção local são os Estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina. A safra do Paraná coincide com a produção local, sendo assim um concorrente direto. A batata da região Sul por oferecer melhores resultados financeiros em consequência do menor preço e melhor qualidade atua como parâmetro para a formação do preço da produção local. Deste modo, os preços da batatinha local e consequentemente a remuneração dos produtores, estão condicionados à oferta das praças sulistas.


 


7. Problemas fitossanitários do cultivo da batatinha na Paraíba


 


7.1. Principais pragas 7.1.1.Paquinha ou Cachorro-Díágua (Gryllotalpa hexadactyla Perty, 1832) 7.1.2-Lagarta-Rosca (Agrotis ipsilon Hufnagel, 1776) 7.1.3. Lagarta-dos-Milharais (Spodoptera frugiperda J. E. Smith, 1797) 7.1.4. Mandarová-do-Fumo (Manduca sexta paphus Cr.) 7.1.5. Patriota ou Larva-Alfinete (Diabrotica speciosa Germar, 1824) 7.1.6.Bicho-Bolo ou Pão-de-Galinha (Dyscinetus planatus e Lygirus spp BURM, 1847) 7.1.7. Pulgão da batata (Macrosiphum euphorbiae Thomas, 1778 7.2. Principais Doenças 7.2.1. Mosaico Leve (Vírus Xis da batata) 7.2.2. Requeima (Phytophthora infestans) 7.2.3. Muchadeira ou murcha bacteriana (Pseudomonas solanacearum) 7.2.4. Canela-preta e podridão mole (Erwinia carotovora) 7.2.5. Pinta preta ou Mancha de alternaria (Alternaria solani) 7.2.6. Sarna comum (Streptomyces scabies) 7.2.7. Rizoctoniose (Rhizoctonia solani) 7.2.8. Podridão seca (Fusarium spp)





8. Número de produtores e de empregos


A batatinha tradicionalmente plantada nos municípios de Montadas, Esperança e Areial são das espécies Monte Bonito, Itararé, Monalisa e Aracy. Elas vegetam bem nos solos arenosos, com cada pé produzindo, em média, 1,5 kg. Mas no geral, ninguém sabe afirmar quanto produzem juntos, os bataticultores desses três municípios. “Sabemos que tudo aqui gira em torno da batatinha, que é o produto “carro-chefe da região”, esclarece Waltemir. O ano de 2007, não foi melhor para os cerca de 150 bataticultores dos municípios de Esperança, Montadas e Areial – no Agreste paraibano, porque as chuvas caíram um pouco tarde. Mesmo assim, a colheita que chegou a atingir uma produção de 12 toneladas por hectare, revelou-se excelente e chega à fase final, até o dia 30 deste mês. É o que dizem os produtores e atacadistas de batatinha inglesa desta região, onde no momento, o quilo deste produto custa R$ 0,36. “Eu levo minha batatinha toda para o Recife e negocio da maneira que convém”, revela o atacadista Aloísio Gomes de Azevedo, 56 anos, residente em Esperança, que negocia com este tubérculo desde 1980. O fornecedor de Aloísio é o produtor Waltemir Gomes, residente do município vizinho de Montadas, onde mantém as plantações. “Não temos queixa alguma da safra deste ano” revela o bataticultor. Segundo ele, a batatinha produzida no Agreste da Paraíba tem se revelado a de melhor qualidade no Brasil, por ser isenta de agrotóxicos. Um grande contingente de trabalhadores informais, isto é, sem a carteira assinada são empregados no cultivo da batatinha. Cada trabalhador ganha em média R$ 15,00 por dia de trabalho assalariado, e se conseguir trabalhar os 22 dias úteis no mês, receberá a importância de R$ 330,00. Comparado com o salário real dos assalariados de carteira assinada, a quantia pagas aos agricultores informais deixa a desejar, mas a situação na região em função do baixo preço da batata não dá pra pagar mais que isto, segundo Waltemir.



