Seção Especial – Ano Internacional da Batata – FAO anuncia comemorações no Ano Internacional da Batata

A batata foi a escolhida pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação para ser a estrela da vez. No dia 18 de outubro de 2007 foi oficialmente lançado na sede da FAO, em Nova York, o Ano Internacional da Batata, que prevê comemorações em alto estilo, com uma programação completa para 2008.
Começando as atividades, será realizada entre os dias 14 a 18 de abril, em Brasília (DF), a 30ª Conferência Regional da FAO para a América Latina e Caribe. Em todos os eventos que serão realizados no decorrer do ano, as discussões versarão sobre as estratégias para tornar a batata reconhecida na sua função primordial para a agricultura, economia e segurança alimentar mundial.
Como ressaltou Jacques Diouf, diretorgeral da FAO durante o lançamento oficial do Ano Internacional da Batata, “o mundo tem os meios para implementar o direito à alimentação. Chegou a hora de atuar”.
A batata também será tema central de conferências em outros países – Suíça (maio), Egito (outubro) e um encontro final na Índia.
Texto alusivo à data, publicado no site da FAO, destaca que a iniciativa trabalha em duas frentes: conscientizar a população do planeta sobre a importância da batata como alimento nos países pobres e promover a pesquisa e o desenvolvimento da produção.
Segundo a FAO, são metas que contribuirão para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, notadamente a erradicação da pobreza extrema e da fome, a redução da mortalidade infantil, a melhoria da saúde materna, a sustentabilidade do meio ambiente e a criação de uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento.
Existem evidências que corroboram a importância da batata como alimento de enorme relevância para atender a esses objetivos.
Conforme estudos feitos por especialistas, nos próximos 20 anos, a população mundial aumentará em 100 milhões de pessoas por ano, com cerca de 95% nos países em desenvolvimento. Daí a importância de assegurar a capacidade de alimentação, sendo a batata capaz de desempenhar um papel de destaque no embate a esse desafio.


História
De origem andina, a batata tem suas raízes no Peru, mais precisamente na região do lago Titicaca. Tornou-se conhecida do resto do mundo quando conquistadores espanhóis retornaram à Europa, ocupando gradativamente um importante espaço na alimentação da população mundial.
Desde então, a sua produção tem normalmente acompanhado o crescimento da população, mas o consumo não mostra o mesmo equilíbrio. Quando comparado entre países ricos e os em desenvolvimento, a FAO aponta uma média anual de consumo de batata por pessoa na Ãfrica de 14,18 kg, na América Latina de 23,65 kg, na América do Norte, 57,94 kg e na Europa de 96,15 kg. E os números do Brasil não são nada estimulantes:o consumo per capita atingiu apenas 14,23 kg em 2006.
Na avaliação de Nozomu Makishima,analista da Embrapa Hortaliças, “não temos cultura para consumir batata”. Segundo ele, o brasileiro ainda não aprendeu a dar o devido valor à batata, mais barata que o trigo, milho ou arroz, ao contrário de outros países da América Latina, onde é a principal colheita.
O Professor da USP Paulo Cesar Tavares de Melo, presidente da Associação Brasileira de Horticultura, compartilha da opinião do analista da Embrapa Hortaliças. “Não há no Brasil uma cultura de consumo da batata e nem de sua importância nutricional”. E exemplifica: “Se uma família pobre vai ao supermercado e encontra o quilo da batata por R$ 2,00 e um frango por R$ 1,80, ela leva o frango”. Ele destaca que a batata é o terceiro alimento na relação proteína/caloria, ou seja, a quantidade de proteína existente em relação à massa energética do alimento. O Ano Internacional da Batata chama a atenção para essas qualidades nutricionais, principalmente como forma de combate à fome. Não por acaso, metade da produção mundial de batata em 2006 – cerca de 315 milhões de toneladas – foi produzida em países em desenvolvimento. China e a Índia, juntos, produzem quase um terço do total mundial.
Apesar do brasileiro não dispensar à batata a mesma atenção dada a outras hortaliças, instituições de pesquisa vêm trabalhando para mudar este cenário. A partir desse esforço, já há no mercado muitas cultivares que atendem ao gosto do freguês.


Novas cultivares
O esforço é comum e envolve, por exemplo, diversos centros de pesquisa da Embrapa. “Melhoramento genético da batata para ecossistemas tropicais e subtropicais do Brasil” é um dos trabalhos desenvolvidos pelas unidades Transferência de Tecnologia (Canoinhas/SC), Clima Temperado (Pelotas/RS) e Hortaliças (Brasília/DF) com a colaboração de instituições da França, Chile, Universidades e empresas agrícolas. Os objetivos são aumentar a oferta de cultivares de batata adaptadas às condições ecológicas e aos sistemas de produção brasileiros.


