Samantha Zanotta, Fernando Javier Sanhueza Salas, Jesus Guerido Túfoli, Eduarda Seide Gomide Mizubuti, Ieda Mascarenhas Louzeiro Terçariol, Josiane Takassaki Ferrari, Ricardo Domingues, Ricardo Harakava.
Instituto Biológico, São Paulo.
A requeima é uma das principais doenças da bataticultura e possui alto poder destrutivo (Figura 1), onde as perdas podem variar de 10 a 100% em poucos dias, e está disseminada em várias regiões produtoras no Brasil, entretanto, nas regiões Sul e Sudeste onde encontra as melhores condições para seu desenvolvimento, baixas temperaturas (12°C a 22°C) e alta umidade relativa.
É causada pelo oomiceto Phytophthora infestans, e pode atacar a cultura em qualquer estágio de desenvolvimento, afetando folhas (Figura 2), hastes (Figura 3), frutos (Figura 4) e tubérculos (Figura 5).
Trata-se de um organismo heterotálico que se reproduz de duas maneiras, assexuadamente por meio da produção de esporângios (Figura 6) e zoósporos, e sexuadamente quando há o encontro de cepas compatíveis, A1 e A2, pelo contato de gametângios (oogônios e anterídios) com a consequente formação de oósporos (Figura 7), além também de existirem os organismos denominados autoférteis. Sabe-se que a reprodução sexual aumenta a variabilidade da Phytophthora infestans, podendo levar ao surgimento de genótipos mais agressivos e adaptados, dificultando o manejo da doença pelo Brasil e pelo mundo.
Sua disseminação ocorre principalmente via batata-semente infectada, pelo vento, pela água (chuva ou irrigação), circulação de equipamentos, entre outros. Pode sobreviver também na forma de oósporo, que são estruturas sexuadas de reprodução e de resistência.
Este patógeno tem sido capaz de se adaptar a diferentes climas e latitudes ao longo da história, predominando novos biótipos, tornando-se mais difícil de controlar.
As medidas de controle recomendadas para a requeima são: uso de batata-semente certificada; escolha de local de plantio com boa drenagem; destruição de restos de cultura; espaçamento que permita maior ventilação; uso de cultivares que apresentem algum nível de resistência ao patógeno; destruição de fonte de inoculo potencial; rotação de culturas; manejo adequado da água na irrigação; adubação equilibrada; aplicação de fungicidas e vistoria constante da cultura visando identificar possíveis focos da doença (monitoramento). Dentre estas, a mais utilizada é a aplicação de fungicidas, motivo pelo qual os custos de produção da batata vêm aumentando.
Em nível mundial, estima-se que anualmente são gastos cerca de sete bilhões de dólares para o controle da requeima em batata. Em casos extremos, produtores de batata podem efetuar até 30 aplicações de fungicidas para controlar a doença. No Brasil, calcula-se que o percentual destinado ao controle da requeima represente entre 15 e 20% dos custos de produção.
Os prejuízos causados por esta doença são mais severos quando interagem fatores como: plantio massivo de cultivares suscetíveis; condições favoráveis à doença; equívocos na adoção de medidas de controle; a existência de inóculo no decorrer de todo ano (plantas espontâneas ou em resto de cultura); o alto potencial de esporulação de Phytophthora infestans; o curto período de incubação (de 48 a 72 horas); a fácil disseminação.
A Phytophthora infestans apresenta grande variabilidade genética, o que dificulta a obtenção de cultivares com resistência a todas as raças. Assim, uma cultivar pode ser resistente em uma e suscetível em outra, dependendo do genótipo presente no local. Atualmente considera-se que todas as cultivares comerciais são suscetíveis a algum genótipo de Phytophthora infestans.
Atualmente a aluna de doutorado do Instituto Biológico em São Paulo, a M. Sc. Samantha Zanotta está desenvolvendo um projeto “Caracterização da população de Phytophthora infestans nas regiões produtoras de batata (Solanum tuberosum) no Brasil†que visa coletar amostras desta doença por todo o Brasil e identificá-las.
Caso haja interesse em colaborar com o projeto e em saber que tipo de requeima está presente na sua produção, amostras com sintomas de requeima poderão ser enviadas à pesquisadora. Para que as análises sejam realizadas é de extrema importância que os materiais cheguem em boas condições. Para que isto ocorra recomenda-se que sejam coletados materiais com lesões jovens/novas e que estes não estejam muito úmidos e sejam acondicionados em sacos de papel (não em sacos plásticos). Deverão ser enviados por Correio/Sedex, com as seguintes informações:
A/C Samantha Zanotta
Instituto Biológico – Triagem Vegetal – Laboratório de Diagnóstico Fitopatológico
Avenida Conselheiro Rodrigues Alves. 1,252 – CEP: 04014-002 – São Paulo / SP
Figura 4. Sintomas de requeima em folhas de batata.
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