9. Organização dos produtores de batata


Uma associação de produtores de batatinha (APROBAPA) foi criada com o apoio da Emater (PB) em 1981, assim como duas cooperativas de produtores em Esperança e Montadas. Desde 1994, um projeto de renovação da semente, contando com o apoio do Estado (Secretaria de Agricultura, PARAIBAN (SA), EMATER (PB), EMEPA (PB)) e da Associação dos Produtores de Batata (APROBAPA), estão incentivando a produção, apesar de dois problemas centrais: a irregularidade das chuvas e as dificuldades de acesso a financiamento (custeio) (SEAGRI, 1992). O presidente da Associação dos Lagarta-rosca Vaquinha Verde Amarela ou Patriota Pulgão da batata Requeima (Phytophthora infestans) Podridão seca Produtores de Batatinha do Estado da Paraíba, José Feliciano de Almeida, disse que o imposto ICMS cobrado da batata era um valor que se tirava da mesa do agricultor. “Na opinião a agricultura da região vai se desenvolver ainda mais com esse incentivo”. Segundo ele, anteriormente os produtores ficavam com medo de levar os produtos para vender nas feiras livres ou fazer a entrega diretamente nos pontos de revenda por causa do fiscal. “Agora é possível comercializar a batatinha em qualquer parte sem medo”, disse. O ano de 2007, não foi melhor para os cerca de 150 bataticultores dos municípios de Esperança, Montadas e Areial, no Agreste Paraibano, porque as chuvas caíram um pouco tarde. Mesmo assim, a colheita que chegou a atingir uma produção de 12 toneladas por hectare, revelou-se excelente e chega à fase final. É o que dizem os produtores e atacadistas de batata inglesa desta região, onde, atualmente, o quilo deste produto custa R$ 0,36.


 


10. Referências bibliográficas


AS-PTA. Trajetória do projeto Paraíba: 1993-1996, Recife: ASPTA, 1997, 33p. BARRETO, M.; CAPURRO, M. SABOURIN, E. Crise e alternativas de valorização econômica do cultivo da bata-tinha no agreste da Paraíba. IX Encontro Regional Norte Nordeste de Ciências Sociais, Natal, 12 de agosto de 1999, UFRN, ANPOCS. Disponível em: . Acesso em 2 de outubro de 2008. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. Brasília (DF), 2002. Disponível em: . Acesso em: 3 de março de 2004. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE, Rio de Janeiro). Produção Agrícola Municipal 2006. Disponível em: < www.ibge. gov.br/estadosta/temas>. Acesso em 27 de novembro de 2007. Regiões Produtoras Pinta preta ou mancha de alternaria 51 51 LOPES, E. B.; SILVA, F.C.P.D.; MOURA, F.T. Recomendações para o cultivo da batatinha (Solanum tuberosum L.) no Estado da Paraíba. João Pessoa (PB), Emepa (PB),1996. 61p. (Circular Técnica, 7). MOURA, F. T; ALBUQUERQUE, I. C; LOPES, E. B; LEITE, J. E. M; GRANGEIRO, J. I. T; BARBOSA, M. M; SANTOS, E.S. Pragas e Doenças da Batata. João Pessoa: EMEPA (PB), 2002.17p.il.(EMEPA (PB). Documentos, 33). SECRETARIA DE AGRICULTURA, IRRIGAÇÃO E ABASTECIMENTO DO ESTADO DA PARAÍBA. Unidade Técnica Polo Nordeste/Sub-Projeto Recuperação da Cultura da Batatinha, João Pessoa (PB): SEAGRI, Polonordeste, abril de 1992, 159p. SANTOS, J.F.; LOPES, E. B; BRITO, L. M. P; GRANGEIRO, J. I.T; BRITO, C.H. Produção de batata (Solanum tuberosum L.): sistema de cultivo ecológico. João Pesssoa (PB): Emepa (PB), 2008. 32p.: il. (Emepa. Documentos, 56).


Edson Batista Lopes
Eng. Agrônomo, Dr., Pesq. da EMBRAPA/EMEPA (PB)
Est. Experimental de Lagoa Seca. Lagoa Seca (PB) CEP 58.117-000.
E-mail:
edsonbatlopes@uol.com.br
Carlos Henrique de Brito
Biólogo, Dr. Bolsista do CNPq/FINEP/EMEPA (PB)
Est. Experimental de Lagoa Seca. Lagoa Seca (PB) CEP 58.117-000.
E-mail:
chbrito1@hotmail.com
João Felinto dos Santos
Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador da EMEPA (PB)
Est. Experimental de Lagoa Seca. Lagoa Seca (PB) CEP 58.117-000.
E-mail:
joao_felinto_santos@hotmail.com


Fotos: Divulgação















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