Genoma da batata
“Tudo o que alguém imaginar, um dia outrem o tornará realidade”, Júlio Verne.


É habito do pesquisador Paulo Eduardo Melo, da Embrapa Hortaliças, registrar a frase atribuída ao escritor francês, considerado o pai da ficção científica, quando envia mensagens eletrônicas. O trabalho que desenvolve na Unidade pode ser chamado de futurista, mas não tem nada de ficção: trata-se do programa de melhoramento da batata, uma das mais importantes linhas de pesquisa desenvolvida pela Embrapa Hortaliças, tanto em razão da importância do agronegócio da batata, como pelas parcerias envolvidas, internacionais inclusive.
O Consórcio Internacional para o Sequenciamento do Genoma da Batata, ou PGSC (Potato Genome Sequencing Consortium), é um bom exemplo. São 17 países, dos quais Argentina, Brasil, Chile e Peru compõem o grupo latino-americano e compartem a responsabilidade pelo sequenciamento de um cromossomo. “O genoma da batata é composto por 12 cromossomos e o Brasil, junto com nossos vizinhos sul-americanos, coube sequenciar o cromossomo III”, explica Paulo. O conhecimento da informação contida nos 12 cromossomos é extremamente relevante para o programa de melhoramento genético, conforme detalha o pesquisador. “Com as informações obtidas no sequenciamento, poderemos aumentar a eficiência do melhoramento genético e, com isso, acelerar o lançamento de novas cultivares de batata, com alta produtividade, maior valor nutricional e resistência a doenças, incluindo tolerância ao calor e à seca, que são desafios urgentes em um cenário de aquecimento global”.
Ainda além-fronteiras, a Embrapa Hortaliças mantém trabalhos conjuntos em programas de melhoramento da batata com a Argentina, Chile, França e Uruguai, além de uma parceria histórica e consolidada com o Centro Internacional da Batata, em Lima, no Peru.


Intramuros
No Brasil, Paulo destaca a integração entre os programas de melhoramento de batata da Embrapa. Há um programa unificado na empresa envolvendo a Embrapa Clima Temperado, a Embrapa Hortaliças e o Escritório de Negócios de Canoinhas, da Embrapa Transferência de Tecnologia.
“Com a unificação dos programas substituímos, no âmbito interno, a competição pela cooperação. Agregamos competências complementares e elimi-namos as duplicidades”, ressalta o pesquisador.
Ele acrescenta que a coroação do sucesso dessa união deu-se no ano passado, com o lançamento da cultivar BRS Ana, indicada para o processamento na forma de palitos fritos (fritas à francesa).
Essa indicação culinária, segundo o pesquisador, é um detalhe que merece melhores explicitações. “O que temos hoje são cultivares adaptadas ao cozimento, inaptas para serem utilizadas para fazer batata frita, por exemplo. Para obter cultivares próprias para fritura, estamos trabalhando para elevar em 18%, no mínimo, o conteúdo de sólidos solúveis – atualmente, nas cultivares que dominam o mercado brasileiro, o teor de sólidos solúveis não ultrapassa 14%”.
A pesquisa para a obtenção de cultivares mais sustentáveis que exijam menor quantidade de adubos e ofereçam maior produtividade, também tem feito parte dos projetos da batata. “Quando o nosso programa estiver completamente implementado, está dentro de nossas projeções oferecer ao mercado, a cada dois ou três anos, uma nova cultivar com essas características”, salienta.
Outras instituições que também fazem parte do clube dos amigos da batata, citadas pelo pesquisador, são a Associação Brasileira da Batata (ABBA), a Associação dos Bataticultores do Sul de Minas Gerais (ABASMIG) e a Associação dos Bataticultores de Vargem Grande do Sul (ABVGS) associações de produtores de grande expressão no cenário nacional. Completam a lista as universidadesfederais de Lavras (MG) e Santa Maria (RS), a Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz, em Piracicaba (SP), os institutos agronômicos de Campinas (IAC) e do Paraná (IAPAR), além da EPAMIG, em Minas Gerais, e da EPAGRI, em Santa Catarina. No âmbito do Distrito Federal vale ressaltar a atuação direta da Embrapa Hortaliças com produtores orgânicos





Anelise Macêdo – Registro Profissional n° 2749 DRT/DF
ane@cnph.embrapa.br

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